Ir ao bar ou ao restaurante de um hotel ainda não é uma prática muito comum em Portugal e, por norma, torcemos o nariz, seja porque temos de atravessar o lobby até chegar ao local, seja porque - sejamos francos - a ideia nos intimida um bocadinho. O Corinthia Lisbon, o maior hotel de cinco estrelas da capital, resolveu essa questão com o Erva, o restaurante de gastronomia portuguesa contemporânea, e também com o Soul Garden, ambos com entrada direta da rua, sem ter de passar pelo hotel.
O restaurante do hotel (que tem 500 - sim, leram bem - quinhentos - quartos) tem uma entrada direta pela Avenida José Malhoa, o que significa que pode sair diretamente do trabalho para o jardim refrescante ou, quando o tempo começar a ficar mais frio, para a sala no interior, recém-remodelada, que mantém a decoração tropical e tem um WC do mais instagramável que existe.
Este restaurante e bar, que é também um refúgio paradisíaco no meio da cidade, com o verde luxuriante das plantas, os pequenos lagos, a decoração tropical e a música ambiente relaxante, une as gastronomias asiática e latino-americanas, em criações do chef executivo Miguel Teixeira, que a MAGG teve a oportunidade de provar. O Soul Garden é mais do que um restaurante, até porque, a partir das cinco da tarde e até à uma da manhã, há DJ para animar a alma (enquanto o corpo vai sendo alimentando por delícias exóticas e frescas).
E é a frescura dos ingredientes, além do rigor na execução dos pratos, que nos surpreendeu, das entradas à sobremesa. Não há excessos de molhos, as frituras são executadas na perfeição, o sabor natural dos elementos que compõem os pratos é respeitado.
Como era hora de almoço (e, infelizmente, tínhamos afazeres), fomos para os mocktails (cocktails sem álcool). Provámos os três disponíveis na carta (todos a 13€) e temos de destacar o incrivelmente aromático e tropical Summer Kick (maracujá, sumo de laranja, mel e clara de ovo). Perfumado, com maracujá verdadeiro, o acompanhamento ideal para a refeição exótica que íamos degustar.
Começámos com os gunkan de atum, kimchi, togarashi e cebola frita (13€), onde o sabor fresco do peixe era rei. Depois - e temos mesmo de fazer aqui uma pausa solene - os tacos de caranguejo de casca mole (25€). Vamos ser sinceros. Estávamos fartos de tacos até conhecermos estes tacos. Tínhamos, pura e simplesmente, perdido a fé, após tantos tacos gordurosos, com proteína de má qualidade e excesso de maionese. Mas estes, estes são a perfeição em forma de taco. O caranguejo frito em tempura é uma pura sinfonia de crocância e o guacamole (que faz as vezes do molho) dá um toque de frescura cremosa sem deixar o taco pesado e mole.
Os baos de camarão (18€) alinham pelo mesmo diapasão. A massa do bao, acabada de sair do vapor, leve e fofa, é o veículo perfeito para os camarões, sumarentos e carnudos, perfeitamente panados. Nasi goreng significa apenas "arroz frito". Este prato, que tem as suas variantes um pouco por todo o sudeste asiático, é uma especialidade indonésia e, no Soul Garden, provámos de frango (19€). O equilíbrio de sabores, adocicado, ligeiramente picante, a lima para refrescar, o ovo estrelado na perfeição, com a gema ainda líquida, para envolvermos no arroz, e o crocante dos amendoins para conferir textura. Como se diz por aí nas redes sociais... Tudo certo.
Ainda conseguimos ter um bocadinho de espaço para a sobremesa, e ficámos orgulhosos da nossa escolha: mousse de pêra e chocolate recheada com gel de Asahi (9€), um final perfeito, com sabor a esta fruta tão portuguesa, combinado na perfeição com a riqueza do chocolate.
Veja o que comemos
A carta do Soul Garden está dividida em seis partes, todas com escolhas interessantes e que já colocámos na nossa bucket list para uma próxima visita:
- Inspirações frescas: saladas, entre as quais destacamos a que nos ficou na retina, a salada de polvo com chalota caramelizada (18€).
- Suja mãos: aqui, o conceito é a partilha, partilha de pequenos pratos repletos de sabor e cor. Ficámos de olho no bao de cordeiro (18€) e na tostada Soul Garden (15€).
- Comer à colher: são sopas e queremos provar a sopa de camarão e leite de coco (12€).
- Cru e saudável: há tártaro, ceviche e um salmão braseado em mostarda japonesa (15€) que vai ter de ser nosso um dia destes.
- Sabores do Japão: o nome não engana. Dos hot rolls aos uramaki, passando pelos gunkan, nigiri chirashi e sashimi, a oferta é suficiente para satisfazer o apetite dos amantes de sushi. Uramaki soft shell (caranguejo de casca mole, espargos, cebola frita maionese de lima, 27€) vai ser uma opção de certeza.
- Amantes de carne: o nome não engana, assim como não nos enganamos quando pensamos que a barriga de porco cozida lentamente com hoisin, bimis, shitake e pimento (20€) deve ser ideal para um almoço de outono.
- Peixe e mariscos: não nos sai da cabeça o bacalhau fresco em miso e sake com bok choy (25€)
- Para picar: esta seção é a ideal para aqueles fins de tarde em que saímos do trabalho em busca de um copo para relaxar. Nachos com guacamole (8€) ou legumes em folha de arroz (9€) são algumas das opções.
- Momento doce: são as sobremesas e, numa próxima visita, não escapa a ganache de chocolate branco com infusão de açafrão e yuzu, servido com maçã caramelizada (9€)
A carta de cocktails é extensa e variada e destacam-se os jarros para partilhar "entre quatro almas", como se pode ler no menu. Destes, há muito por onde escolher, como a soulgria (espumante, frutos vermelhos e soul garden mix, 45€) ou a sambirinha (cachaça, goiaba e sumo de lima, 50€).
Mas há mais por onde escolher para beber, seja para acompanhar uma refeição, petiscar ou apenas para beber um copo. Além dos vinhos e espumantes de vários países (de Portugal ao Chile, passando por Itália, França e Nova Zelândia), a oferta de gin impressiona pela variedade e há também uma lista simpática de sake, a clássica bebida alcoólica japonesa que tão bem acompanha sushi (e não só).
Veja fotos do Soul Garden
* a MAGG visitou o Soul Garden a convite do espaço