Entre a alimentação saudável e a gula, há uma barreira difícil de combater: a vontade de algo doce. Logo de seguida a essa vontade surge a confusão sobre o que é ou não saudável, em parte porque ultimamente têm vindo a ser desmistificadas ideias nas quais acreditámos durante anos. Parece que, afinal, uma bolacha apresentada sem açúcar pode não ser saudável e o mesmo acontece com os rótulos que dizem "biológico". Como saber então quando uma opção é equilibrada? A resposta está na baransu (que significa precisamente equilíbrio em japonês).
"Se fossemos a um supermercado, não conseguíamos encontrar algo que nos preenchesse os requisitos. Qualquer bolo é carregado de açúcar. E acho que ainda há muitas vezes a perceção de que 'ah é bio, é saudável'. Bio não quer dizer saudável. Mesmo nos bio, as coisas que existem a nível de pastelaria não são nada equilibradas. Foi aí que começámos naquela de 'e se, e se'", conta Sandra e Marta Mendes à MAGG.
E se lançassem o seu próprio bolo saudável? Foi isso mesmo que decidiram fazer: "Vamos pôr no mercado algo em que acreditemos e que nutricionalmente seja interessante", diz Sandra. E assim nasceu a baransu — um projeto cozinhado a quatro mãos pelas irmãs Sandra e Marta.
Sandra é a irmã mais nova, tem 37 anos, e o percurso nada tem que ver com culinária, embora seja útil para o projeto. É formada em Finanças e tem feito carreira em consultoria financeira "mas sempre com o bichinho pela parte da cozinha" — principalmente a técnica — colmatado com algumas formações na área ao longo dos anos. Contudo, as aprendizagens sempre foram para uso próprio e estavam ainda longe do sonho de um dia poder chegar a um público mais vasto dos 0 anos (ou dentes) a idades sem limite.
A oportunidade começou a aproximar-se quando Marta Mendes, de 40 anos, formada em Educação Especial e Reabilitação, decidiu dedicar-se ao cake design. "Aventurei-me um dia por piada a fazer uns bolos. As pessoas acharam giro, até tinha algum jeito para aquilo e comecei a entrar na parte do cake design", conta Marta, que ganhou um grande leque de clientes. "A minha irmã estava sempre a refilar comigo porque os bolos de cake design são muito 'maléficos', como ela dizia. Quando eram os aniversários tinha de ser um cake design, mas saudável. Então começámos a brincar um bocadinho por aí, a juntar as duas partes", continua.
O apelo de Sandra por alternativas mais saudáveis foi o ingrediente de peso para dar início à receita da baransu, ainda que a irmã mais velha reconheça que ambas têm essa preocupação presente. "Eu sempre fui ligada ao desporto, ela ligava mais à alimentação do que eu, mas sempre tivemos uma preocupação com o bem-estar", diz Marta. Já Sandra, que desde cedo começou a estar mais atenta à alimentação saudável devido a algum excesso de peso, acrescenta que a irmã sempre foi "mais sortuda em termos metabolismo", brinca.
Para dar vida à baransu, começaram por reformular uma loja de família em Almada e lá lançaram o projeto em 2018. Os primeiros bolos saudáveis e vegan surgiram em tamanho grande, mas o conceito ainda não estava no ponto e foi repensado, dando origem, no final de 2020, aos mini bolos.
Quatro sabores, combinações infinitas
Os bolos da marca que se posiciona como saudável, refletem também uma preocupação com a sustentabilidade. "O tema do biológico para nós era fundamental por uma questão nutricional e porque por detrás disso há um enquadramento a nível de agricultura e da forma como são explorados os recursos que é o que nós queremos", explica Sandra Mendes, acrescentando que têm feito um esforço por adquirir os ingredientes a nível nacional, algo que não é possível, por exemplo, no caso das tâmaras. A responsável reconhece ainda que a marca usa plástico, mas com o objetivo de garantir a qualidade do produto e evitar desperdício alimentar — que é também uma forma de sustentabilidade.
Mas, afinal, o que torna estes bolos saudáveis? "Uma das primeiras coisas que referimos é que os nossos bolos não têm adição de açúcar. Ou seja, todo o doce que eles contêm é o doce natural dos próprios ingredientes. Da tâmara, da cenoura, da maçã. Não necessitamos de juntar açúcar de coco, mel ou outros adoçantes artificiais ou naturais, que não deixam de ser açúcar, para dar o doce ao nosso bolo", explica Marta Mendes.
"O que quisemos em termos de ingredientes é que fossem o mais simples possível. As pessoas tinham de perceber tudo e a lista tinha de ser curta. Quando nós demorados cinco minutos a ler uma lista de ingredientes ou não a percebemos, é porque alguma coisa está errada", acrescenta Sandra.
Além de terem uma mini lista de ingredientes — dos quais não fazem parte produtos de origem animal — e serem feitos em mini doses, os bolos pensados para serem consumidos de uma vez são ainda práticos. Em tempos normais, as crianças podem levá-los para um lanche na escola, pode servir de snack pré ou pós-treino dos adultos ou, na realidade atual, para um pequeno-almoço rápido e com energia para enfrentar mais um dia de confinamento.
Pára tudo! Bolo ao pequeno-almoço? Sim. Pode adicionar num iogurte vegetal com fruta em vez de granola, numa smothie bowl ou usar barrado com pasta de abacate e ovo estrelado (de forma saudável) — as opções são infinitas e versáteis para qualquer tipo de regime alimentar, vegan ou não. Também pode simplesmente acompanhar um café, que vai bem com o best seller da marca: maçã e canela.
Há ainda combinações mais improváveis, como coco e lucuma, cenoura e especiarias (que parecem "os sonhos de cenoura do Natal", afirmou Sandra quando provou pela primeira vez), e limão e papoila. Para breve está ainda o lançamento de novos sabores, como um tradicional "chocolate, cacau ou alfarroba", avançam as irmãs à MAGG.
Para já, as novidades são os mini bolos, por 2,95€ a unidade e entre 11€ e 11,20€ os packs de quatro bolos de um ou mais sabores. Pode fazer a encomenda através do site (entrega por correios) ou comprar nos recentes pontos de venda: Miosótis (Lisboa) e algumas lojas Celeiro. Está também disponível nas lojas Mão de terra (Alcochete), 4Bio (Almada), Bioino (Parque das Nações, Lisboa), BioEscolha (Coimbra) e Mercearia Casas (Sines).