E pronto, lá vem mais um orgânico, sustentável, biológico, vegetariano, light e detox juntar-se aos já muitos restaurantes do género em Lisboa. Atenção, não é uma crítica. Coisas boas nunca são demais.
Mas perante um boom de restaurantes saudáveis em Lisboa, ler a palavra 'organic' no nome de um novo espaço, faz logo antever um menu feito sem carne, à base de saladas, quinoas e abacates.
Não é que no Mami Organic Food, o novo restaurante do Picoas Plaza, não tenha na ementa saladas, quinoas e abacates, mas e se lhe dissermos que o ponto alto da lista são hambúrgueres e que pode ainda escolher entre um éclair ou um pastel de nata para sobremesa?
Por estes lados, o saudável não perde sabor e, seja num hambúrguer de vaca ou uma salada de tempeh, a certeza é a de que tudo é servido com produtos livres de herbicidas, pesticidas, fungicidas, e de qualquer químico na sua composição.
Este novo restaurante apresenta-se, segundo o grupo de quatro amigos que se juntou para o abrir, como "a alternativa que vem dar resposta a uma crescente procura e preocupação em ingerir alimentos que possam verdadeiramente alimentar o corpo, de forma consciente e saudável, e também a alma, com o conforto do palato".
E se é de palato que falamos, saiba-se que aqui os "meninos da mamã", ou da Mami, neste caso, são os hambúrgueres, todos feitos com, no mínimo, dez ingredientes biológicos. Foram desenhados pelos chefs de serviço, Diogo Conde e Fábio Rodrigues, que criaram receitas que só pelo nome já dão vontade de trincar. O "De Barrancos à Terra Saloia" é feito com hambúrguer de vaca, coleslaw fermentado, presunto, ovo a baixa temperatura, avelã e espinafres (12€); já o "Da Ásia ao México" leva hambúrguer de vaca, brás de legumes cremoso, cogumelos silvestres, pó de shitake, paprika fumada, espinafres, alface e tomate (11,5€). Há ainda o "Médio Oriente Vegan" com hambúrguer de húmus, lima, paprika fumada, sésamo, ketchup de cogumelos, abacate, coentros, chutney de tomate em pão pita (9,5€).
Apesar de ter a carne como ponto forte, há opções para todos os gostos. Além deste hambúrguer sem proteína animal, há ainda salada de tempeh, com azeitonas, curgete, pesto genovês, limonada e frutos secos (7,5€) ou o brás de legumes, feito para partilhar, feito num torricado de pão (7,5€).
As sobremesas merecem que se deixe um espaço exclusivo para elas num estômago já bem confortado, até porque não é comum encontrar opções como pavlovas ou éclairs num restaurante com o selo de orgânico. Mas elas existem e são todas feitas sem açúcar e, claro, com ingredientes biológicos.
A pastelaria do Mami está a cargo do chef Francisco Pavia e pode ser pedida depois de uma refeição ou na parte da cafetaria do restaurante, onde são servidas torradas e tostas, além de pão para venda ao público. Toda a padaria é feita através do processo de fermentação natural e são usadas apenas farinhas biológicas na produção dos pães que podem ser de alfarroba (3,4€/kg), abacate e cenoura (4€/kg), cereais (3,4€/kg, malte (3,4€/kg) ou de nozes e sultanas (4,6€/kg).
Toda esta oferta gastronómica está mesmo a pedir uma carta de bebidas a emparelhar. A partir do meio-dia, no bar, há sumos naturais feitos na hora e, mais a partir do fim da tarde, aconselhamos uma análise atenta à lista de cocktails de Bruno Francesc, barman do espaço, e especialista neste registo orgânico, do qual o Mami dispõe de perto de 40 referências de bebidas espirituosas e semi-espirituosas.
Falta só referir que o Mami é enorme: são mais de 700 metros quadrados, com lugar para duzentas pessoas sentadas, ainda que os DJ presentes para os eventos 'after work', que acontecem a partir das 17 horas, peçam que se levante da cadeira.