Susana Dias Ramos é comentadora residente no "Extra" do "Big Brother - Duplo Impacto", mas o seu percurso profissional vai muito além dos comentários que faz sobre pessoas fechadas numa casa. É formada em neuropsicologia clínica e tem uma especialização em sexualidade e terapia de casal, área a que se tem dedicado desde 2013. Em entrevista à MAGG, Susana fala sobre o reality show da TVI, revela ataques nas redes sociais e ainda diz o que acha de o sexo continuar a ser um assunto tabu no século XXI.

Sem poupar elogios aos colegas de painel e a toda a produção do "Big Brother", a comentadora diz que tem sido uma "jornada" fazer parte do programa de televisão até porque o convite surgiu de forma inusitada. Apesar de achar que o seu tempo de antena não ia durar mais do que uma semana, agora garante que foi uma "lufada de ar fresco" na sua vida: "Quando recebi o convite, alguém da produção achou que poderia ser uma mais valia. Nunca pensei que fosse funcionar".

"Comecei cheia de gás, a achar que era a melhor coisa do mundo, depois apeteceu-me atirar da ponte por causa das redes sociais", afirma, referindo-se àquilo que menos gosta ao surgir quase diariamente no ecrã. "Há um fanatismo tremendo por parte das pessoas que defendem os concorrentes e atacam os comentadores, os outros concorrentes e até a família. Nunca me tinha apercebido desta realidade e é uma grande violência emocional", explica.

A comentadora já foi alvo de alguns ataques de violência verbal e recentemente descobriu um grupo fechado no Facebook, no qual um utilizador daquela rede social a acusa de estar embriagada durante a emissão do "Extra". "Diz que vou embriagada para os programas, que tem provas e que vai fazer uma denúncia", conta à MAGG, acrescentando que nunca pensou que existissem este tipo de comentários apesar de agora já lidar com a situação com "alguma leveza".

Ainda sobre o seu papel no programa da TVI, a profissional refere que todos os comentadores têm total liberdade para darem as suas opiniões sobre os concorrentes. "Somos livres de dizer aquilo que quisermos. Nunca recebi uma palavra do editor ou da direção para não dizer certas palavras. Nunca fomos chamados à atenção de nada", diz à MAGG, aproveitando para levantar um pouco o véu do bom ambiente que se vive nos intervalos do "Extra": "Durante o intervalo já estivemos ali à bulha. Às vezes, parece que ficamos mal uns com os outros, mas não. A equipa é muito boa e há um ambiente muito agradável entre todos. Não saia deste projeto por nada".

Susana elogia Quintino Aires. "É um profissional de mão cheia"

Susana Dias Ramos não é a única comentadora do "Big Brother" que às vezes tece comentários que deixam os telespetadores surpreendidos. Também o psicólogo Quintino Aires tem sido criticado por emitir opiniões que, por vezes, geram polémica. "O Quintino fala a achar que as pessoas vão entender o contexto. Percebo-o completamente e é um profissional de mão cheia, mas as pessoas do outro lado nem sempre entendem o contexto a que se refere", explica Susana à MAGG.

A comentadora conta que, por vezes, as opiniões do psicólogo podem parecer "barbaridades", mas não são. Classifica Quintino Aires como um profissional "radical" na psicologia clássica. "Uma consulta com o Quintino só pode ser um passaporte para ouvirmos muitas realidades da vida que não queremos ouvir", diz.

Mulher sem tabus na televisão e na internet

Susana garante que nunca achou que iria ficar com a imagem profissional manchada ao aceitar o convite para ser comentadora de reality shows. "Não consigo perceber que tabu é este com reality shows, toda a gente gosta de saber da vida dos outros ou então não se compravam revistas cor de rosa nem a internet seria o que é", atira.

Mas de "desconstruir" tabus e relações percebe Susana Dias Ramos. Em 2019, já com largos anos a dar consultas de terapia de casal, lançou o canal "100 Tabus" no YouTube com o propósito de abordar a sexualidade para o público feminino. Sem querer usar palavras científicas, naquele canal pode aprender a beijar, a fazer sexo oral e até como lidar com a rejeição.

Susana explica o seu ponto de vista. "A sexualidade continua a ser um tabu no século XXI. Ver sexo em filmes e novelas é considerado aceitável, mas na realidade é muito raro aceitar-se. A ideia que eu tenho é que as pessoas não falam de sexo para não aceitarem que somos humanos".

Pedro Crispim fala sobre a adolescência. "Tinha 2 letras 'G' na minha vida, era gay e gordo"
Pedro Crispim fala sobre a adolescência. "Tinha 2 letras 'G' na minha vida, era gay e gordo"
Ver artigo

"As pessoas sabem fazer sexo, mas nem sempre sabem ter relações", afirma. A neuropsicóloga explica que para se ter uma relação é preciso saber porque é que queremos voltar a estar com aquela pessoa depois de se fazer sexo. "Tem de haver ali qualquer coisa de especial. As pessoas têm o seu momento sexual e depois toda a envolvência da sexualidade é desprezada", frisa.

O papel da psicologia, diz Susana Dias Ramos, é tentar que os pacientes encontrem o seu próprio caminho com as suas palavras. "Nas minhas consultas, as pessoas já sabem o que vão encontrar", atira, explicando que um psicólogo ou sexólogo não são um "ombro amigo" para o cliente. "A sociedade tem pouca informação acerca do papel de um psicólogo ou sexólogo", acrescenta.

Apesar de respeitar a psicologia clássica, Susana Dias Ramos diz que usa métodos diferentes nas suas consultas porque gosta de manter contacto com os clientes, de trocar mensagens e de ir acompanhando a evolução do estado do paciente. "Gosto de opinar para ajudar os meus clientes. Eles encontram alguém que vai dar uma opinião e ajudar a fazer um caminho. Não os vou receber com secretismo de informação", afirma.