Restaurantes italianos há muitos. Já espaços com boa comida, receitas originais e produtos 100% característicos, que unem tudo isto a um local bonito e a uma vista desimpedida do Oceano Atlântico, são raros, mas é justamente esse conjunto de coisas maravilhosas que pode encontrar no novo Gusto - Pizzeria da Guia, o mais recente restaurante da Casa da Guia, em Cascais, que nasce de uma vontade antiga de uma das sócias.
Magda Monteiro, sócia fundadora do Gusto e de outros dois espaços na Casa da Guia, incluindo o Paladar da Guia, tem uma relação forte com Itália, bem como Diogo Leste, outro dos sócios do novo restaurante italiano, e também filho da empresária. "O pai do Diogo era jogador de hóquei em patins, e estava numa equipa italiana quando o nosso filho nasceu. O Diogo ainda viveu lá ano e meio", recorda Magda durante o almoço de imprensa onde a MAGG teve oportunidade de provar a oferta do espaço.
A ideia de ter uma pizzaria marinou na cabeça da empresária durante três décadas, dado que chegou a ter um espaço do género há cerca de 30 anos. Mas, para voltar a apostar nesse segmento, Magda Monteiro precisava do local certo — e do parceiro ideal. "Este espaço onde agora é o Gusto vagou e o administrador da Casa da Guia ligou-me. Sabe que eu trato bem dos sítios, e a verdade é que se não fosse aqui, junto dos meus outros espaços, era muito mais difícil em termos logísticos", diz, com um sorriso. Depois de uma renovação praticamente total, só faltava o mestre de cerimónias, e é assim que surge o nome do italiano Roberto Mazapelle.
"Se não fosse ele, não tínhamos esta qualidade. Foi-nos muito recomendado e estamos muito felizes de o Roberto ter dito que sim ao desafio", refere Magda Monteiro, que juntamente com Diogo Leste, apostaram as fichas todas — e bem — no chef que chegou a Portugal há cerca de oito anos, depois de ser desafiado pelo também chef Chakall para abrir as portas do Refeitório Senhor Abel.
"Conheci o Chakall na Alemanha, onde trabalhava, e ele falou-me de Portugal, mas eu não tinha bem a certeza. Até que quando finalmente deixei o frio da Alemanha para trás e fui recebido com o calor português, aqui fiquei", recorda Roberto Mazapelle, que tem agora o desafio do Gusto pela frente.
"Não é fácil fazer cartas de restauração, mas criatividade não me falta, e não é difícil criar pratos na gastronomia italiana, sendo que gosto de ser fiel às bases originais. Tanto o meu avô como o meu pai eram grandes cozinheiros em Itália, e gosto de explorar o passado da comida caseira. Olhei para o espaço, para o que a Magda e o Diogo também já têm no Paladar, e percebi o nível que tinha de alcançar", refere o chef italiano, que salienta ser um fã de métodos antigos, de maturação e de cozinhar a massa e as pizzas de forma mais lenta. E claro, de produtos originais.
E não entra nada na cozinha de Roberto Mazapelle que não seja italiano. "Aqui é tudo 100% italiano. Não é que Portugal não tenha produtos bons, que tem muitos, mas se quero fazer as coisas da forma clássica, original, tenho que ter os ingredientes originais. Mas, com o tempo, quero integrar alguns produtos portugueses para os valorizar e já estou a pensar nisso."
Faça um favor a si próprio: não saia da Casa da Guia sem provar o tagliatelle do Roberto
Em soft opening até ao final do março de 2023, foi há pouco mais de uma semana que o Gusto arrancou a todo o vapor. E mesmo com pouco tempo de existência, Roberto Mazapelle já consegue eleger os pratos mais pedidos pelos clientes, sendo que avisa já que esta não será uma carta estanque. "É uma carta para começar, para ir subindo devagar, sendo que quero incluir coisas novas de forma frequente, para existirem sempre novidades", revela o chef.
Mas, calma, que não nos esquecemos dos tais best-sellers. "A pizza Gusto sai muito, o tagliatelle gamberi e os gnocchi quatro queijos também, é um prato que tem corrido muito bem", revela Roberto Mazapelle.
E como em equipa que ganha, não se mexe, foram justamente estas propostas que tivemos oportunidade de provar. Mas antes dos ditos pratos principais, vale a pena perder tempo em entradas como o rolle vulcano (14€), onde a massa da pizza chega em doses individuais recheada de mozarella, ricota e salame picante, ou na burrata al tartufo (17€), onde a nobre burrata é acompanhada de pétalas de trufa, tomate semi-seco e pecorino romano, sendo que existem outras opções clássicas como focaccia ou carpaccio, entre outras.
Na carta, existe também uma grande variedade de pizzas, como a siciliana (17€), com anchovas, cebola e azeitonas, ou a mafiosa (21€), com fiambre, cogumelos, azeitonas e ovo, mas a estrela da companhia é mesmo a Gusto (23€). Composta por cogumelos porcino, bacon, scarmoza fumada e pão ralado, para além do molho de tomate e da mozarella, claro está, a massa era estaladiça nas bordas, fina sem se partir, e só queríamos poder comer este queijo fumado todos os dias da nossa vida. E o pão ralado? Não entendemos exatamente como nem porquê, mas dá o toque crunchy final.
Já no que diz respeito às massas, a oferta é mais pequena, mas sem qualquer demérito para as restantes opções, esta secção da carta ficava mais que bem entregue apenas com os gnocchi quatro queijos (15€) e o tagliatelle gamberi e zucchine (17€). No caso dos gnocchi, a combinação dos queijos gorgonzola, parmesão, provola e scarmoza fumada não é nada enjoativa, muito pelo contrário, e resulta num molho delicado e saboroso. Quanto ao tagliatelle, não temos estudos para descrever o que se passou com as nossas papilas gustativas, que fizeram uma ovação de pé a esta massa fresca com camarão e um delicioso molho completo com natas.
Nas sobremesas, como não podia deixar de ser, o tiramisù (8€) marca presença, nesta receita que é original e sem invenções de maior, garante o chef do Gusto. Mas dê também uma hipótese à pannacotta (6€), e termine com um digestivo de meloa — diga que vai da nossa parte.
Aberto todos os dias, o Gusto não fecha, e tem serviço contínuo do almoço ao jantar. E sim, pode mesmo comer uma pizza às 16 horas que ninguém leva a mal.