Tiago Teotónio Pereira tem 34 anos e é ator, tendo a sua última novela sido “Queridos Papás”, na TVI, onde deu vida a Xavier. Além de ser uma das celebridades a pôr à prova os seus medos no concurso de verão “Congela”, apresentado por Pedro Teixeira, também integra o elenco da série “Vizinhos Para Sempre”, da TVI e da Prime Video, tendo adiantado alguns detalhes sobre a sua personagem à MAGG.

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Além da representação, o desporto ocupa uma grande parte do tempo de Tiago Teotónio Pereira, que não dispensa o surf e que se tem dedicado ao triatlo. Além disso, foi desafiado pela Betclic a fazer a Nacional 2 – de 738 quilómetros – de bicicleta, em cinco dias, e o documentário da experiência mais “hardcore” que fez na vida já está disponível no Youtube.

O ator tem duas filhas, Camila, 2 anos, e Júlia, que nasceu em maio deste ano, fruto da relação com Rita Patrocínio, com quem se casou em setembro do ano passado. À MAGG, contou como está a ser a jornada da paternidade e revelou em que é que a empreendedora o acrescenta.

Leia a entrevista.

Foi desafiado a fazer a Nacional 2, de 738 quilómetros, de bicicleta, em 5 dias, e o documentário já está disponível no Youtube. Antes demais, porque aceitou o desafio?
Porque desde que faço triatlo, que é relativamente recente – há quatro ou cinco anos –, que o ciclismo é uma disciplina do triatlo e dentro do ciclismo há mil coisas que uma pessoa gostava de fazer. Descer a N2 de bicicleta e Portugal de norte a sul é uma coisa mítica para quem anda e gosta de andar de bicicleta, e para quem pratica ciclismo. Portanto, sempre tive o desejo de fazer a N2, mas é aquela coisa que é sempre difícil de combinar, é sempre difícil de arranjar datas, é sempre difícil em termos de logística, nunca se sabe se se está preparado ou não... A Betclic fez o desafio e eu disse: ‘pronto, tem de ser, vou aproveitar’. Ainda por cima arranjámos ali uma data em que a minha mulher foi de férias para o Brasil com a minha filha e eu disse: ‘desculpa, não posso ir para o Brasil, tenho de descer a N2 de bicicleta’ (risos).

Disse que foi a experiência mais “hardcore” que fez na vida. Porquê?
Até agora [foi], ainda vou ter mais. Foi, porque não ia ser nada disto. Okay, ia ser difícil, achava eu, mas apanhámos aquela depressão Nelson e estivemos sempre, sempre, sempre debaixo de água, estivemos sempre com muito vento, frio, estava a nevar à nossa volta. Primeiro, nunca pensei que ia conseguir andar de bicicleta naquelas condições e, depois, nunca pensei que iria acabar o desafio, mesmo. Ali a meio da viagem eu queria mesmo desistir, queria mesmo parar, já não queria mais, já não aguentava mais. Estava de rastos. Só que ter os meus amigos a acabar aquilo e eu estar dentro do carro também não era uma opção, então eu disse: ‘olha, vou ter de pedalar e seja o que Deus quiser’. E correu bem. Ainda bem que apanhámos a tempestade, porque o documentário ficou giro (risos).

O primeiro dia foi okay. O segundo dia foi horrível. Foi muito chato, porque apanhámos muito frio e muito vento. Ao vermos as previsões, eu disse: ‘não vai dar, isto não vai dar. Amanhã até podemos tentar, mas hoje não vai dar’. No terceiro dia tentámos, parámos, depois montámo-nos outra vez na bicicleta e estávamos sempre naquela de: ‘eu agora vou chegar ao hotel, vou ver as previsões, ainda vai estar pior e não vai dar’. Os piores dias foram, sem dúvida, o segundo e o terceiro, o quarto foi mau, o quinto foi mau, mas já tínhamos levado mesmo com a parte mais chata, que eram as serras todas do norte e os piores dias da tempestade. Portanto, depois não havia outra opção senão acabar. Mas eu ali no segundo e no terceiro dia estava mesmo a achar que não dava e que íamos parar a qualquer momento. Estava muito vento, muita chuva e muito frio.

No geral, como descreve este desafio?
Agora acho ótimo e estou pronto para mais desafios. Durante o desafio estava mesmo a rogar pragas à Betclic, a dizer: ‘não dá, tentei, dei o meu melhor’. Ainda fiz um facetime a dizer: ‘malta, preço desculpa, mas eu não consigo mais’. E eles: ‘claro, está tempestade, aqui em Lisboa está péssimo’. E eu: ‘pois, aqui está horrível’. Portanto, eles acharam mesmo que eu ia parar, até que depois decidimos avançar e recomeçar. Agora estou muito contente, foi um desafio superado.

