Tudo neste espaço é multicultural e percebemos logo quando o dono, que se apresenta como Stephane Grassi, fala num português perfeito.
É que ainda que tenha nascido em Portugal, herdou do pai o nome francês e, entretanto, já correu o mundo. Viveu em Bruxelas, em Itália e no Dubai e casou com Rana, uma libanesa que lhe mostrou que o que de melhor se come no mundo está no Médio Oriente.
Quando voltaram a Portugal, há um ano e meio, a ideia era deixarem o mundo corporativo no qual estavam inseridos — trabalhavam para grandes cadeias de hotéis — e dedicarem-se a um negócio próprio. "Começámos a pensar naquilo que mais sentíamos falta cá em Portugal e encontrámos a resposta muito rapidamente: a comida", conta à MAGG Stephane, já sentado na esplanada na qual concretizou esta vontade.
Abriu o Shish, nos Restauradores, em Lisboa, para servir street food libanesa com os sabores mais autênticos que conseguiu encontrar. O chef veio de Beirut e as receitas seguem as normas mais tradicionais e, por isso, prepare-se para provar aqui falafel, shawarma e babaganoush diferente do que está habituado a comer por cá.
O falafel é feito com grão, é certo, mas também com favas, como acontece no Líbano. O babaganoush, servido muitas vezes como um dip, aqui é feito de maneira a parecer-se mais com uma salada, com a beringela cortada em pedaços pequenos — e não triturada — com tomate, pimento e cebola roxa. Já a shawarma, o prato preferido de Stephane, é feito com especial atenção. "O nosso chef é sobrinho da primeira pessoa a abrir um sítio de shawarma em Beirut", conta, depois de confidenciar que assim que chega à casa da sogra, já sabe que tem à sua espera aquele wrap especial de carne.
A carne é comprada em tamanhos grandes e cortada no restaurante. Depois de marinada e cozinhada, é enrolada em pão pitta, ao qual se junta, no caso da opção de frango, alface, pickles, batatas fritas e taum, um molho libanês feito à base de alho. A de carne de vaca leva salsa, pickles de nabo, cebola roxa e molho tarator.
A shawarma aqui é de frango ou vaca e servida em formato sandes (7€) ou no prato (9€). Para o sque dizem não à carne, há sempre o falafel, também servido das duas formas (6,50€ no pão, 7,50€ no prato).
Mas como libanês que se preze, o Shish também tem mezze, ou seja, pratos de partilha, em forma de saladas ou dips para barrar no pão típico. Há húmus tradicional (4€) e com especiarias picantes (4,25€), babaganoush (4,75€) e moutabbal (4,75€), feito com beringela assada e molho de sésamo. Há também a típica salada fattoush, com pão frito, molho sumac e melaço de romã (6,25€) e a tabbouleh, com salsa picada, tomate, bulgur e sumo de limão (4,75€).
Há ainda três sobremesas: baklava, mohallabieh e moghleh, todas a 4€. A primeira, mais conhecida de todos, é feita com massa filo e nozes. Já a mohallabieh é uma espécie de pudim de leite com água de rosas e frutos secos e a moghleh, tradicionalmente servida sempre que nasce uma criança, é feita com farinha de arroz, canela e cominhos.
Quando chegou a Portugal, Stephane ficou contente ao perceber que Lisboa tinha já vários restaurantes de comida libanesa. "Já não estamos a falar de algo completamente desconhecido", refere. Mas garante que no Shish, os sabores são os mais tradicionais. "Se comer um falafel ou uma shawarma aqui e em Beirut, a experiência é a mesma. Garanto".