Isa Oliveira tornou-se uma cara conhecida do público português a 26 de fevereiro deste ano, data em que começou "O Triângulo", o novo formato de reality show da TVI, encabeçado por Cristina Ferreira, que chegou ao fim três meses depois, a 28 de maio. A MAGG esteve à conversa com a ex-concorrente.
Afinal, quem é Isa Oliveira? O que a fez expôr-se voluntariamente desta forma na estação de Queluz de Baixo? O que retirou desta aventura? De que forma é que aquilo que viveu até hoje a moldou? Aquilo que mostrou ser no reality show foi genuíno ou apenas uma fachada? Descobrimos isto e muito mais.
No programa, Isa falou sobre relações amorosas passadas, traumas com os quais teve de lidar e a ligação que tem com a família. Acabou por ser expulsa pelo público com 32% dos votos a 14 de maio, duas semanas antes da grande final, numa votação bastante renhida. Conheça Isa Oliveira além d'"O Triângulo".
Da infância de sonho aos laços com a família
Isa Oliveira nasceu em Lisboa. É escorpião e tem 27 anos. Embora esteja "entre Lisboa e o norte", pretende permanecer na capital, onde viveu a maior parte da sua vida. "Cresci com os meus irmãos, com os meus pais, com os meus avós, com a minha madrinha e o meu primo. Somos um núcleo muito próximo", garantiu à MAGG.
A lisboeta tem dois irmãos: um mais novo, com 22 anos, e um mais velho, com 39. "Sou muito ligada à minha família", reforça, adiantando ter uma "relação muito próxima e muito boa" com os pais. A infância "foi ótima". "A melhor que podia ter tido", considera.
"O meu avô construiu uma barraquinha muito humilde e foi lá que os meus avós viveram durante anos, até que teve de ser destruída. O meu avô faleceu e a minha avó foi viver para um apartamento, mas a minha infância foi toda ali passada. Tive uma infância muito de campo. Foi muito feliz", recorda.
A ligação com o desporto e com a comunicação
No que toca à vida profissional, Isa sempre se sentiu atraída pelo mundo do jornalismo. "Tudo o que tinha que ver com a televisão, com a imagem, moda, sempre me suscitou muito interesse", admite. "Sempre fui uma pessoa muito comunicativa", crê a lisboeta, que passava horas a ver televisão.
No entanto, o percurso académico iniciou-se em Gestão de Empresas pela Universidade Europeia. "Achei que seria benéfico para mim no futuro. Não foi algo que eu gostasse. Estar enfiada num escritório a fazer contas… Deu-me na cabeça, pensei em experimentar, mas correu mal", reconhece.
"Chumbei às cadeiras todas, porque sou péssima a matemática", conta. Não tardou a ingressar no que realmente queria: Ciências da Comunicação, na mesma instituição. "Foi totalmente diferente. Tive cadeiras de rádio, de televisão. Adorei, tem tudo que ver comigo", disse-nos.
Ambos os irmãos de Isa estavam envolvidos no futebol, o que originou um "gosto pessoal". Entre 2016 e 2017, ainda durante o curso, Isa estagiou na BTV, onde viria a trabalhar em 2020, depois de uns tempos no jornal "A Bola", entre 2018 e 2019. Mas o sonho da comunicação ficaria em espera.
"As oportunidades não voltaram a aparecer e o mercado estagnou. Decidi parar", explica. Esteve a trabalhar durante meio ano numa clínica, onde fazia desde receção a contabilidade, mas, depois disso, dedicou-se à área da restauração, quando os pais assumiram o negócio Stuppendo Beach, um restaurante em Carcavelos, em 2019.
A aventura pela restauração
"O meu pai é muito empreendedor, adora coisas novas, então, decidiu abrir um restaurante à beira-mar antes da pandemia. Os meus pais precisaram de mim a tempo inteiro. Era um negócio de família. Fui ajudá-los e batalhei naquilo que também é nosso. Pensei que, talvez mais tarde, poderia voltar à comunicação", relembra.
Desde lidar com fornecedores a fazer as contas e servir no bar, Isa ia fazendo de tudo um pouco. Mas não se sentia realizada. "A minha área sempre foi comunicação social. Estava a sentir a minha vida muito estagnada. Na área da restauração, a tua vida é cheia de responsabilidades. E eu sinto-me muito jovem para ter tanta responsabilidade."
"Passar 14 horas num sítio, ir para lá de manhã e sair de lá à noite, e nas folgas que tenho estar a falar de trabalho ou até mesmo a trabalhar... Não dá para gerir. Gozar a vida não gozo e, a longo prazo, é complicado. Não é benéfico para mim", considerou, decidindo mudar a sua vida.
