Nuno Graciano foi o mais recente convidado do programa "Conta-me", com Maria Cerqueira Gomes, na TVI. A conversa, na qual o ex-concorrente da última edição de "Big Brother Famosos" revelou o impacto do programa na sua vida e carreira e esclareceu a ligação ao partido Chega, teve lugar num dos três espaços da cadeia de restaurantes Latina Grill, marca pela qual Nuno Graciano dá a cara.

Os diferentes rumos da carreira do apresentador, que voltou a assumir o cargo no passado domingo, 1 de maio, desta vez, na TVI, no programa "Somos Portugal", foram tema logo nos primeiros minutos de entrevista. Nuno Graciano recordou o momento em que a televisão deixou de fazer parte da sua rotina e esclareceu o que o levou a dedicar-se a negócios como a cadeia de restaurantes Latina Grill ou a marca Tio Careca. 

Nuno Graciano e o regresso à televisão. "A esperança continua a ser nenhuma"
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"Sempre fui empreendedor,(...) mas foi uma necessidade. Foi perceber que a televisão estava a esgotar-se e que tenho quatro filhos para sustentar", começou por explicar.

"Dá-me imenso gozo, gosto imenso, mas foi duro ao príncipio. Quando comecei a vender a marca [Tio Careca], as pessoas pensavam que era uma brincadeira para os apanhados", acrescentou, fazendo referência ao programa de comédia, "Apanhados na SIC", que conduziu em 2008 e que se arrastou durante anos. No caso, com nomes distintos, como "Tás aqui, tás apanhado" ou "Não há crise", mas com o mesmo conceito base. "Fiz mais de 3 mil [episódios de] apanhados", acrescenta.

A televisão surgiu na vida de Nuno Graciano, na sequência de um casting aberto ao público em geral, quando teria "20 e poucos anos". O apresentador conta que tende a utilizar este exemplo como prova de que para trabalhar no meio não é preciso ter "cunhas" e recorda o primeiro programa que conduziu em televisão, na TVI, mais precisamente: "Doutores e Engenheiros", gravado no Porto, em 1994.

Nuno Graciano trabalhou durante anos na estação de Paço de Arcos, chegou a passar pelo canal 11 e, mais tarde, acabou por se tornar um dos rostos da CMTV. A relação com o canal terminou em 2016, mas o apresentador não revelou o que levou à sua "saída abrupta". Até porque, segundo conta, até hoje, é uma coisa que "não entende".

Quando questionado sobre o que levou ao corte de relações com a CMTV, respondeu: "não sei, não faço ideia nenhuma. (...) Não percebi que ia chegar o fim. Até hoje é uma coisa que não entendo, não sei". Acrescentando, posteriormente, que, dado a questões de confidencialidade, não pode revelar mais detalhes sobre o assunto.

Desde então, esteve anos afastado dos ecrãs, mas, segundo conta, a "paixão" pela televisão nunca desapareceu. "A paixão [pela televisão] é até aos dias de hoje. Sinto imensa necessidade de televisão. Sinto muitas saudades (...) corre-me completamente nas veias".

Nuno Graciano conta que a falta de trabalho em televisão influenciou o divórcio com a ex-mulher

Ainda durante o a participação no programa "Big Brother Famosos", Nuno Graciano havia confessado, entre lágrimas, que "todos os dias acordava um bocadinho triste por não estar a fazer televisão". E, em conversa com Maria Cerqueira Gomes, explicou como é que essa "tristeza" influnciou todos os aspetos da sua vida.

"Durante estes anos, fui pior marido, pior filho, pior irmão, pior pai. Porque, de facto, todos os dias acordava com esta angústia", começou por explicar. "Separei-me depois disso".

"Acho que também teve a ver. Acho que a Bárbara e eu não soubemos lidar bem com esta situação, ambos, portanto, infelizmente, foi também mais um [fator] que contribuiu para que nos separássemos", acrescentou, referindo-se à relação com Bárbara Elias, com quem tem duas filhas. A relação terminou em 2018.