Também já fez várias maratonas, nomeadamente a de Lisboa no mês de março, e até triatlos. Qual a importância do desporto na sua vida?
Eu toda a vida fiz desporto, uns mais a sério e outros só a brincar. Comecei no râguebi, fui federado, joguei muitos anos râguebi. Depois, tive de optar entre o râguebi e o surf e, pronto, faço surf desde sempre e acho que é o desporto que eu vou fazer para sempre. Eu faço um bocadinho de tudo, gosto de tudo. Agora estou a fazer muito, muito triatlo.

O desporto faz parte da minha vida. Nem é ter grande importância, é eu não conseguir não fazer desporto. Se eu passo três dias ou dois dias sem fazer desporto fico resmungão, fico chato. Preciso de gastar energia, preciso de fazer desporto, preciso de fazer qualquer coisa. Hoje em dia, o triatlo, tanto o ciclismo, como a natação e a corrida, funciona quase como terapia, eu adoro. Ainda ontem estava a andar de bicicleta com este calor, porque eu só tive oportunidade de andar a meio do dia, e dei por mim em Monsanto, sozinho, e a dizer: ‘pah, eu prefiro isto do que estar na piscina. Gosto mais de estar aqui duas horas a ouvir só as rodas da bicicleta no meio da natureza do que estar sem fazer nada na praia’.

Na praia, ou estou a fazer surf ou então estar só debaixo de um guarda-sol a ir dar banhos, não. Prefiro chegar a casa todo cansado e depois ir dar um mergulho à praia. Dá-me muito mais gozo do que passar o dia todo sem fazer nada. O desporto faz parte da minha vida, do meu dia-a-dia, faço muito, muito desporto e muitas horas, e para o triatlo é preciso muitas horas. Eu faço provas e o Ironman é uma prova muito longa, então treino muito, estou a treinar muito. Mas eu acho que funciona como terapia, como modo de vida, não sei. Já faz parte de mim e não consigo não fazer desporto.

Além de se desafiar no desporto, também pôs à prova os seus medos no “Congela”, na TVI. Quais foram os desafios mais complicados?
Animais, sem dúvida. Não é que eu tenha medo, mas eu não gosto. Aquela caixa, só o facto de porem uma caixa na cabeça em que não consegues usar as mãos para te defender... É isso que me faz confusão, nem é tanto os animais, é pôr a cabeça e ficar só a cabeça. Isso faz-me um bocado de impressão e confusão. Os sustos e o resto, uma pessoa habitua-se. Está-se mais concentrado ou menos concentrado e está tudo bem. Agora ali aquela caixa com os animais não é a minha praia. Foram oito programas, foi muito tempo a ser desafiado (risos). Mas foi giro, gostei bastante. A experiência é positiva.

Tiago Teotónio Pereira
Tiago Teotónio Pereira Tiago Teotónio Pereira no "Congela", na TVI. créditos: Madalena Esteves | Fremantle PT

Faz parte do elenco da série “Vizinhos Para Sempre”, da TVI e da Prime Video. O que pode adiantar sobre a sua personagem?
Acabei ontem [n.r.: a entrevista foi realizada a 23 de julho] as gravações. Ainda não vi nada, estou doido para ver. Quer dizer, vi um trailer pequenino e eu gosto. Eu adorei, é o meu género de comédia, porque é a vida num condomínio e o que tem graça ali são as situações todas. Nem todas as cenas são para ter graça, a história em si é que tem graça. Isso é o meu género. Sou suspeito, mas acho que está engraçado. Está muito bem escrito. Eu já era fã, não da série original, mas dos autores, portanto acho que vai ser sucesso. Eu sou administrador de condomínio, tenho uma mulher, moramos numa penthouse e nomeiam-me como administrador de condomínio. Posso adiantar que sou o mais normal no meio daqueles malucos todos.

A novela mais recente em que participou foi  “Queridos Papás”, na TVI, mas já integrou várias novelas, como “Destinos Cruzados” e a “Prisioneira”, na TVI, e “Amor Maior”, “Nazaré” e “A Serra”, na SIC. Houve alguma personagem/projeto que o tenha marcado de forma especial?
Acho que a novela que mais me marcou foi o “Mar Salgado”, há imensos anos na SIC, porque foi a primeira em que me deram assim um papel grande, uma grande oportunidade e foi com a que eu ganhei o Globo de Ouro. Acho que foi a mais especial, mas todas são giras. Agora a “Queridos Papás” foi espetacular. Foi a primeira vez em que tive três filhos, tive de aturar três crianças a gravar, o que é difícil mas é mesmo engraçado porque eles são genuínos. Tem tanto de difícil como de prazeroso. Acho que são todas especiais, são todas giras. Eu gosto de fazer novelas, não sou daqueles atores que prefere fazer teatro, cinema ou televisão, eu gosto é de trabalhar e de projetos giros e desafiantes e é sempre um desafio fazer novela.

