Rafael Gomes vai representar Portugal na sexta edição do Concurso Internacional de Gastronomia Profissional Chef Balfegó. O chef português de 31 anos foi considerado um dos melhores cozinheiros a trabalharem o atum-rabilho, que é tido como o rei dos atuns.
A 11 de setembro venceu a semifinal, que teve lugar na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa. "Éramos cinco. Tínhamos de enviar as fichas técnicas e de apresentar um prato de entrada com lombo de atum e um segundo com uma peça à escolha do atum, com uma hora para confecionar cada prato", explicou à MAGG.
"Tinha concorrentes muito fortes. Penso que me distingui pelas técnicas implementadas para realçar o atum. Fui um pouco mais dentro do português. A minha entrada era inspirada nos ovos rotos e juntei a trufa. No prato principal trabalhei com ananás dos Açores e peixe grelhado", disse-nos.
Ao ganhar esta fase, passou para a final, que se vai realizar a 23 de outubro em Madrid, na escola Internacional de Cozinha Le Cordon Bleu. O chef do Escama, no Porto, vai disputar o prémio contra um chef italiano, um alemão e cinco espanhóis. Aqui, terá de apresentar os mesmos pratos, mas numa versão melhorada.
"Não tivemos acesso à avaliação final do júri. Vou tentar puxar mais pelo atum", afirmou, em entrevista à MAGG, sobre a sua estratégia para esta competição europeia. O vencedor irá ganhar um troféu, um conjunto de facas japonesas especiais para o corte de peixe, seis mil euros em dinheiro e uma viagem ao Japão para duas pessoas.
O segundo lugar vai receber três mil euros e o terceiro mil. "Temos sempre vontade de ganhar. O prémio é grande e muito motivador, mas já ter chegado à final foi uma grande vitória. Procuro sobretudo divertir-me e fazer contactos. E conviver com grandes chefs do Mundo é sempre um gosto", nota Rafael Gomes.
É a primeira vez que este chef formado em gestão e produção de cozinha na Escola de Hotelaria do Porto participa num concurso. "Quando fiz a pré-inscrição, não me senti muito confortável, porque comecei a ver vídeos na Internet de vencedores anteriores, a ter noção da quantidade de estrelados envolvidos no concurso, e senti que não era capaz", recorda.
"Mas deram-me força e convenceram-me a tentar. Não tinha nada a perder", reconhece. "Sempre tive uma carreira mais de estrelados, de comida de conforto, e a onda do concurso foi desafiar-me um pouco e ver até onde conseguia chegar", justifica.
Rafael Gomes trabalhou alguns anos na alta gastronomia em Inglaterra, mas acabou por voltar para Portugal "por questões pessoais". Desde então, integra o Grupo Panorama, com o qual abriu quatro restaurantes, tendo-se tornado o chef executivo do grupo.
O júri da final deste concurso é presidido por Martín Berasategui (que detém doze estrelas Michelin) e composto por outros chefs, que somam, entre si, 16 estrelas Michelin. Elegem três vencedores avaliando o sabor, o aroma, a textura e a apresentação de cada prato, o equilíbrio dos ingredientes e a elaboração e o correto tratamento do produto.
O Chef Balfegó é um dos concursos de gastronomia mais importantes da Europa. Começou em 2017 por mão da empresa espanhola homónima, que tem ligações à pesca, ao cuidado, ao estudo e à comercialização de atum-rabilho desde o século XIX e que é a sua maior exportadora.
"Está a ser muito desafiante para mim voltar às minhas bases de alta gastronomia. A Balfegó é conhecida mundialmente. Sonho, um dia, poder ter o meu próprio restaurante. Se o concurso puder ser uma alavanca para isso acontecer, tentarei aproveitá-la ao máximo", concluiu.