O mais recente restaurante das Docas de Santo Amaro, em Lisboa, foi um projeto idealizado por quatro amigos. Manuel, António, Rodrigo e José têm, em comum, a paixão por boa comida e por poder proporcionar bons momentos a todos os que visitam o Contra. No local onde durante anos funcionou o Irish & Co, em Alcântara, encontra-se agora este restaurante com esplanada e vista direta para o rio Tejo, que conta com um mundo de sabores por descobrir (e não só).
Não é um mexicano, não é um bar, não é um restaurante de comida tradicional portuguesa. No Contra, a ideia é mesmo não arranjar nenhum conceito e satisfazer as necessidades e gostos de todos. Como? Basta pegar no menu para perceber que à mesa há espaço para o amigo que gosta de tacos, para o amante de ceviche, para o apreciador das carnes mal passadas, ou até para quem prefere ficar pelas opções vegetarianas.
É certo que aqui conseguirmos encontrar várias influências gastronómicas de matriz sul-americana, mas a inspiração vem de várias partes do globo, resultando num projeto que não se prende pelas regras.
"O Contra foi feito à nossa imagem, com pratos de que gostamos e que pudessem agradar não a um nicho, mas a muitas pessoas", conta à MAGG Manuel Bonneville, um dos sócios e responsável também por projetos como o Mez Cais, Mez Cais Lx e o Las Ficheras. Apesar da diversidade, o objetivo é sempre que aquilo que vai para a mesa seja da máxima qualidade possível e, por isso, os fornecedores são muito diversificados. "Comprometemo-nos a fazer muita coisa, mas boa", garantiu o sócio aquando da nossa visita ao espaço.
Visitámos o Contra numa quarta-feira à noite. Apesar de se tratar de um dia de semana, o espaço estava composto com grupos que, tal como nós, vinham para jantar, e outros que ficaram pelos copos e alguns petiscos.
A ementa, cheia de pratos apetitosos, dificultou-nos a tarefa na hora de escolher, mas decidimos seguir os conselhos de Manuel que não nos deixou desapontados. O Contra é o local ideal para partilhar, algo que nos agrada, pois assim conseguimos provar várias iguarias.
Para começar, foram-nos apresentados os tacos de camarão (9,80€) — compostos por camarão panado, guacamole, cebola roxa, pico de gallo, coentro e lima — seguindo-se o Ceviche Quase Clássico (10,60€), feito com peixe do dia, batata doce, cebola roxa, leite de tigre e chips de batata doce.
Veredicto: os tacos estavam bons, o ceviche ainda melhor, mas a grande surpresa foi mesmo o Tatare à Tuga (9,8€) com gema, pickles e crocantes — um dos melhores que já provámos. Para acompanhar, foi-nos servido o cocktail Barbie (7€), ideal para amantes de gin e apreciadores de bebidas frescas e leves.
Petiscos é o nosso forte e por isso por aqui continuaríamos, mas não queríamos ser do contra e sair sem provar um dos pratos principais da carta. Optámos pela carne (servida em pequenas fatias e muito tenra) acompanhada com corn n'cheese (4,20€), uma espécie de mac and cheese com milho e alface romana grelhada (3,80€). Por fim, rematámos com a Burnt Lemon Pie (6€), ideal para os amantes de lima e sabores frescos.
Saímos satisfeitos, mas com vontade de voltar para provar opções como os veggie croquetes (5,80€) ou o Contra Chicken Burger (12€). Talvez a próxima visita se faça a uma sexta-feira à noite ou a um sábado, altura em que, além da comida, o espaço se torna icónico pela música e ambiente de festa.
Sim, ouviu bem. É que o Contra, além de ser um restaurante cheio de opções gastronómicos, é também palco de festas com DJ que junta várias gerações ao longo do dia. "Somos um sítio que funciona para todos. Ao almoço há muitas famílias que nos visitam, mas depois temos também jantares de despedidas de solteiras, malta do rugby e recebemos também muitas pessoas que vêm só para beber um copo", conta Manuel.
Neste espaço com vista para o rio — que não passa despercebido mais que não seja por ter a conhecida escultura Maravilha,
o antigo ícone do Rio Maravilha, no LX Factory, da autoria de Leonol Moura — há lugar para 100 pessoas no interior e 120 na esplanada. Aqui, as refeições são servidas entre as 12h e as 23h, mas às sextas-feiras e sábados a festa prolonga-se noite dentro com DJ até às 4h.
Nestes dias, há também menus de grupo obrigatórios para mais de nove pessoas. O menu inclui couvert, tartare e ceviche (para cada duas pessoas vem um), uma dose de picanha ou uma corvina, sobremesa de chocolate e lemon pie para cada dois e cerveja, sangria e vinho à descrição: pelo valor total de 35€ por pessoa.
E esqueça a ideia de que precisa de se arranjar para aqui entrar, pois até nisso o espaço é do Contra. "Somos contra a ideia de que para se comer muito bem temos de estar muito bem vestidos. Venham diretos da praia, cheios de areia, mas venham para um tártaro que tem 11 passos até estar pronto", convida um dos sócios do projeto.
Além da música, o Contra pretende também apoiar, no geral, a arte. O espaço será palco para várias bandas, conhecidas e emergentes, destacando-se também enquanto local de exposições e exibições culturais.