Foi aí que surgiu "O Triângulo". "Porque não uma nova experiência? E porque não 'O Triângulo'? Não tenho nada a perder. Tanto pode trazer-me novas oportunidades como não trazer", pensou, avançando com a candidatura no início de 2023, sem quaisquer expetativas.
"Os meus pais nunca foram contra. Nunca se opuseram em nada. Apoiam-me em tudo", assegura. "Eles já sabiam que eu não queria ficar no restaurante para sempre e que não queria fazer daquilo vida, que queria algo mais. Se sou formada, por algum motivo é. Já estavam cientes de que iria querer voltar a exercer a minha profissão", nota.
Isa Oliveira reconhece que talvez tenha existido uma cerca "surpresa" por se tratar de um reality show, mas assegurou à MAGG que não houve qualquer preconceito por parte dos pais. "Sou determinada e focada. Se ponho algo na minha cabeça, vou. Mandei a candidatura, contactaram-me e fui aceite", referiu.
A participação n'"O Triângulo"
Enquanto estava no programa, os pais venderam o restaurante. "Só reviravoltas", aponta. "A restauração é algo muito trabalhoso. Tivemos muitos altos e baixos ali. Foi um risco, mas o meu pai adora correr riscos. Cumpriu o sonho dele e agora, provavelmente, vai pôr-se noutra aventura. E eu estou cá para o ajudar", afirma.
Ao participar neste reality show, tinha alguns objetivos traçados. "Não entrar com nenhuma personagem, ser eu mesma, sem filtros, até para não ficar com má imagem nem ficar queimada cá fora. Entrei mesmo numa de aproveitar e, quando saísse, se visse críticas, era ignorar. E é o que tenho feito até agora", adianta.
Isa Oliveira, que já era consumidora de reality shows, quis entrar apesar da conotação negativa destes formatos. "Por mais que seja criticada por pessoas que dizem que os concorrentes 'não têm a melhor fama' e que 'depois para arranjarem trabalho é difícil'. Isso deu-me aquela pica", admite.
"Ganhar nunca foi o meu objetivo. Quis entrar pela experiência e para me dar a conhecer. Sempre tive o bichinho de ‘queria tanto saber o que é estar numa casa daquelas, estar a ser filmada 24 horas por dia, estar a falar para uma voz que não fazemos ideia de quem é, viver com 20 personalidades diferentes'", justifica.
A experiência "não foi um mar de rosas". "Tive lá tempos difíceis", começou por dizer a ex-concorrente à MAGG. "Começas a sentir falta de muita coisa. Cá fora, podes pegar no carro e ir à praia espairecer. Lá dentro começas a ter a privação de sono, de comida. Apetece-te comer McDonald’s, uma pizza, um peixe grelhado, aquelas coisas básicas, e não tens", explicou.
"Lá dentro queres discutir, pegar no carro e ir dar uma volta, mas não podes. O máximo que podes fazer é virar costas e ir até à piscina. Não queres ver ninguém, mas acabas sempre por ver alguém. E é muito difícil gerir isso. E cada vez começam a ser menos, as mesmas caras. Só o facto de aquela pessoa respirar irrita-te. Começa a ser complicado", continuou.
Isa Oliveira sentiu que, mais para o fim da sua participação, estava a ter uma experiência "stressante" e "mais cansativa psicologicamente", também por "querer fugir de certas coisas e não conseguir". "Saber que tenho uma vida cá fora e estar a viver aquela vida ali dentro, querer saber informações cá de fora e não poder... começa a ser desgastante", confessa.
Mas o balanço é positivo. "Foi uma experiência muito boa e trago coisas muito boas de lá", afirma, referindo-se ao "grupo de pessoas incríveis" de quem se aproximou, citando nomes como Ângelo Dala, Domingos Terra, Tamara Rocha, Mariana Duarte e Zezinho.
"Acabas por te aproximar de pessoas que têm caraterísticas de amigos que tens cá fora, daí a criação de grupos", acrescenta, garantindo que continua a dar-se "muito bem com eles cá fora". "Estamos sempre a marcar jantares e almoços", conta.
O regresso à vida real
Isa Oliveira mostra-se orgulhosa da sua participação, embora reconheça que teria feito algumas coisas de forma diferente. "A minha postura foi mudando muito, o meu lado humano também. Nunca criei papéis. Muitas vezes tive vontade de sair, fui muito humana, com o coração ao lado da boca", aponta.
"Era muito impulsiva, não era tanto de afeto. Mudei completamente e sinto que foi para melhor", diz, graças à "convivência com o outro" e ao "saber ouvir". "Ter-me-ia divertido muito mais, não teria fumado tanto, teria jogado mais", garante, desejando também não se ter deixado levar tanto pelas emoções. "Temos de aprender a controlá-las", acha.
"Acho que transmiti uma ideia errada. Estava muito cansada e triste, porque acabei por perder pessoas. Estava muito em baixo, chamavam-me de trombuda, estava muito no meu canto. Quando saí, notaram-me uma pessoa muito mais alegre, porque fechava-me muito em copas", reconhece.
