Kiwi, laranja, limão, maçã, morango, nêspera e tangerina. É com esta lista de ingredientes digna de uma salada de fruta que Samya Bruçó — ou Sam, como todas a conhecem — pinta a primeira página do menu da cafetaria que acabou de abrir na Fundação Árpád Szenes-Vieira da Silva, em Lisboa. É que em março e abril, são estes os reis da carta, a fazer companhia à abóbora, à acelga, ao agrião ou à beterraba. Tudo produtos da época e todos usados na cozinha que Sam defende e que quer que seja natural, saudável, mas com todo o sabor.
Sam, 32 anos, aprendeu a comer bem quando, há uns cinco anos, se via com peso a mais e energia a menos. "Comecei a fazer exercício e a comer melhor e foi aí também que descobri que é possível fazer comida saborosa sem açúcares, farinhas e processados", conta à MAGG.
E foi nas sobremesas sem açúcares e farinhas refinadas que se refugiou quando nem o curso em artes nem os trabalhos em restaurantes a preenchiam. "Trabalhava muitas horas e depois de o meu filho ter nascido, percebi que não queria isso para mim", explica. Já que fazia bolos que a família e os amigos gostavam e tinha uma paixão antiga por cozinha, decidiu criar uma marca, que batizou com o seu nome, e começar a fazer sobremesas saudáveis que vendia por encomenda.
"Foi um sucesso que eu não estava à espera", admite. Brownies, trufas, ovos da Páscoa, sobremesas de Natal começaram a sair de tal forma que a cozinha de sua casa começou a ser pequena para tantas fornadas.
Ainda viu umas lojas em Lisboa, mas as rendas eram incomportáveis. "Até que um dia, enquanto lavava a loiça, lembrei-me: 'E se fosse um cafetaria de museu?". Secou as mãos, sentou-se ao computador e escreveu as palavras "concessão", "cafetaria", "museu", "Lisboa". Resultado? Um concurso recente para a cafetaria da Fundação Árpád Szenes-Vieira da Silva, no jardim das Amoreiras.
Apresentou uma candidatura e foi a escolhida. Afinal, quem é que resiste a um menu com tapicoas de banana, tostas de presunto e pera, pão da Gleba e brownie de batata doce?
Bolos, brunchs e pratos do dia
Ainda que viva em Portugal há 14 anos, Sam é brasileira e isso nota-se nalguns dos pratos que escolheu para o menu do Sam — herdou o seu nome e o nome pelo qual os seus bolos já eram conhecidos. Na secção das bowls há uma de frutos vermelhos e açai (5€) e das tapiocas, as opções são banana e pasta de amendoim, mozzarella e tomate ou ovo mexido e queijo (4,5€).
Mas há mais, até porque este é um café pensado para pequenos-almoços, almoços e lanches. Além de várias opções de tostas e saladas, todos os dias há uma sopa (1,5€), um prato do dia (6,5€) e aos fins de semana há brunch.
Na Combinação Vieira Café (10€), o brunch conta com pão de trigo barbela da Gleba, bolo, ovos mexidos, iogurte com fruta e granola, queijo, presunto, compota sem açúcar, manteiga, bebida quente, sumo e café. A Combinação Sam é composta pelo pão da Gleba e pão de batata doce, bolo de banana, iogurte com fruta e granola, batata doce recheada com frango, sopa, ovos mexidos, queijo fatiado, queijo fresco, compota, manteiga, mel, bebida quente, sumo e café. Já na Combinação Vegan (10€) há pão, tapioca salga, bolo vegan, iogurte vegetal com granola e fruta, sopa, húmus, palito de vegetais, compota, pasta de amendoim, bebida quente, sumo e café.
Mas também há bolos, muitos, e todos sem açúcares e farinhas refinadas. As opções vão variando consoante a imaginação de Sam, mas é normal que por aqui encontre alguns clássicos como o brownie de batata doce (2,5€), bolo de banana (2,5€) ou o bombom de cenoura com doce de leite de amêndoa (3€).
Ah, e para o verão, Sam está a testar os sabores para gelados caseiros. É uma questão de ir lá espreitar assim que o calor chegar.