"Não é estar sempre em risco, mas a verdade é que as coisas podem mudar a qualquer momento, portanto é ir juntando algum dinheiro, é ter sempre um plano b"

Chegou a estudar no estrangeiro. Uma carreira internacional está nos planos?
Sim, claro que sim, adorava fazer parte de um projeto internacional, tanto de um filme como de uma série, adorava. Mas eu agora sou pai de duas. Está fora de questão estar longe das minhas filhas muito tempo, portanto a fazer qualquer coisa teriam de vir comigo ou teria de me organizar ou então uma coisa mais curta. A família para mim está em primeiro lugar e não abdico mesmo de tempo com as minhas filhas e de tempo em família, porque acho que é o mais importante. Trabalho é trabalho e vou dar sempre prioridade à família. Mas claro que adorava fazer um projeto internacional, e quem sabe em breve.

Antes da novela “Mar Salgado”, na SIC, esteve vários anos sem conseguir um papel de destaque, fazendo-o ponderar mudar de área. Como foi lidar com a possibilidade de talvez a representação não ser o seu caminho?
Nunca pensei que ia abandonar mesmo. O meu pensamento era: ‘vou tentar ir a castings, mas tenho de ter um plano b’. Nisto o meu pai antecipou-se, porque ele sempre me aconselhou vivamente – não é obrigar – a tirar um curso e eu tirei gestão de marketing, porque o meu plano b seria publicidade, uma agência de publicidade, ser criativo, qualquer coisa por aí. Então também não estava mal. Eu gosto de criatividade, de pensar em coisas novas e ter ideias, sou uma pessoa com muitas ideias e tenho sempre muita coisa para fazer. Mas seria sempre um plano b, porque iria sempre tentando a representação, mas é preciso ganhar dinheiro e tem de se fazer coisas. E ia ser feliz na mesma a trabalhar com qualquer coisa que fosse criativo.

Esse pensamento voltou a surgir nos últimos anos?
Não. Quer dizer, na verdade eu não dou nada como garantido. Eu acho que... não é estarmos sempre em risco, mas a verdade é que as coisas podem mudar a qualquer momento, portanto é ir juntando algum dinheiro, é ter sempre um plano b, porque as coisas acontecem. Nada é garantido. Agora estou desempregado, acabei ontem um trabalho, estou desempregado. Se lido melhor com isso agora? Óbvio. Antes acabava uma novela e ficava: ‘ai, ai, ai’. Agora não. Se aparecer alguma coisa apareceu, se não aparecer, vamos pensar noutras coisas, vamos arranjar uma alternativa, vamos fazer outro tipo de projetos, vamos fazer os nossos próprios projetos.

Acho que estou mais maduro nesse aspeto, estou mais adulto e não estou tão ansioso. Eu sou uma pessoa bastante ansiosa e, lá está, aí o desporto ajuda-me. Agora aproveito cada fase da vida, estou mais com as minhas filhas. É só uma questão de lidar com as coisas. Não é de ter um plano b, mas é de: ‘calma, as coisas acontecem e há-de surgir mais qualquer coisa. Senão, vamos trabalhar noutra coisa qualquer até aparecer outra oportunidade. Está tudo bem’.

O Tiago é pai da Camila, 2, e da Júlia, que nasceu em maio deste ano, fruto da relação com Rita Patrocínio. Como está a ser esta jornada da paternidade, agora com duas filhas?
Dura (risos), porque eu estive a gravar e então estava a gravar muitas horas e a dormir muito poucas horas. Hoje é o meu primeiro dia de férias, acabei de correr. Acordei muito cedo, quase não dormi. Agora é que vou aproveitar ser pai de duas, porque até agora só estive a apagar fogos. Quando estava em casa era para cumprir tudo, senão estava a trabalhar. Acho que agora é que vou começar a aproveitar e agora é que a Júlia, a mais nova, fica um bocadinho mais velha e dá para interagir mais. Até agora tem sido só não dormir, mudar fraldas, pegar ao colo, não chorar e é assim a vida de um recém-nascido, não há muito a fazer.

Em que é que a Rita o acrescenta?
Em tudo. A Rita é muito mais calma do que eu, graças a Deus. Lá está, eu sou muito ansioso. A Rita acalma-me, é muito mais normal do que eu, que eu sou meio maluco e ela dá-me todo o lado de calma e de serenidade que eu preciso. Dá-me muito mais equilíbrio. É um cliché, mas a Rita completa-me mesmo e eu só tenho a ganhar com ela, com o exemplo dela de viver, a maneira como ela leva a vida e só tenho a aprender. Todos os dias dou valor a estar casado com ela e ter uma mulher destas ao meu lado.