Voltar à Madeira? Sempre. Voltar e ficar num dos mais encantadores e luxuosos hotéis? Melhor ainda. Situado na Calheta, no sudoeste da ilha, o Saccharum Resort & Spa é o wellness hotel do grupo madeirense Savoy, e é também a unidade do grupo que carrega a bandeira da sustentabilidade.

Aberto desde 2015, o hotel de cinco estrelas, que faz parte da coleção Savoy Signature, orgulha-se de, entre várias medidas, trabalhar para a redução do uso de papel, por exemplo. A iluminação suave, que cria uma ambiência muito particular, é também sinal de um contributo para a redução do desperdício de energia eléctrica.

O hotel foi construído de raiz numa antiga fábrica de transformação de cana de açúcar e é daí que vem o seu nome (saccharum significa açúcar em latim). A arquitetura industrial, da responsabilidade da empresa madeirense RH + Arquitetos, enquadra-se na perfeição na paisagem rochosa, e o hotel parece ter emergido, qual ser mítico, do Atlântico, e ficado a descansar na encosta. A decoração minimalista, confortável e luminosa ficou a cargo do nome mais incontornável do design de interiores nacional (e uma madeirense de gema), Nini Andrade Silva.

São, no total, 196 quartos, dos quais seis são pool suites e quatro ocean suites, a tipologia no qual ficámos. Há tanto para ver, fazer e sentir no wellness hotel da marca Savoy e, aquando a nossa visita, usufruímos das várias vantagens da Premium Experience (70€ por pessoa / noite), uma experiência exclusiva, que eleva a estadia no Saccharum a um outro patamar. As vantagens são inúmeras, e vão desde acesso a cama balinesa no Calhau Beach Club, acesso exclusivo ao The Club (sala localizada no último piso onde, além de pequeno-almoço privado, bebidas e snacks, se pode desfrutar de uma vista única), aulas de tai chi, ioga, pilates, hidroginástica, entre outros mimos.

Do rés-do-chão, onde fica a 1425 Galeria e se podem ver exposições temporárias de arte até ao último andar, onde fica a Horta do Chef, cada piso do Saccharum é um tesouro à espera de ser explorado. Depois de um mergulho na piscina exterior, na piscina infinita do último piso ou numa das piscinas interiores, e antes que o sol se ponha, vale mesmo a pena visitar a horta, uma verdadeira quinta, com árvores de fruto, legumes, especiarias, as indispensáveis bananeiras e até um cacaueiro, cujos produtos são utilizados nos restaurantes do hotel.

Para quê ir a Bali quando se pode ficar na Calheta?

Devia ser obrigatório (e grátis) para todos os portugueses, pelo menos uma vez na vida, uma viagem à Madeira. E nessa viagem, toda a gente era incentivada a dar um mergulho no mar. Porque estas águas são santas. Tépidas ao longo de quase todo o ano, com temperatura a condizer, aqui só falta mesmo a areia das praias do continente. Nada que uns sapatos de borracha apropriados para o efeito não resolvam.

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Isto tudo para dizer que nos atirámos ao mar no Calhau Beach Club e também às iguarias servidas no restaurante que serve de apoio a este espaço, situado mesmo do outro lado da rua do hotel, onde as camas balinesas, as espreguiçadeiras e a convidativa esplanada apelam a trabalhar para o bronze, mesmo fora de época. Mais uma vantagem da Pérola do Atlântico, que nos permite apanhar um solzinho retemperador em pleno inverno, e dar uns bons mergulhos quando, no continente, faz um frio de rachar. Que ilha abençoada.

Mas não ficamos por aqui. Está a ver a comida típica de beach club, onde os hambúrgueres, as batatas fritas e as saladas César carregadas de maionese reinam? No Calhau Beach Club, é outra história. O menu é diferenciado e com uma execução perfeita. Além do indispensável bolo do caco, aqui servido com manteiga de alho ou manteiga de banana e mel de cana (3€), esta última absolutamente deliciosa, temos de elogiar o bao de camarão, com molho sweet chilli, lima, cebolinho e sésamo (16€) e também o ceviche de peixe da costa com ponzu de maracujá /16€).

Pratos com uma execução perfeita e ingredientes frescos, perfeitos para comer à beira mar, onde não faltam as tradicionais lapas grelhadas (13€). Para beber, seguimos com gosto a recomendação da funcionária, e provámos um smoothie de poncha de maracujá (9€). De beber e chorar por mais.

