O cantor de música ligeira Ruben Aguiar, que está a aguardar julgamento em prisão domiciliária na Madeira, a sua terra natal, estando acusado de tentativa homicídio por ter alegadamente atropelado intencionalmente um homem numa bomba de gasolina em Alcochete e ter fugido, esteve à conversa com Manuel Luís Goucha e a entrevista foi transmitida no “Goucha” desta segunda-feira, 15 de janeiro.

O autor do tema “Música do Gago”, que foi detido no aeroporto de Lisboa em maio do ano passado (um mês após o acidente), garantiu que não se apercebeu de nada. “Eu entrei em pânico e decidi ir embora. Não me apercebi que passei por cima do pé, única e exclusivamente do pé, porque nas imagens que se tem só passo por cima do pé. O homem não teve um único segundo em perigo de vida, porque efetivamente também no vídeo vê-se o homem a tentar levantar-se. (...) Se eu me tivesse apercebido, nem saía dali”, sublinhou, acrescentando que foi informado de que a câmara de vigilância que terá filmado “bem o acidente”, “na perspetiva” do cantor, “não estava em funcionamento”.

“Eu não me apercebi que passei por cima do indivíduo pela seguinte razão: ele estava a dar-me abanões e murros no carro. Foi um misto de emoções, onde eu entrei em pânico e quis foi sair dali para uma zona de mais conforto, para uma zona em que não fosse agredido”, explicou, acrescentando que a vítima, “extremamente agressiva”, estava indignada porque o cantor estava a sair da bomba de gasolina pela entrada, “em contramão”.

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Ruben Aguiar garante que “não teve noção de que passou por cima de alguma coisa”. “Não tive noção, infelizmente, porque eu próprio tinha parado na hora e eu próprio tinha chamado os bombeiros e explicado logo a situação, e tudo isto era evitado”, disse.

O cantor contou que não foi “chamado para prestar declarações” e que foi “logo detido no aeroporto” pela Polícia Judiciária. Posteriormente, esteve no Instituto Prisional do Montijo, tendo estado inicialmente “em solitária”. “Fiquei numa cela cinco dias, trancado, 22 horas por dia”, disse, acrescentando que foram “dias dramáticos”.

“É aprender a sobreviver. É estar a pensar: ‘mas por que razão? Não matei ninguém, não tentei matar ninguém. Porquê a mim?’”, refletiu. “Chorava o dia todo. Só pensava nos meus filhos [Lucas e Matias]”, contou.

Depois de cinco dias, Ruben Aguiar passou para uma outra cela, “uma camarata com oito homens”, e no final dos dois meses foi “queimado com água quente por um recluso”. “Foi literalmente aprender a sobreviver”, reforçou. Posteriormente, ficou em prisão domiciliária em Albufeira e só depois foi autorizado a ir para a Madeira, onde aguarda julgamento.

Após ter sido transmitida a entrevista com o cantor, Manuel Luís Goucha deixou uma nota de esclarecimento. “Fiz apenas aquilo que me compete profissionalmente: escutar. Escutar o outro sem qualquer juízo de valor. Esta é a minha função quando me sento em frente a um convidado ou a uma convidada. Escutar uma história de vida, escutar aquilo que tem para me dizer. E todos os convidados são válidos para justamente exercer esta função que entendo como uma das áreas mais específicas e difíceis na televisão: a arte de conversar e de ouvir. Sem juízos de valor porque não é a mim que me compete, mas sim ao tribunal, sem juízos de valor”, disse.