Vamos então falar de poke. Pegamos numa taça, para lá deitamos um arroz pegajoso, uns pedaços de peixe cru, um molho que sirva para dar sabor e está feito. Pelo menos era assim que muitas vezes os restaurantes resolviam a questão de querer servir um prato-tendência, ainda que pouco soubessem sobre a arte de mistura comida do Japão e do Havai.
"Associamos o poke muito a take away ou a comida de centro comercial. Faltava em Lisboa um restaurante que servisse este prato com qualidade e num espaço agradável", explica o chef Luis Gaspar que, depois do Sala de Corte, restaurante onde a carne é protagonista, abre agora um, cujo nome é revelador de que o peixe aqui é quem manda. Big Fish Poke Bar está no Cais do Sodré, em Lisboa, desde meados de abril a servir este prato de origem havaiana, sempre acompanhado de uma carta de bebidas com inspiração asiática.
O peixe aqui dá nome ao restaurante e está presente em todos os pratos — ou quase, uma vez que existem dois poke vegetarianos.
Mas comecemos pelo Big Fish porque se há coisa que já aprendemos nestas lides gastronómicas é que, na dúvida, escolher sempre aquele que teve direito a ser batizado com o nome da casa. Este poke leva atum, arroz, cebola doce, cebolo, alga wakame, cebola crocante e um molho havaiano (18€).
Mas também há o Rainbow (18€), com direito a atum, salmão e corvina, o Aloha (16€), o Blue Ocean (14€), com cavala, o Tako (17€), com polvo e duas propostas vegetarianas. O Veggie Trufle (12€) leva tofu e o Rocky Pineapple (12€), o único que é feito sem arroz, leva noodles de curgete, abacaxi, edamame, cebola doce, jalapeño, fire sauce e pickles de gengibre.
Mas vá por nós e arrisque no arroz, até porque, segundo o chef, foram precisos muitos meses de teste até chegarem a consistência e temperatura perfeitas. "Ainda que seja feito com arroz de sushi, no sushi o arroz é frio e num poke tem que estar a 37 graus e servido com o peixe, esse sim, fresco", explica Luís Gaspar.
O chef fala enquanto emprata porque, no Big Fish, só há um balcão a separar o cliente da matéria-prima. São 20 lugares sentados à volta de um balcão oval e a partir do qual conseguimos ver tudo a ser preparado, tanto os poke como os cocktails, esses na mão de Fernão Gonçalves, que casa os sabores havaianos dos pratos com as bebidas tradicionalmente nipónicas. É o caso dos chás, a aguardente japonesa shochu e o sake, que aqui é servido em copo, jarra ou garrafa e que Fernão garante ser bem diferente daquele que os portugueses estão habituados a beber.
"O sake nem sequer é tão alcoólico como se pensa. É feito como uma cerveja, tendo em conta a fermentação, e tem o teor alcoólico de um vinho tinto", explica.
Começámos por isso com um cocktail, tivemos sake a acompanhar o almoço e para a sobremesa existe uma lista de chás pensada para cruzar sabores que se querem mais doces. No bule vem um chá quente de cacau e cardamomo, perfeito para acompanhar qualquer uma das três propostas da carta.
"Quisemos aqui misturar a Ásia, o Havai, mas também Portugal", acrescenta. É por isso que ao vulcão de chocolate feito com chocolate 70% Equador, wasabi, iogurte e sal negro do Havai (6€), se juntam as malasadas (6€), que os açorianos levaram para o Havai e o arroz doce que, ainda que seja feito com coco, manga e gelado de matcha, dá a volta ao mundo e sabe a Portugal.