Usando como pretexto a sua participação em "O Clube", a grande série original da OPTO SIC, Daniel Oliveira chamou Vera Kolodzig ao seu "Alta Definição" para uma conversa franca, honesta e descontraída sobre a vida. Antes do apresentador, e diretor-Geral de Entretenimento e Diretor de programas da SIC, lhe perguntar o que diziam os seus olhos, já eles brilhavam à medida que a atriz recordava o pai, que perdeu em 2008, após uma queda.

"Quando recebes uma notícia daquelas, não queres acreditar. Tens de confirmar, porque sentes a necessidade de que haja essa confirmação. Foi muito doloroso, claro", começa por dizer. Sobre o que fica após uma perda destas, Vera Kolodzig não tem dúvidas de que fica "uma presença, uma vontade de transformação". Mas recorda que todo o processo foi "muito doloroso" devido à forma como tudo aconteceu.

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"Tive de lidar com muitas coisas ao mesmo tempo. Não só o facto de a morte do meu pai ser exposta numa revista, mas também por ter havido negligência médica envolvida. Foi um bocadinho complicado, mas fiquei muito agarrada a essa dor, à vontade de fazer justiça e de querer que houvesse um processo por negligência. Mas depois houve um momento, através da meditação, em que deixei ir. Nada poderia mudar o que ficou para trás", diz.

Sobre a sua relação com o pai, diz que embora o amor não fosse muito verbalizado, sentia "o orgulho" que ele tinha por ela. "Há uma presença [referindo-se ao pai]. Essa presença continua cá e sinto-a, e acho que ele também percebe que não preciso de estar sempre a falar disso [da sua morte e das saudades que sente do pai], para o sentir. Mas vejo muitas coisas dele no meu filho", continua.

Os novos "estilhaços", palavras de Daniel Oliveira, surgem na vida da atriz aquando do anúncio da separação de Diogo Amaral, em 2017. Embora assuma nunca ter falado disso publicamente, aceitou fazê-lo nesta altura, uma vez que é pública a condição de Diogo Amaral, que assumiu ter um problema de dependência e que conduziu ao internamento, por diversas vezes, em clínicas de reabilitação

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"O Diogo tinha um problema de adições e claro que isso afeta as relações mais próximas. Mas esse não era o único problema. Era também o facto de eu permitir. É importante haver essa auto-responsabilização. A partir do momento em que tinha o Mateus [o filho de ambos], também tinha de ter consciência do exemplo que lhe queria passar", refere. E embora refira que, além da dependência de Diogo Amaral, também o afastamento contribuiu para o fim da relação, isso nunca teve impacto da vida do filho.

"Ele [referindo-se a Mateus] era muito pequeno e não se lembra do pai e da mãe juntos. Lembra-se deles já separados, mas nós também fomos muito cuidadosos com ele, de maneira a nunca deixar que um qualquer conflito nosso passasse para ele. Fomos muito cuidadosos, até, com o anúncio da separação ao público, porque quando o fizemos [em janeiro de 2017], na verdade já estávamos separados há algum tempo."

E embora reconheça que o fim da relação implica, sempre, "um processo de luto", na medida em que é necessário aceitar que a desilusão de ver cair a ideia de "família perfeita", a atriz diz aprendeu a ser feliz e a ver nas relações como um acréscimo de felicidade e nunca uma dependência.