Um pequeno-almoço nas nuvens (e a experiência perfeita para os mais românticos)

São mais de 20 a experiências exclusivas que, mediante marcação, a equipa do Saccharum Resort & Spa pode ajudar a proporcionar. Mas a estrela deste menu é mesmo o High Above the Clouds.

Saímos por volta das seis da manhã do hotel e fomos subindo, subindo, pelas estradas íngremes que nos conduziram até ao Pico do Areeiro, o ponto mais alto da ilha. À nossa espera estava um elemento do staff do hotel, já com a mesa do pequeno-almoço posta, convenientemente virada para o mar, para que pudéssemos desfrutar ao máximo do nascer do sol enquanto tomávamos a primeira refeição do dia.

Convém ir devidamente agasalhado, mas a experiência vale cada minuto (não só pelo espectáculo da Natureza mas também por estar a vê-lo enquanto bebemos um café quentinho e comemos pão fresco com manteiga e compota, salmão fumado, charcutaria, fruta, sumo de laranja...).

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A experiência High Above The Clouds tem um custo de 185€ por pessoa e está disponível mediante reserva. Uma dica para os românticos: é um daqueles momentos e locais perfeitos para fazer 'aquele' pedido (se é que nos fazemos entender...).

Queremos voltar só para almoçar no Trapiche

Já falámos acima das delicias que provámos no Calhau Beach Club, mas temos mais para contar. Começamos pelo restaurante que mais surpreendeu, não só pela localização mas também pelas propostas diferenciadas e deliciosas. O Trapiche (nome do engenho usado para esmagar a cana de açúcar), é o restaurante situado mesmo ao lado da piscina infinita.

Lá, é possível fazer refeições ligeiras ao longo do dia e jantar ao ar livre à noite. Tal como no Calhau Beach Club, o Trapiche eleva a experiência do que se espera de uma refeição à beira da água (aqui, a incrível piscina do último andar do Saccharum Resort & Spa), com propostas com influências asiáticas, alternativas vegetarianas, tudo com uma execução excecional e sabores variados.

De todas as propostas que provámos, destacamos a katsu sando em vinha d'alhos, pickle de cebola e maionese de especiaria madeirense (13€), o cone de atum picante com guacamole (14€), a tempura de abacate, mel de cana e shichimi tougarashi (10€). Ah, e as lapas grelhadas (13€) e o bolo do caco (3€). Em Roma, sê romano.

No Engenho, tivemos a sorte de jantar durante a noite madeirense. O restaurante, que é também o espaço onde é servido o pequeno-almoço, funciona ao jantar em regime buffet. Há temáticas gastronómicas todas as noites, mas vale a pena provar as iguarias locais, feitas no momento.

Ficámos muito impressionados com a qualidade e a frescura das carnes e do peixe, grelhados no momento, dos produtos locais, com a variedade de saladas, acompanhamentos frios e também - temos de confessar - com a oferta de sobremesas. Deliciosas, nem parecia que estávamos num buffet.

O Alambique, o restaurante de fine dining que privilegia a gastronomia madeirense, a cargo do chef Raul Ferreira, acabou por ser a experiência menos surpreendente de todas. Embora tivessemos apreciado o uso de ingredientes locais como as lapas, a batata doce, o atum de São João, ou o tomate inglês, a experiência ficou um pouco aquém das nossas expectativas. Destacamos, no entanto, as lapas, a surpresa dentro de uma bola crocante, o gaiado, servido dentro de uma bola de Berlim com katsuobushi e o macarrão, uma especialidade regional.

O Alambique tem serviço a la carte e também menu degustação com cinco e sete momentos (60€ e 75€ por pessoa, respetivamente). O pairing de vinhos custa 35€ e 45€, respetivamente.

No Saccharum Spa não se relaxa, levita-se

O Saccharum Spa não é um spa como os outros. Sim, tem massagens, tratamentos faciais e corporais. Sim, tem piscina, sauna, jacuzzi e banho turco. Mas a decoração, as cores, os aromas, e toda a envolvência industrial, conferem-lhe uma alma única, que nos fez retornar ali nos dias em que visitámos o hotel.

Foi também lá que encontrámos os duches sensoriais mais espectaculares que já experimentámos. A decoração transforma por completo as sensações provocadas pela alternância de água quente e fria, a intensidade e suavidade dos jactos, uma sequência que termina literalmente com um balde de água fria, um prazer que só os mais audazes conseguem compreender (mas que desafiamos os mais temerosos a experimentar porque a sensação após o choque do frio é de um relaxamento incomparável).

