A cozinha portuguesa está na moda. Nos últimos anos, assistimos a uma revolução gastronómica no nosso País, com cada vez mais restaurantes e conceitos a nascer pelo território, reconhecimentos internacionais e também vimos dezenas de chefs alcançarem outro patamar de estatuto — ah, e pela primeira vez, em 2024, até tivemos direito ao início das Galas Michelin exclusivamente para Portugal.
No entanto, é verdade que a alta cozinha e os menus degustação acabam por ser reservados apenas a alguns, dado os preços elevados. Mas e se lhe dissermos que encontrámos um restaurante com pinta, novo e onde um menu degustação (e focado em peixe, uma proteína habitualmente mais cara do que a carne) de sete momentos vai ficar bem abaixo dos 100€? E sim, mesmo com harmonização de vinhos, continua a não chegar aos três dígitos.
Falamos justamente do Guelra First Floor, o novo restaurante que eleva a experiência do Guelra, onde no piso superior do espaço em Belém (como o próprio nome indica) pode experimentar a proposta de degustação de Manuel Barreto, chef executivo.
"Tentámos ser o mais democráticos possível a nível de preços", conta o chef à MAGG. "Temos um preço que nos parece mais do que justo para um menu de sete momentos, onde mesmo com o pairing, não chega aos 100€", salienta Manuel Barreto, que também explica que a escolha do peixe servido diariamente pode ser alterada.
"A estrutura do menu é praticamente a mesma, mas as proteínas, neste caso os peixes, podem mudar de dia para dia. Isto porque também vivemos do peixe que está disponível no dia e a que preço, dado que temos de jogar para manter este valor de menu", explica o chef.
No entanto, o objetivo é que os clientes sejam surpreendidos com o que vão comer, sendo o menu detalhado revelado apenas no final. "Não queremos que o cliente esteja a olhar para um papel durante a refeição, sempre a ver o que vai comer a seguir", diz Manuel Barreto.
Uma viagem gastronómica que já queremos repetir
"Neste momento, temos uma carta que reflete uma viagem pelo Japão, com alguns pratos que existem na carta de almoço e outros novos", salienta o chef sobre o menu degustação disponível ao jantar atualmente. A lógica do Guelra First Floor é ter a inspiração de uma viagem em cada proposta, arrancando assim, desde a abertura em dezembro do ano passado, pelos caminhos do país asiático.
"Desejamos que embarquem e desfrutem de uma viagem gastronómica que reflete a antiga história das transações comerciais entre Portugal e o Japão (...) ainda hoje temos pratos, sobremesas e até mesmo palavras que têm origens cruzadas e fazem parte da realidade destes dois países. Foi essa mistura de técnicas, produtos e filosofias que serviram de inspiração para o nosso menu, respeitando aquilo que é a nossa identidade", pode ler-se no origami entregue aos clientes no início da refeição e que abre as hostes para o que se segue.
E embora o Guelra First Floor queira manter algum mistério, revelamos-lhe os pratos que provámos aquando da nossa visita ao espaço. A primeira paragem desta viagem é uma ostra com lima e patchouli, e uma espécie de croquete de atum, aipo, maçã granny smith e chalota negra. A ostra estava fresquissíma, mas temos de assumir que o croquete foi a estrela deste primeiro momento, e comíamos mais três sem pestanejar.
De seguida, claramente o prato mais fora da caixa deste menu: uma panqueca de carabineiro e caviar, com uma textura super fofinha e um sabor intenso (no melhor sentido possível) a carabineiro, que nos fez pensar várias vezes em como é que já tínhamos comido dois pratos tão surpreendentes e bons num menu que pensa na nossa carteira.
E porque pão é vida, o couvert chega com um azeite delicioso e duas propostas da Padaria Soares, que o chef Manuel Barreto afirma tratar-se já de uma parceria. "Fazem esta receita de pão para nós", adianta.
Seguimos caminho na viagem com o sashimi de peixe do dia com miso e vinagre de arroz, neste caso o esturjão, mum prato que pisca o olho ao famoso sushi. O quinto momento é composto por um ramen de lula, cozinhada no ponto e com um caldo saboroso e aconchegante.
Ainda antes da sobremesa, o último prato principal é o peixe do dia, veloutte de sake, topi negro e cogumelos shitake, no momento final da refeição antes dos doces que pretende fazer as vezes daquele prato de conforto, normalmente com carne, com que habitualmente são fechados os menus degustação. O peixe (robalo) estava super bem cozinhado, bem acompanhado pelos cogumelos e pelo molho aveludado. No que toca aos doces, a refeição terminou com uma pêra nashi, shochu de batata doce e camomila.
O menu degustação de sete momentos do Guelra First Floor custa 60€ por pessoa, e caso deseje harmonização de vinhos nacionais, terá de pagar um valor adicional de 35€ por pessoa — o que coloca o menu com bebidas nos 95€ por pessoa. Para facilitar o serviço, o turno de jantar começa a partir das 19 horas.
Para além deste menu de jantar, pode também provar o menu de almoço, composto por três momentos de entrada, prato e sobremesa por 30€ (sem bebidas), podendo escolher as opções da carta disponível no restaurante tanto ao almoço como ao jantar, e onde existem propostas como ostra especial (4€), ramen de lula (22€), tártaro de atum (18€), entre outras opções.
