Já lá vão dois anos desde a última vez que nos foi permitido explorar os bairros lisboetas durante os Santos Populares com muito cheiro a sardinha, multidões e música pimba à mistura. Mas como tudo tem o seu lado bom e mau, redescobrir bairros como Alfama sem a enchente das festas populares pode ter os seus benefícios. Um deles foi a descoberta do restaurante Santa, um espaço de comida deliciosa aberto no início do desconfinamento, em Alfama, com a Sé de Lisboa como inspiração para um dos melhores pratos de sempre — e que prato.

Do lírio ao saké de romã, 6 coisas (maravilhosas) a não perder no Uddo, o novo asiático do Algarve
Do lírio ao saké de romã, 6 coisas (maravilhosas) a não perder no Uddo, o novo asiático do Algarve
Ver artigo

O nome Santa veio da ideia de homenagear a ligação do bairro de Alfama à religião, e o conceito do restaurante de Danilo Dantas e Renato Rosconi é idealizado para os apreciadores de boa comida tradicional, com um twist cosmopolita. E porque aqui, "santos da casa fazem mesmo milagres", as opções da carta ainda piscam o olho aos sabores do outro lado do oceano, e há elementos brasileiros que só fazem os pratos ganhar.

Santa
O Santa tem sala interior e uma pequena esplanada

A decoração é simples, mas atual. O ambiente acolhedor, mas também animado na medida certa. E animado pelas conversas dos clientes, e não pela música ambiente aos altos berros que não nos permite ter um diálogo com a pessoa à nossa frente — caros restaurantes, isso é só (muito) aborrecido.

Numa quente noite de verão, a MAGG visitou o Santa para jantar, já com algo debaixo de olho. Afinal, o Tártaro da Sé (14€) é um dos pratos da nova carta de verão do restaurante, e muito elogiado nas redes sociais. Cumpriu? E se cumpriu. Feito com salmão fresco cortado aos cubos com uma emulsão do chef, finalizada com ovas de wasabi para um extra picante perfeito, sobre uma espécie de tosta negra, este tártaro (quatro unidades) é tão bom que não resistimos a pedir uma segunda dose ainda antes dos pratos principais. Gula, claro que sim — mas valeu tanto a pena.

Tártaro da Sé
Melhor tártaro de salmão da cidade. Não há concorrência.

E já que sabíamos de antemão que iríamos pedir um tártaro à base de peixe, porque não tentar ver se o de carne igualava a qualidade? Para completar as entradas, experimentámos o tártaro de carne (14€), feito com lombo de novilho, gema de ovo, e vermicelli frita, que manteve a nota alta do de salmão e é uma alternativa igualmente fresca.

A acompanhar as entradas, não resistimos ao Pisco Sour (10€), mas acabámos por nos render à maravilhosa sangria de maracujá e maçã verde (25€ o jarro) que acabou por também acompanhar a refeição. E depois de espalharmos a palavra sobre as caipirinhas de maracujá do Lat.A serem o melhor cokcktail de verão da cidade, encontrámos aqui um candidato que nos obriga a declarar o empate técnico de maracujá.

Sangria
Ainda estamos a sonhar com esta sangria.

Nos pratos principais, também não deixámos de lado a frescura: os eleitos foram o Até Sabe a Pato (17€), uma perna de pato confitada com risotto de laranja, ideal para uma refeição mais composta no verão devido à qualidade da carne e a subtileza do risotto; e o Samba no Pé, Santa na Sé (21€) — que podia ser o nome de um samba de Martinho na Vila, mas não —, uma alternativa a piscar o olho ao Brasil, com lombo de novilho, mandioca frita, farofa, molho de feijoada e ovo a baixa temperatura. A carne? No ponto. O ovo também. E nem me façam falar da farofa e do molho de feijoada.

Pratos
Os pratos principais

E apesar de o meio da refeição ter sido maravilhoso também, o início foi muito forte com os tártaros e ainda mais no final. Porque para além de ser memorável pedir uma sobremesa chamada "ajoelhou, vai ter que rezar" — e deixamos o desafio de não entoar esta expressão como Caco Antibes, da série de humor brasileira de sucesso "Sai de Baixo" —, o prato (9€) é saboroso até mais não. Falamos de uns mini churros leves, com requeijão de cabra com mel, caramelo salgado e crumble. Podemos voltar sempre ao Santa para pedir esta sobremesa?

Sobremesa
Não deixe de pedir o ajoelhou, vai ter que rezar. Por mais cómico que seja fazer este pedido.

Com nota mais do que positiva, só queremos regressar ao Santa, onde pode escolher por se sentar no interior ou na pequena esplanada, virada mesmo de frente para um pequeno bar, também com esplanada. Ah, e quando acabar de jantar, atravesse a rua e beba um Porto tónico. Não se vai arrepender.

Morada: Rua São João da Praça 103, Lisboa
Telefone: 218 872 359
Horário: 9h-00h