A prima de António Abreu descobriu que era celíaca. Até aí, tudo bem dentro do que de bom pode ter uma doença que proíbe tudo o que sejam alimentos com glúten.
O problema surgiu quando, um dia, decidiram dar um passeio que envolvia lanchar em algum lado. "Não encontrámos um único sítio onde pudéssemos comer em segurança", explica à MAGG.
Ainda que isto tenha acontecido há já alguns anos, António nunca se esqueceu deste episódio. Mas, na altura, as preocupações eram outras. O empresário de 57 anos era dono de duas lojas de artesanato na baixa de Lisboa e trabalhava numa fábrica de produtos de pastelaria. No meio disso tudo, ficou doente e, ainda que já recuperado, tem como sequela a diabetes. "Agora também eu tenho algumas restrições quanto à alimentação", lembra.
Este foi o mote para juntar à sua história a da prima celíaca e, unindo as intolerâncias, abrir um espaço em que todos se sintam seguros a comer. É por isso que a 100 Glúten, uma padaria e pastelaria em Linda-a-Velha, não tem nada com glúten nem com açúcares refinados.
"O meu objetivo é ter uma montra cheia de toda a pastelaria mais tradicional portuguesa, mas numa versão mais saudável", explica. Para já, e ainda com apenas alguns dias de portas abertas, a altura é de testes. Ainda assim, o balcão já está cheio de opções.
Na parte da padaria, há bolinhas de sementes, pão de Mafra e pão de forma (9€/kg). Na de pastelaria, as opções vão desde empadas de frango (1,85€), fatia de bolo de chocolate (2,80€), crepes com mel ou compota (2,50€) e panquecas (4,50€), que podem ser servidas com chocolate e frutos silvestres ou doce de abóbora com manteiga de amendoim.
Para quem quiser almoçar, também há opção. À sopa do dia (1,50€), pode sempre juntar uma salada (5€), uma fatia de quiche com salada (4€), ou tosta — que pode ser de queijo, de fiambre, mista, de frango ou atum (2,85€ a 4,20€). Em breve, a 100 Glúten vai ter também disponíveis pratos do dia, pizzas e hambúrgueres. E também a pastelaria vai estar em constante mudança.
"Estamos já a trabalhar nas receitas de pastéis de nata, palmiers e tudo o que seja salgados tradicionais", diz António, dando a garantia de que tudo isto será feito sem glúten, claro, mas também sem açúcares refinados. Para já adoçam os bolos com frutose, mas estão também a testar um novo produto no mercado: o zùsto, feito à base de milho e chicória.
Uma vez que esta pastelaria se dedica apenas à produção sem glúten, conta já com a certificação da Associação Portuguesa de Celíacos.