A história de Diana, Princesa de Gales, é muitas vezes contada a partir do fim. O dia 31 de agosto de 1997 é recordado para sempre como a data em que a "princesa do povo" morreu num acidente de carro. O fatídico acontecimento deu-se dentro do túnel da Ponte de l'Alma, em Paris, França, vitimando também o namorado, Dodi Al-Fayed, e o motorista. Apenas o guarda-costas sobreviveu.

Apesar de ser lembrada pela sua morte, “a memória de Diana começa no dia em que é apresentada ao mundo enquanto futura mulher do príncipe Carlos e herdeiro do trono. A partir daí todas as atenções caem sobre ela”, começa por nos dizer Alberto Miranda, diretor-executivo da revista VIP e especialista em assuntos de realeza.

A jovem tímida, de apenas 19 anos, foi apresentada ao mundo como a futura rainha do Reino Unido. Todos os jornais e revistas centraram-se naquilo que Lady Di fazia, no que vestia ou com quem se apresentava em público. “Ela representou uma mudança na corte, porque até então o interesse que gerava a monarquia britânica no mundo era relativo”, refere o diretor-executivo da VIP.

"Foi uma personalidade que se destacou na história"

Diana tornou-se tão adorada pelo seu carisma, vida e trabalho que passou a ser observada em todos os momentos que surgia. Tornou-se uma influenciadora daquela época, que inspirava gerações. "Foi uma personalidade que se destacou na história", frisa Paula Bobone, especialista em etiqueta e protocolo, acrescentando que Diana foi precursora da moda no seu tempo.

O estilo e beleza inconfundíveis

Os conjuntos de roupas usados por Lady Diana ainda hoje continuam a ser tema de muitas revistas. Mas, à época, era um ícone de estilo e beleza incontornável. Quem o diz é Paula Bobone, que chegou a cruzar-se com a princesa: “Foi num evento na Gulbenkian em que o príncipe Carlos e Diana vieram a Portugal, para comemorar a aliança que tínhamos com Inglaterra há 600 anos", começa por dizer.

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"Ele [o príncipe Carlos] olhou para os meus olhos e houve um cruzamento simpático. Ela tinha um ar discreto, muito bonita, linda... sem dúvida que constituiu o padrão de beleza naquele tempo”, contou a especialista em etiqueta.

Chegou mesmo a ser considerada a mulher mais fotografada de todos os tempos. Prova disso foi o seu casamento com Carlos, Príncipe de Gales, que foi a maior boda do século XX e passou a ser comparado a um conto de fadas. "Conseguiu até quebrar regras e protocolos", afirma Felipa Garnel, ex-diretora de programas da TVI e revista LUX.

Casamento Diana e Carlos
Diana e Carlos casaram-se na Catedral de São Paulo, em Londres, em 1981. Devido a terem cerca de 3500 convidados, a cerimónia não se pôde realizar no Castelo de Windsor créditos: Flickr

"Diana trouxe uma lufada de ar fresco à corte britânica"

Depois do matrimónio, "Diana trouxe uma lufada de ar fresco à corte britânica, começou a trazer novas cores e tendências sempre que saía”, frisa Alberto Miranda. No entanto, “Não foram só as roupas que lhe deram visibilidade, foi também o seu trabalho social e humanitário"

"Usar a sua imagem a favor dos outros” foi a forma que Diana encontrou para conseguir estar presente em causas humanitárias. “Isso foi tão visível que lhe deu projeção à escala planetária”, reiterou o especialista em assuntos de realeza.

A "princesa do povo" a favor dos outros

As imagens de Diana a usar capacete de proteção, ao caminhar num campo de minas terrestres em Angola correu o mundo. Nessa visita, a Princesa de Gales conheceu crianças que perderam partes do corpo em acidentes com minas, mudou mentalidades e, um ano depois, vários países baniram o uso de minas terrestres.

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“Ela foi a Angola e esteve com um menino amoroso no colo, que era doente", recorda Paula Bobone. "E essa visita aconteceu fora dos registos oficiais, nunca mais me esqueci desse gesto e certamente que seria uma fase em que ela já estava deprimida”, frisa.