Além da piscina interior, do jacuzzi do tamanho de uma piscina, das tradicionais sauna e banho turco, o spa tem uma segunda zona de relaxamento que, além de camas flutuantes (que experiência única!) tem outra sala, esta de haloterapia, onde a temperatura constante de 40ºC e a luz amarelada proporciona um abraço reconfortante e uma sensação de sermos transportados para um lugar sem tempo, onde o silêncio apenas é interrompido pela música suave e acolhedora.

Fizemos o Refúgio de Calma (55 minutos, 100€), um dos tratamentos de corpo by OLIÓFORA Portugal que o Saccharum Spa tem disponível. A experiência foi apenas simpática. As técnicas usadas não surpreenderam e passámos todo o tratamento incomodados com a música ambiente, que consistia em covers tocados em flautas de pã de êxitos pop como "Careless Whisper" ou "Feelings". Completamente desatualizada para o spa de um hotel de cinco estrelas.

No entanto, temos de destacar a qualidade dos produtos da Oliófora, uma marca nascida há 10 anos em Portugal, e cuja unidade de produção está situada em Amarante. Ficámos particularmente fãs do Good Night Pillow Spray, que fazia parte do kit de oferta que encontrámos no quarto. Este produto funciona como magia para quem tem dificuldades em adormecer e esperamos que a Oliófora disponibilize em breve para compra online.

Saiba mais sobre os tratamentos do Saccharum Spa aqui. 

Não é preciso ir até ao Brasil para mergulhar na lagoa Dona Beja

Esta é uma experiência extra e não faz propriamente parte da oferta fixa do Saccharum Resort & Spa. Pode ser proporcionada mediante marcação e a ocupada agenda do mestre Barbosa. E quem é o mestre Barbosa? Só o mais antigo guia de montanha da Madeira, e que foi nosso cicerone numa caminhada pela levada do Alecrim.

Tivemos a oportunidade de fazer um dos percursos mais bonitos da ilha e, ao longo de mais de duas horas, fomos conhecendo a fauna e a flora locais, deixando-nos enlevar pelos sons relaxantes da água, sempre presente, que corre nos canais. Tudo enquanto o mestre Barbosa nos contava a história do surgimento das levadas, que começaram a surgir na Madeira ainda no século XV, pouco tempo depois de a ilha ser descoberta por João Gonçalves Zarco, Tristão Vaz e Bartolomeu Perestrelo.

A caminhada vale a pena, mesmo para os que não são fãs de desporto ao ar livre. Não só porque quase todos os cenários são instagramáveis mas também porque, quase no final do percurso, é possível (caso a temperatura esteja de feição) dar um mergulho num cenário digno de novela. A lagoa Dona Beja, em tudo semelhante àquela em que Maitê Proença se banhou na novela de 1986, é perfeita para ir a banhos (e para tirar aquela foto incrível para o feed do Instagram). 

Levada do Alecrim com o mestre Barbosa
Lagoa Dona Beja

As levadas, estruturas criadas aproveitando o declive natural da ilha para o transporte de água, quer para consumo humano quer para irrigação agrícola, são candidatas a Património Cultural Mundial. O Mestre Barbosa pode ser contactado através da MB Tours (+351 291 700 440; transfers.tours@mb-tours.pt). 

De acordo com simulação feita no site para o fim de semana de 6 e 7 de janeiro de 2024, uma noite numa Ocean Suite, com pequeno-almoço incluído, começa nos 295€.

Saccharum Resort & Spa
Rua Serra de Água, nº1
9370-083 Arco da Calheta - Madeira

Contactos: + 351 291 820 800; saccharum@savoysignature.com
Reservas: +351 291 213 548; reservations.saccharum@savoysignature.com; WhatsApp

Horários:
Spa
- 10h00 - 20h00
Restaurante Alambique - 19h – 22h
Engenho Restaurante - Pequeno-almoço 07h30 - 10h30, Jantar 18h30 - 21h30
Trapiche - Refeições ligeiras 10h - 18h30; Al Fresco Dining 19h30 - 22h30
Calhau Beach Club - Segunda a sexta-feira - 10h30 - 18h30; Sábado, domingo e feriados 10h30 - 21h30
Garapa Bar 10h - 18h30
Rhum Bar 16h30 - 18h30
Fly Lounge Bar - 17h30 – 00h (snacks até às 23h)

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Créditos imagens: Francisco Nogueira

*A MAGG visitou o Saccharum Resort & Spa a convite do grupo Savoy