Primeiro, descalce lá os sapatinhos do julgamento alheio. Depois, sacuda os pés, porque está prestes a entrar em território íntimo e bem polémico. Pronto? Março é o mês em que se celebra o Dia Mundial da Felicidade (20), por isso, os jornalistas da MAGG decidiram abrir o coração e partilhar aquilo de que mais íntimo têm para oferecer: os seus gostos cinematográficos.

Cada jornalista foi desafiado a eleger aquele filme ou aquela série que, para si, funciona quase como uma âmpola de felicidade. Aquele a que recorre depois de um desgosto amoroso, de um dia chato no trabalho (vamos fingir que aqui existem dias desses e que não somos perfeitos, vá) ou quando o jogo de futebol dá para o torto.

Quisemos perceber qual é o filme ou série de conforto dos nossos jornalistas e percebemos — há que dizê-lo — que há quem tenha um gosto duvidoso. Mas adiante. 

"O Sexo e a Cidade" — Raquel Costa

Estou a rever pela milionésima vez as seis temporadas de "O Sexo e a Cidade". Recomecei uma semana depois da guerra na Ucrânia ter estalado. Já o tinha feito no início da pandemia da COVID-19. Podem já ter passado 25 anos, mas a série escrita e produzida por Michael Patrick King tem o condão de me confortar e trazer alegria.

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Porque as roupas são bonitas e porque há uma alegria despreocupada de um mundo pré-11 de setembro, pré-crise financeira, pré-pandemia, pré-tudo, uma inocência que nunca mais recuperaremos. Porque Sarah Jessica Parker, Kim Cattrall, Kristin Davis e Cynthia Nixon nasceram para interpretar aqueles papéis e porque a cidade, Nova Iorque, essa personagem omnipresente, representa o sonho último de todas as mulheres heterossexuais da minha geração: sucesso, dinheiro e amor.

O mundo mudou, nós mudámos, muitas linhas narrativas de "O Sexo e a Cidade" envelheceram mal, mas a essência, a excelente de uma história bem contada, permanece. E a certeza de que Samantha continua a ser a personagem mais empoderada, mais boss, mais fabulosa, que alguma vez existiu numa série.

"A Bela e o Monstro" — Catarina Ballestero

É um dos filmes da minha infância. Leva-me para as manhãs de sábado em casa dos meus pais, com uma manta de bonecos numa mão e uma caneca de Suchard Express na outra. A música "Convite para Jantar" faz-me logo bater o pé e quem não queria ser a Bela e usar aquele vestido amarelo quando éramos miúdas?

"Single Parents" — Rafaela Simões

Pronto, sabendo que "Friends" já estaria na lista, a escolha ficou mais difícil porque estes seis amigos são o remédio mais imediato após um dia complicado. Contudo, recentemente descobri outra série que dá um aconchego: "Single Parents". Comecei a ver de forma aleatória, sem seguir uma ordem de episódios, mas uma vez já de animo mais alegre após alguns, decidi voltar ao início e acompanhar todas as peripécias de dois pais solteiros.

A razão de ter começado a ver "Single Parents" foi pela participação da atriz Leighton Meester (como Angie D'Amato), que admiro desde os tempos de "Gossip Girl" — mais uma boa aposta para esta lista. Cada episódio de "Single Parents" tem cerca de 30 minutos e funciona quase como um shot de boa disposição.

"Moana" — Mariana Carriço

Filmes que trazem felicidade? As opções são muitas, mas, deixando de lado os julgamentos, não há mesmo nada mais leve do que um belo filme da Disney.

Estão a ver aquele momento em que só querem mesmo estar sentados no sofá a não pensar nas preocupações do dia a dia? Pois é mesmo nesse momento que um bom filme de animação é capaz de mudar o meu humor para melhor, pelo menos por uma horas. "Moana" é um dos filmes que nos traz tudo isso. Leveza, humor, alegria, e, desculpem lá, mas aqueles cenários e músicas são qualquer coisa. Feliz é também como me deixa ver como a narrativa dos filmes de animação tem vindo a ser alterada.

Princesa não é aquela que precisa do príncipe para ser feliz. Princesa é guerreira, é lutadora, é generosa é aquilo que ela quiser. Estamos a falar de desenhos animados, mas bem sabemos que por traz de cada filme da Disney há sempre uma lição que nem sempre compreendemos quando somos crianças — e é exatamente isso que faz com que estes filmes possam ser apreciados em qualquer idade.

"Friends" — Bruna Gonçalves

Sou a pior pessoa do mundo a tomar decisões e talvez ainda pior a ver uma série do início ao fim, mas já vi e revi as dez temporadas de "Friends" mais vezes do que tenho coragem de admitir. E acho que só isso diz tudo. É a minha âmpola da felicidade, aquela a que já recorri centenas de vezes. E hei-de continuar a recorrer, porque parece que tem qualquer pó de fada que nunca me deixa enjoar.

Já torci o nariz, já fui 'hater' assumida e cheguei mesmo a dizer — é rídiculo, mas há que admiti-lo — que as personagens não tinham graça nenhuma. E porquê? Porque é preciso tempo para gostar de "Friends". Tempo para nos emaranharmos na vida daqueles seis amigos e percebermos que as palmas e risos estridentes inseridos em pós-produção não interessam para nada.

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Às tantas, damos por nós a rir com as personagens, a chorar e, vá, até a roer as unhas. E há lá coisa mais bonita do que isto: encontrar uma série que nos puxa para dentro do ecrã e nos conforta sempre que é preciso. Passem os anos que passarem, vou continuar a ver esta sit-com norte-americana como quem vê um reality show e vou continuar a fingir que já não sei de cor e salteado cada passo que esta grupeta vai dar. E posso garantir: é felicidade instantânea.

"The Greatest Showman" — Mariana Coelho

Para mim, este filme é, sem dúvida, sinónimo de felicidade — do início ao fim. Dificilmente não o seria tratando-se de um musical, mas este não é só mais um. A magia do circo traz uma certa nostalgia, bem como alguns dos atores, que fizeram parte do meu crescimento (como a Zendaya e o Zac Efron).

O filme aborda várias temáticas importantes, como a família, o amor e a perserverança.Faz-nos rir, sorrir e também chorar. É daqueles que aquecem o coração. E só eu sei como me senti ao sair do cinema depois de assistir a este filme. Já o revi vezes sem conta, algo que não tenho por hábito fazer, e sei as músicas de cor e salteado, já que as ouvi em loop durante semanas depois da estreia.

Recomendo vivamente, mesmo a quem não aprecia musicais.