Em 1991, chegou a apertar a mão, sem luvas, a um doente com SIDA, quebrando muitos tabus e servindo de exemplo para mudar mentalidades. Ainda na área da saúde, Diana visitou sempre muitos hospitais e mostrou-se próxima de doentes de cancro ou lepra, postura que não era adotada por mais nenhum membro da família real britânica.

Diana sempre foi muito preocupada e atenta a quem a rodeava, mas acabou por lutar em segredo contra uma depressão que surgiu no seguimento do parto de William, em 1982, mas muito mais devido à perseguição que os média e, consequentemente, os paparazzi lhe faziam.

O fim do conto de fadas

Antes do acidente de carro em que morreu, a vida de Diana já era tudo menos cor de rosa. O seu rosto era manchete em todos os jornais e nada escapava aos jornalistas e paparazzi, que tanto queriam saber sobre a intimidade da princesa. Por isso, o estado depressivo em que se encontrava agravou-se.

Para piorar a situação, o casal separou-se em 1992 e a partir daí os ânimos não melhoraram. Diana perdeu o título de "alteza real", mas manteve-se como Princesa de Gales, já que era mãe dos segundo e terceiro colocados na linha de sucessão ao trono.

Morreu aos 36 anos, vítima do acidente de automóvel no famoso túnel em Paris. O seu funeral foi assistido por 2,5 mil milhões de pessoas, tornando-se a transmissão televisiva não desportiva mais vista de sempre. "Fui para Londres fazer uma emissão especial, na SIC, e vi um espetáculo de comoção como nunca vi na vida", revela Felipa Garnel.

"Estavam todos a chorar, tinha morrido alguém que dizia muito a cada pessoa"

"O povo inteiro estava na rua, a sensação é que não estava uma única pessoa dentro de casa", recorda a ex-diretora da LUX, acrescentando que "estavam todos a chorar, tinha morrido alguém que dizia muito a cada pessoa. Lembro-me que tínhamos dificuldade em andar nas ruas, de tão cheias que estavam".

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Os filhos de Diana nasceram com dois anos de diferença. William nasceu em 1982 e Harry em 1984 créditos: Pinterest

O legado perpetuado

Para Alberto Miranda, o legado de Diana está em dois níveis: "o pessoal e o institucional". O primeiro diz respeito aos filhos, "que tentam perpetuar ao máximo a memória da mãe". "Hoje, a Diana teria 59 anos e já teria quatro netos, que não conheceu. Nem as noras", frisa o especialista. O segundo nível corresponde às "suas obras, as organizações humanitárias continuam a funcionar e o trabalho dela ficou para a posteridade", remata.

Em 1997, após a trágica morte de Diana, foi criada a fundação The Diana, Princess of Wales Memorial Fund, hoje da responsabilidade do príncipe William. Esta fundação já arrecadou milhões de libras, que aplicou em projetos contra a pobreza, apoio a refugiados, cuidados paliativos, entre outras causas humanitárias.

No entender de Felipa Garnel, que acompanha assuntos de realeza há muitos anos, "o Harry tem muito da irreverência de Diana e quis mostrar isso na vida e nas decisões que tomou". Já no que diz respeito ao príncipe William, a ex-diretora de programas da estação de Queluz de Baixo conta que "tem outro peso, escolheu uma mulher que na atitude e na elegância é parecida com a Diana", remata.

Por isso, é de esperar que Harry e William venham a contar aos filhos quem foi a avó, bem como aquilo que fez em vida e explicar-lhes o porquê de ainda ser uma memória tão presente no mundo: o facto de todas as suas ações terem o objetivo de promover a paz e o bem-estar, com o carisma e verdade que lhe eram característicos.

Recorde-se que Harry é pai de um menino, Archie, de 1 ano, fruto da relação que mantém com Meghan Markle. Já William, tem três filhos com Kate Middleton: George, de 7 anos, Charlotte, de 5, e Louis, de 2.

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