Neste sentido, Nuno Graciano recorda as palavras de Cristina Ferreira durante (e após) a sétima gala de "Big Brother Famosos", na qual foi expulso com 48% dos votos, e admite que sentiu que tinha "renascido". "Foi perceber que era o final de um ciclo com muitos Nunos e que, agora, apareceu outro. Agora, consigo estar bem-disposto e brincalhão. Passou pouco tempo, mas já me sinto outra vez desperto. Portanto, esta passagem pelo 'Big Brother' fez-me muito mais do que estava à espera", explica.

"Estava há tanto tempo tão esquecido pelo público, tão esquecido por Portugal em termos de televisão, que achei que a minha popularidade não estava na mó de cima". O apresentador conta que chegou mesmo a ponderar desistir do programa, mas revela que o Big Brother garantiu que não era uma "boa altura" para o fazer. "E as salvações, gala após gala, mostravam isso", acrescenta.

O ex-concorrente admite que gosta de correr riscos, mas reconhece que a aventura no política "talvez tenha sido um risco que não mediu bem". "Nem fazia ideia de que houvessem ódios de estimação em relação ao partido em causa", diz.

"Fui convidado para continuar a trabalhar politicamente com o Chega e recusei"

Confrotado com o período em que assumiu uma ligação pública com o partido Chega, encabeçado por André Ventura, Nuno Graciano explica como surgiu o convite e, ainda, o que o levou a aceitar a proposta do político.

"Eu já votei da esquerda à direita. Não sou uma pessoa de convicções cegas em relação à política e de radicalismos. Não tem nada que ver comigo. O que aconteceu é que eu já tinha sido convidado outras vezes para fazer parte de campanhas autárquicas noutras câmaras municipais do País (Oeiras, por exemplo) e sempre neguei. Disse sempre 'não quero estar muito ligado à política'", começou por explicar.

"O que acontece é que conheço pessoalmente o André Ventura há muito tempo e achei que foi muito engraçada a forma como me convidou, dando-me total independência. O que ele me disse foi: 'Nuno, tu és independente (...) tens aqui um projeto que podes desenvolver como quiseres'. Eu disse: 'André, há coisas no partido, no teu partido, com as quais eu concordo e há coisas com as quais não concordo nada'. E o André disse-me 'isso não é problema. É a tua liberdade. Não vejo problema nenhum nisso'", acrescentou.

Nuno Graciano explica que tinha liberdade para conduzir o projeto, desde que não fosse radicalmente contra as ideias-base do partido, e assim foi. "Foi uma aventura para estar junto das pessoas", conta, com a ressalva de que não é filiado em nenhum partido, "nunca foi e nunca será".

"Fui convidado para continuar a trabalhar politicamente com o Chega e recusei. Não quis continuar a minha carreira política, nem faço questão de continuar carreira política de espécie alguma", acrescenta.

Quando questionado por Maria Cerqueira Gomes sobre se esta "aventura política" teria sido um "erro de percurso", Nuno Graciano garantiu que não quer "limpar o momento" da sua vida, mas admite que o programa "Big Brother Famosos" veio "em boa altura".

"Quando entrei, estava mesmo muito triste. Tinha-me esquecido imenso de mim. Se não tivesse entrado neste 'Big Brother', não sei francamente qual seria o meu futuro. Andava tão desanimado, tão triste (...) que esta experiência fez-me lindamente. Oxigenou-me", avança.  "Acho que podia ter entrado numa depressão ou até numa coisa mais grave", admite.

Dado o teor da entrevista, acredita-se que tenha sido gravada ainda antes de Nuno Graciano ser convidado pela TVI para ser um dos rostos do programa "Somos Portugal". O apresentador passou a assumiu a condução do programa, ao lado de outros apresentadores, no passado domingo, 1 de maio