A minissérie "Baby Reindeer" estreou a 11 de abril, na Netflix, e está a ser um autêntico fenómeno quer de popularidade, quer de polémicas. Por se tratar de uma história real de perseguição e abuso sexual, que ainda por cima é protagonizada por quem a viveu na pele, Richard Gadd, os espectadores sempre quiseram saber quais eram os outros implicados. E a stalker veio a público pronunciar-se.
O humorista é perseguido por uma mulher mais velha, Martha, o nome fictício que lhe foi atribuído na série, na qual é interpretada por Jessica Gunning. Entretanto, já se sabe que esta se chama, na verdade, Fiona Harvey – e foi precisamente ela que veio dar a sua versão dos factos relatados na ficção, tendo sido entrevista esta quinta-feira, 9 de maio, no canal de YouTube de Piers Morgan.
A entrevista começou com o jornalista britânico a perguntar-lhe sobre a razão que a levou a pronunciar-se. "Os 'detetives da Internet' seguiram-me, perseguiram-me e ameaçaram-me de morte, por isso não foi propriamente uma escolha", diz a alegada stalker, frisando que foi "forçada" a estar nesta posição. E na esperança de esclarecer a situação, a advogada escocesa acusa Richard Gadd de "fazer dinheiro às custas de falsos factos".
No entanto, Fiona Harvey admitiu, desde logo, que não tinha visto a série "de todo". "Ouvi falar da cena do tribunal, das penas de prisão e de todo esse tipo de coisas, [mas] não vi nada disso", afiança, ao dizer que nem sequer tem curiosidade em fazê-lo. "Acho que ficaria maldisposta. Já dominou muita coisa na minha vida. Acho-a bastante obscena", continuou, acusando-a de ser "horrível" e "misógina".
Ao longo da conversa com o jornalista britânico, negou ter perseguido Richard Gadd na vida real, mesmo tendo sido confrontada com os mais de 40 mil e-mails, as 350 horas de mensagens de voz, os 744 tweets e as 46 mensagens de Facebook que teriam sido enviadas ao humorista. "Isso simplesmente não é verdade. Se alguém estivesse a enviar 41 mil e-mails ou algo do género, quantos seriam enviados por dia? Muitos", ripostou, ao mesmo tempo que disse que não terá enviado mais do que 10 e-mails e uma carta.
A par disto, ainda chamou o humorista de "mentiroso" e acusou-o de ter "problemas psiquiátricos muito graves". "É uma obra de ficção. É um trabalho hiperbólico, como sempre disse", continuou a advogada, que acrescentou ainda que é tudo "fruto da imaginação" do humorista, contra quem vai tomar medidas legais no futuro, assim como contra a plataforma de streaming, processando-os por difamação, segundo admitiu a própria.
Além disso, Fiona Harvey admitiu que conheceu Richard Gadd num pub de Londres, mas que só o viu "cinco ou seis vezes" na vida. E negou também as perseguições à família e à namorada do humorista, Terri, interpretada pela atriz Nava Mau na série da Netflix. "Não, não acho que ele tenha uma namorada. Acho que ele é, digamos, homossexual", explicou ainda a advogada, garantindo que nunca foi acusada ou recebeu qualquer pena de prisão por perseguição, como é dito no episódio final.
"Acho que ele se saiu muito bem ao difamar-me. Está a ganhar dinheiro com factos falsos. Ele tem sido um autêntico misógino", completou a advogada. No fim, Piers Morgan também perguntou a Fiona Harvey que mensagem gostaria de deixar a Richard Gadd, caso ele estivesse a ver a entrevista. "Deixa-me em paz, por favor. Arranja uma vida, arranja um emprego a sério. Estou horrorizada com o que fizeste", rematou.