Falamos aqui de jantares mas é uma da tarde. Nada que umas cortinas escuras e uma luz baixa não resolvam.
O restaurante Pintas, em Lisboa, abriu-nos portas para experimentar os jantares que vão passar a estar disponíveis no restaurante de quinta-feira a sábado e que, ainda que não aconteçam sem uma equipa na cozinha, têm como chef principal um holograma do tamanho de um polegar.
É o Le Petit Chef que conta a história deste jantar que é servido em seis pratos, mas que passa por meio mundo. É que o mote destas duas horas sentados à mesa são as viagens de Marco Polo e, por isso, os pratos servem para narrar uma travessia que vai desde a Europa ao Médio Oriente.
A diferença é que, nesta refeição, além de pratos com origem em vários países — que por si já seria uma experiência agradável — há ainda uma projeção 3D que faz com que a mesa à nossa frente seja uma espécie de Terreiro do Paço com videomapping. Há um chef, o tal Le Petit Chef, que, com um sotaque francês carregado, conta histórias e apresenta os pratos. Pratos esses que, felizmente, não são em holograma.
Em cima da mesa não há pratos nem talheres. Há sim um livro, a pedir que se abra exatamente a meio. É nessa tela em branco que são projetadas as imagens, desta vez, de oceanos, uma vez que as viagens de Marco Polo se faziam essencialmente por mar.
Aos olhos de quem está aberto a esta experiência, a mesa transforma-se em oceano revolto, que só apazigua quando nos pousam à frente o primeiro prato do menu. Dizemos prato mais por força de expressão. O que nos apresentam é mesmo uma mini mala de viagem que, ao abrir, deixa a descoberto duas pérolas com o título "Europa": bacalhau confitado com puré de grão e amêijoas à Bulhão Pato.
A viagem prossegue, desta vez pela Arábia, com uma tagine de cordeiro com cuscuz e um dip de pimentos e queijo feta. Podia vir num prato ou numa travessa? Podia, mas não teria a mesma piada. Aqui os pratos vêm numa caixa, a partilhar entre duas pessoas, onde consta também um cachimbo de água e um caderno onde se pode ir tomando notas do jantar, sabendo sempre que esses cadernos vão ser lidos pelos colegas de mesa.
Já na Índia, é servido um caril de camarão com arroz basmati e, mais tarde, nos Himalaias, uma espuma cítrica que, por obra e graça da química, só é servida depois de todos os convidados deitarem água numa base gelada, criando um fumo digno de vídeo para o Instagram.
Mas eram seis pratos, certo? Falta ainda o principal e o único sobre o qual nos deixam ter algum controlo. No início é dada a opção pato confitado, robalo ou tofu para servir de topping a um arroz com cogumelos, pak choi e molho de soja. Lá vem o nosso tofu, minutos antes do grande finale servido em forma de fusão de leite creme e arroz doce com açafrão e cardamomo.
Esta experiência, que chega agora a Portugal, começou em Abu Dhabi, no Hotel Ritz Carlton, e já passou por cidades como o Dubai, Londres, Genebra, Berlim, Istambul,Toronto e Xangai. Está agora implementada em 18 restaurantes e, em Portugal, é no Pintas, em Santos, que se pode usufruir de uma experiência que, apesar de ter diretivas prévias, conta com o toque da chef do restaurante, Katherine Reis.
O jantar temático é um projeto da Dinner Time Story, está disponível todas as quintas-feiras, sextas-feiras e sábados sob marcação e custa 95€ sem bebidas. Há a opção de champagne pairing, da Laurent Perrier, por 75€ e de wine paring da Herdade da Malhadinha Nova por 60€. Durante o mês de dezembro o jantar tem um preço especial de 75€ com oferta de um welcome drink (1 flute de champagne da Laurent Perrier)