A 25.ª edição do MEO Sudoeste foi a nossa primeira. Durante a adolescência, infelizmente, nunca chegámos a vir passar uns dias de verão com amigos à Herdade da Casa Branca — embora sempre tenhamos desejado fazê-lo (e agora ainda mais). Como correu a nossa estreia neste festival?

Foram quatro dias a acampar sem companhia, com uma tenda mais velha que nós, com ferros lassos e partes descosidas. Se desenrascou? Sim, e era mesmo esse o propósito. Assentámos o arraial junto a uma das entradas do recinto, à beira de uma estrada e numa zona sem sombras (erro de principiante?).

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Depois do primeiro dia de festival, chegámos à tenda para dormir (finalmente) por volta das cinco da manhã. O ambiente continuava como se fossem cinco da tarde. Toda a gente a falar em alto e bom som, às gargalhadas e, de vez em quando, até a guinchar. Aceitámos rapidamente que silêncio é uma coisa que não existe no Sudoeste.

meo sudoeste
créditos: MAGG

Mas é que não existe mesmo. Está sempre a tocar música. Seja das colunas dos festivaleiros, dos palcos que têm atuações pela madrugada fora, dos stands das marcas ou, de manhã, do palco principal, com os soundchecks dos artistas. Só que o cansaço é tanto que nem o barulho nos impede de dormir.

Essa função vai para o calor. A partir das 11 horas, a tenda transformava-se numa estufa e acabava por nos expulsar. Depois de ouvirmos histórias, na sala de imprensa, de roubos e violações no campismo, não podemos dizer que dormimos descansados — mas correu tudo bem. Fomos embora sãos e salvos, com tudo aquilo que trouxemos e mais ainda (brindes, portanto).

Não sabíamos o que esperar desta experiência, mas o balanço é positivo. Deixa, sem dúvida, a vontade de voltar, desta vez em lazer e com um grupo de malta bacana. Durante estes dias, testemunhámos um pouco de tudo. Assim que entramos na zona de campismo, damos de caras com um mar de tendas onde é mesmo possível perdermo-nos.

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A tribo "Vale Tudo". créditos: MAGG

Há acampamentos profissionais, de quem está claramente há muitos anos a virar frangos, e outros, sem dúvida, amadores (como o nosso). Muitos toldos, estendais (cordas entre árvores) e Quechuas. "Tens drogas?", perguntaram-nos, quando chegámos, na zona em que os campistas são revistados por staff.

"Não, já as tomei", respondemos, um pouco sem saber o que esperar. Antes de virmos, tínhamos lido que não deixavam passar vidro nem materiais que pudessem ser usados como armas. Arriscámos e conseguimos entrar com o perfume, o desodorizante e o martelo (sem o qual não sabemos como conseguiríamos montar a tenda, mas lá arranjaríamos forma).

Além de nos questionarem acerca de estupefacientes, limitaram-se apenas a pedir para ver o nosso nécessaire, onde, à partida, estaria o vidro. O martelo, refundido no saco de cama, nem viu a luz do dia. Ficámos com a sensação de que poderíamos ter trazido qualquer coisa e desejámos que as restantes revistas tivessem sido mais produtivas (e profissionais).

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créditos: MAGG

Aquilo que se ouve quando estamos dentro da tenda, seja noite ou seja dia, representa bastante bem a essência deste evento. "Amanhã praia a que horas?", perguntam. "Ó vizinha", vão chamando. "Tenho saudades da minha ex", gritam, também, pouco antes do nascer do sol.

"Meu anjo, eu estou num festival. Achas que vou beber água? Pelo amor da santa. Para beber água bebo em casa", diz uma amiga para a outra. "Quem quer ir mamar shots?", lançam, para o ar. Insultam clubes de futebol, combinam idas para o canal e perguntam pela Elsa.

"Ó Elsa", berram, seja a que horas for, do nada, sem motivo aparente. Quem é a Elsa? Não fazemos a mínima ideia. E eles, provavelmente, também não. Esta personagem icónica do MEO Sudoeste, cuja origem é, para nós, incerta, já tem o nome gasto (e de que maneira).

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créditos: MAGG

Tomar banho no campismo é todo um processo. Temos de vestir o biquíni, calçar os chinelos, levar os produtos de higiene, a toalha e a coragem (porque a água é fria). Porém, como está aquele calor que permite estrelar um ovo no asfalto, a falta de aquecimento não é dramática.

Os duches são eficazes, assim como os lavatórios espalhados pelo campismo ou até mesmo as casas de banho portáteis (desde que não nos esqueçamos do papel higiénico). Há zonas com sombra, lounges com puffs, mesas de piquenique, sítios para carregar os dispositivos e até opções de comes e bebes.

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créditos: MAGG

Seja O Padeiro, que, durante 24 horas por dia, disponibiliza pão com chouriço, bifanas e hambúrgueres, ou as máquinas de vending do Continente, que também nunca param de funcionar, não há motivos para os festivaleiros campistas passarem sede ou fome.

As condições estão longe de ser precárias. Está tudo pensado ao pormenor. Há postos com bombeiros e médicos e até wi-fi em todas as zonas do campismo (o que faz com que possamos estar a "scrollar" no Instagram no moderado conforto da nossa tenda). Poeira também há em excesso (fica a dica para Ivete Sangalo no cartaz de 2024).

O canal é o spot. Águas quietas, frias e vigiadas. Todos os dias das 10 às 19 horas os campistas podem nadar aqui para se refrescarem (mas é proibido mergulhar de cabeça). Abundam as bóias presenteadas pela Somersby e os protetores solares, que o sol alentejano não dá tréguas.

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créditos: MAGG

Quem prefira também pode apanhar os autocarros diários para a praia da Zambujeira do Mar, que são gratuitos para quem tem pulseira com campismo para todos os dias (desde 180€). É possível estar acampado até às 17 horas do dia 13 de agosto (sendo os últimos concertos a 12).

Em retrospetiva, consideramos que vivemos uma experiência quase completa daquilo que é acampar no MEO Sudoeste (e até ajudámos um festivaleiro — vizinho, neste caso — a montar a sua tenda). As tribos deste festival criam uma atmosfera única, com potencial para memórias inesquecíveis, tal como as nossas serão.