O regresso à vida real não foi fácil. "É um choque que acho que ainda estou a viver. Sinto que ainda estou num mundo que não é o meu. Nunca mais volto a ser nada igual, porque passas a ter grupos de apoiantes, pessoas que te abordam na rua, que te dão carinho, afeto, palavras boas", nota.
"Como é possível estas pessoas acompanharem-me durante o dia todo? Saber disso é surreal", considera. "Sou a Isa, continuo a ser a mesma, uma pessoa normal. Fazer essa divisão continua a ser estranho", reconhece. Na semana seguinte à saída do programa, "andava aluada, a querer absorver tudo e ao mesmo tempo não absorvia nada". "É muita informação", assegura.
As sequelas do bullying e da traição
Durante a participação no reality show, Isa Oliveira fez várias revelações pessoais. No segmento "Portal do Tempo", relembrou a altura em que lhe partiram o coração depois de descobrir, através das redes sociais, que havia sido traída pelo então namorado, um jogador do Sport Lisboa e Benfica que conheceu pela Internet.
No mesmo momento, partilhou que, na adolescência, era "reservada" e tinha "muito acne", sendo considerada o "patinho feio". "Não tinha muitos amigos" e acabou por ser "mal tratada" e gozada". Recordou a altura em que levou porrada até ter um traumatismo, em que lhe colocaram veneno para ratos na sopa e em que lhe cuspiam.
"Decidi partilhar tanto a parte da traição como do bullying como uma história de alerta para que as pessoas vissem que não tem mal contarmos as nossas fraquezas. Expus algo que realmente me magoou para mostrar que, se as pessoas se mostrassem mais, talvez as coisas fossem diferentes. Não tem mal falar", frisa.
"Hoje em dia, sou uma pessoa muito mais calma e ponderada. Não faço metade das coisas que faria se isso não me tivesse acontecido. Se aconteceu na minha vida, foi porque teve de acontecer. Não vejo como algo mau e sim como uma aprendizagem", conclui.
Um amor inesperado
Depois de sair de uma relação onde sofreu bastante, de acordo com o que revelou à MAGG, não queria entrar no programa à procura de um novo amor. Mas acabou por conhecer Domingos Terra. "Começámos a dar-nos, mas ele também estava fechado em copas, devido ao passado, à ex-mulher e tudo mais. Estávamos cada um para o seu lado", recorda.
"Acho que lá dentro não ia acontecer nada", crê. Domingos Terra acabou por ser expulso antes de Isa. "Ele tem uma história de vida bastante complicada. Só que acabámos por nos conhecer muito bem e a nossa história de vida acabou por se completar. Falámos de tudo e mais alguma coisa", adianta.
Depois de descobrirem "muitas coisas em comum", fortaleceram a sua relação fora do programa. "Eu apaixonei-me por ele lá dentro, ele provavelmente cá fora", acredita. Apesar de estar tudo a correr bem, ainda não namoram oficialmente. "Cada coisa a seu tempo. Estamos a dar-nos muito bem, é o que importa", diz.
Nos seus tempos livres, Isa Oliveira gosta de passar tempo com a sua cadela, Nala, de ir a um brunch, ao cinema ou beber um copo com amigos. Adora viajar, andar de carro sozinha, ouvir música, ir ao ginásio e ir à praia. Agora, está focada em regressar ao mundo da comunicação.
As ambições para o futuro
"Gostava muito de continuar na área do desporto ou de experimentar a área do entretenimento, enquanto apresentadora", disse à MAGG a irmã de Paulo Sérgio, ex-jogador do Sporting Clube de Portugal, que chegou a partilhar o campo com Ricardo Quaresma e Cristiano Ronaldo.
É essa proximidade que explica as fotografias que Isa Oliveira tem nas redes sociais com CR7 e Georgina Rodriguez. "Eles foram jantar lá ao restaurante e o Nininho Vaz Maia foi cantar, tipo um concerto privado", adianta, sobre o momento que aparece na segunda temporada do reality show "Eu, Georgina".
Isa Oliveira é a ex-concorrente d'"O Triângulo" com mais seguidores nas redes sociais. "Já tinha público antes de entrar na casa. Tenho uma proximidade com o Quaresma e, na altura em que fomos campeões europeus, ele postou uma foto comigo e identificou-me, então ganhei muitos seguidores. Com a entrada na casa, disparou um bocadinho", justifica.
Em 2015, chegou a participar no workshop "Palavras Ditas", com Teresa Guilherme e Nuno Eiró. Nos próximos tempos, gostava de poder exercer aquilo no qual se formou e pelo qual é apaixonada. Imagina-se num formato como o "Somos Portugal", mas nem o céu é o limite.