A Cervejaria Liberdade é um daqueles restaurantes que nunca deixam ninguém ficar mal. Está lá tudo. Os pratos clássicos e maravilhosos da cozinha portuguesa, um ambiente que tem o seu qb de sofisticado e descontraído, gente que sabe receber e trata os clientes da casa pelo nome e umas janelas infinitas que levam a Avenida da Liberdade para dentro do restaurante. É um espaço que nunca compromete, sem falhas, e onde podemos levar a família que nos vem visitar a Lisboa, um amigo estrangeiro que quer conhecer a gastronomia portuguesa, ou a namorada ou namorado para um jantar especial. Cabe lá toda a gente, cabem lá todos os motivos para se querer comer (bem) fora.
A Cervejaria Liberdade já era isto tudo, e agora é isto tudo e um bocadinho mais. Isto porque mesmo à entrada do restaurante, que fica dentro do Hotel Tivoli, abriu agora um bar de ostras e champanhe, a pensar em todos aqueles que gostam de ostras e champanhe, pois, mas também de petiscar qualquer coisa ao final do dia para abrir o apetite para o jantar, enquanto deitam conversa fora com um amigo ou vão relaxar com um colega depois do trabalho. A MAGG foi experimentar o Oyster & Champagne bar da Cervejaria Liberdade e, por nós, ainda lá estávamos a comer. Mas já passava das cinco, tivemos de abandonar (mesmo não tendo uma consulta — é uma piada, quem não percebeu pode ir aqui).
O espaço acabado de inaugurar é sofisticado, com mesas e bancos altos, que remetem mesmo para o petisco de fim de dia, o comer alguma coisa, beber um copo, degustar, e depois irmos à nossa vida. Se quiser abancar no conforto da cadeira e passar horas à mesa tem bom remédio, dá cinco passos ao lado e vai à Cervejaria. Toda a decoração remete para o universo Piper-Heidsieck, o champanhe francês preferido de Marie Antoinette, criado em 1785, com todos os seus vermelhos, dourados e o verde da garrafa. Está lá tudo isso no oyster bar, em forma de decoração pensada com quem sabe do assunto.
À mesa chega champanhe Piper-Heidsieck, claro, em flûte, em garrafas de 37,50cl ou das grandes, com 750cl. Uma flûte de brüt fica-lhe por 19€, se quiser ir para o rosé sauvage já chega aos 23€. As garrafas vão dos 45€ (brüt, 37,5cl) aos 120€ (rosé sauvage, 75cl). Se for daqueles mesmo apreciadores pode experimentar o Piper-Heidsieck blanc de blancs, um monocasta chardonnay, que já chega aos 135€ por uma garrafa de 75cl.
Mas a ideia não é só beber champanhe (se quiser, pode, claro, mas fica a perder). O pairing com as ostras torna tudo melhor, o champanhe e as ostras. Provámos as três variedades, as de Aveiro (5€/unidade), Setúbal e Algarve (4€). É relativamente fácil distingui-las, sobretudo pelo tamanho. As do Algarve são sempre mais pequenas, mas com sabor mais intenso e mais salgado. Para nós, as mais saborosas. As de Aveiro, pelo contrário, são as maiores, mais carnudas, mas também eram as que tinham um sabor menos forte, embora estivessem no ponto certo. As de Setúbal acabaram por ser a escolha certa, já que eram bem maiores do que as do Algarve, mas igualmente deliciosas e quase tão carnudas como as de Aveiro. Mas é aquele caso em que se deve dizer, venha o que vier, está perfeito. E estava.
Se a ideia for passar das ostras a outros petiscos, também sai daqui com o estômago em festa. Só para ninguém dizer que nos fomos embora sem ter provado os croquetes de novilho (8,50€, 2 unidades), um clássico, fizemos o jeitinho. Bem recheados, com sabor intenso a carne, só pecaram pelo tamanho — quando a coisa é mesmo boa, apetece não parar, e a verdade é que os croquetes voaram tão rápido que tivemos de pedir mais dois, só mesmo para termos a certeza de que eram divinais. E eram. Mas na dúvida se calhar passamos lá no fim de semana, só mesmo para garantir.
Chegou à mesa ainda uma casquinha de sapateira (21,50€), muito bem recheada, cremosa, com sabor forte, acompanhada de umas tostas ainda quentes ligeiramente barradas com manteiga. Só para fechar a trilogia de mar, provámos ainda um camarão tigre grelhado (17€), bem cozinhado, grande, mas que se tivesse mais uns centímetros garantimos que não íamos apresentar queixa.
Foi mais ou menos nesta altura que percebemos que por muita vontade que tivéssemos de ainda irmos ao pica-pau do lombo de novilho (26,50€), já não dava. A ideia era petiscar, não era jantar e ficar cheio até às duas da tarde do dia seguinte, por isso guardámos para outro dia. Isto tudo, foi sempre acompanhado por flutes brüt de Piper-Heidsieck, mas não podíamos ter deixado de fora da degustação o cocktail especial da casa, o Monsieur Piper, feito com o champanhe, com vodka, framboesas e licor de pêssego. O sabor doce, intenso, contrasta com a secura do brüt o que fez uma combinação perfeita e ajudou a um pairing mais variado.
Para quem quer uma experiência completa a dois, em que pode petiscar duas ostras de cada variedade, e beber duas flûtes de champanhe, o oyster bar tem um preço especial de 55€, para as horas normais, ou 45€ se for entre as 16h30 e as 18h30.
Então, no fim de semana voltamos para os croquetes, OK? E já agora para o pica-pau.