Ricardo Araújo Pereira é pai de Rita, de 19 anos, e Maria Inês, de 17, fruto do relacionamento com Maria José Areias. No "Alta Definição" deste sábado, 25 de fevereiro, o humorista partilhou os seus maiores receios, todos relacionamentos com a paternidade.

Questionado por Daniel Oliveira sobre o que fez na vida que mais medo lhe causou, RAP remeteu para o nascimento das filhas. "Quando as enfermeiras te apresentam o bebé, elas estão a mexer naquilo como se fosse um frango. Para ti é coisa mais preciosa que tu já viste só que as enfermeiras mexem em 30 daqueles por dia. Ainda por cima as minhas filhas saíram meio roxas... de repente, elas apresentam-me aquilo. Estão lá a mexer naquilo, a pesar o bebé, como se fosse no talho. Pega pelos pés, metem um tubo na boca, e estão ali a manobrar um ser muito frágil que, aparentemente, é mais resistente do que parece. E eu estou perplexo e a perguntar 'porque é que a minha filha é roxa? E eu estou a olhar para aquilo e a pensar 'isto é aflitivo. está aqui um ser que depende de mim'", conta o anfitrião de "Isto é Gozar com quem Trabalha".

Daniel Oliveira e Ricardo Araújo Pereira
Daniel Oliveira e Ricardo Araújo Pereira

Sobre ser pai, o humorista de 48 anos diz que é "é coisa mais aterrorizadora". "Essas pessoas que dizem 'eu fui fazer uma daquelas experiências radicais, de adrenalina, atirar-me de um avião'. Não, experimenta ter um filho. Vais ver se não gostas. A história do paraquedas, aquilo dura 3 minutos. Não, experimenta fazer isso durante 50 anos".

Falando sobre a filha mais velha, que está a estudar fora do País, Ricardo Araújo Pereira descreve o efeito dessa ausência como a sensação de estar à olhar para "um abismo". "É uma coisa permanente. Passas à porta do quarto dela, está vazio. Abismo. Vês uma fotografia na sala, abismo. Experimenta isso em vez de paraquedismo. Porque eu faço isto de ser pai sem o instrutor às minhas cavalitas. Sou eu sozinho e também me dá imensas vezes vontade de vomitar". 

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O humorista continua, dizendo que "tudo" lhe causa "ansiedade". "Isto de a gente conseguir proporcionar que elas vão estudar para onde elas querem, isso é excelente. Eu não sinto a excelência (risos)", brinca, revelando que, no próximo ano letivo, a filha mais nova seguirá os passos da irmã. "Outro dia, ao fim de seis meses de ela estar no grupo da universidade, mandei uma mensagem para o grupo da família a dizer assim 'Rita, chega desta brincadeira, volta para casa!'. As miúdas acharam muita graça a eu falar sobre isso nesses termos. Mas ainda não estou habituado a isto. Estou com mau perder de elas, de repente, serem adultas. Daqui a 15 dias vou ter duas filhas adultas. Não estou preparado para isso", confessa RAP.

Ao longo de mais de uma hora, Ricardo Araújo Pereira falou sobre humor, política, ética de trabalho, e também sobre o seu amor aos animais. O fim da vida também foi tema. "A morte causa-me algum mau perder. O meu sonho é morrer numa altura em que eu diga 'bem, isto está visto, chega de Mundo para mim'. Mesmo o convívio com essa ideia de que vamos todos morrer, a gente consegue arranjar soluções para isso e uma delas é através do humor. Isso torna essa ideia mais suportável", explica.  "As pessoas dizem sempre 'o pior é a morte'. Não. O pior é a morte de um filho. Não quero tornar isto uma coisa tétrica mas para isso é que não há solução nenhuma. Isso é outra coisa. Eu com a minha morte lido perfeitamente. Com a morte de uma das minhas filhas... é a única que eu peço. Eu ir antes. É a única coisa que eu peço".

"Isto é Gozar Com Quem Trabalha" celebra três anos de emissões este domingo, 26 de fevereiro, com um programa especial, em direto do Teatro Villaret, em Lisboa.

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