Bem sabemos que ainda estamos longe de alcançar a verdadeira igualdade de género e que esta terça-feira, 8 de março, já arrancámos a manhã com notícias como "mulheres portuguesas ganham menos do que os homens" ou "têm menos anos de vida saudável". Mas uma coisa é certa: em pleno Dia Internacional da Mulher, não se trata de enumerar o que ainda falta mudar, mas de celebrar tudo o que, até hoje, já conseguimos conquistar.

A celebração da mulher não deve acontecer apenas a dia 8 de março de cada ano, é certo, mas todos os pretextos são bons para glorificar o (incrível) trabalho feminino a que temos o privilégio de assistir todos os dias. Por isso, a MAGG decidiu dar palco às mulheres que entram na nossa vida através das várias plataformas de streaming disponíveis em Portugal e reunir cinco séries que espelham o poder do sexo feminino.

Mulheres portuguesas ganham menos do que os homens e têm menos anos de vida saudável
Mulheres portuguesas ganham menos do que os homens e têm menos anos de vida saudável
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A verdade é que a ficção tem poder suficiente para mostrar a realidade precária de algumas e as lutas diárias de outras, enquanto, em simultâneo, é capaz de desconstruir preconceitos enraizados na sociedade há (demasiados) anos. E a lista que se segue é prova disso.

"Criada" (Netflix)

Chegou mesmo a arrecadar o título de segunda série mais vista em Portugal, em outubro de 2021, e ficou conhecida como a (dura) história de uma mãe e filha sem-abrigo. No entanto é muito mais do que isso.

"Maid" (ou "Criada", como foi traduzida para o mercado português) retrata a vida de uma mulher se vê obrigada a deixar a vida em suspenso, na sequência de uma relação abusiva. Quando Alex decide bater com a porta, a vida muda, é certo, e é-lhe permitido ser gente outra vez, mas isso não significa que a partir dali a vida se revele risonha.

Ao longo dos dez episódios, Alex personifica a determinação e a coragem de sorrir e manter a cabeça erguida, mesmo quando a resignação parece o caminho mais fácil. Mais do que uma série, "Criada" é o espelho das consequências de uma relação abusiva, com todos os desafios que lhe são inerentes. Já disponível na Netflix.

"Gambito de Dama" (Netflix)

E se lhe disséssemos que, além de ter arrecadado o primeiro lugar no top da Netflix durante semanas, "Gambito de Dama" já conta também com um processo em tribunal por difamação?

A minissérie acompanha Beth Harmon (Anya Taylor-Joy), uma jogadora de xadrez exímia, "abandonada e deixada aos cuidados de um orfanato do Kentucky no final dos anos 50".  E retrata a vida da protagonista, dia após dia, ano após ano, enquanto esta desenvolve um dom para o xadrez  proporcional à dependência por drogas, álcool e tranquilizantes.

Beth Harmon é um prodígio, mas até que ponto é fácil lidar com a genialidade? A dúvida é esclarecida ao longo da primeira (e única) temporada e, até aqui, parece estar tudo bem. O problema é que a história se baseia na vida de Nona Gaprindashvili, lenda soviética do xadrez, que não concordou com a forma como a sua vida foi adaptada à ficção e já exigiu mesmo cinco milhões de dólares (4,24 milhões de euros) à Netflix.

Em causa está uma alegada representação "sexista e difamatória" da sua carreira, mas deixamo-lo tirar as suas próprias conclusões: já que a Netflix conta não só com a série, mas com uma documentário que retrata os bastidores da produção.

"The Bold Type" (Netflix)

Meia dúzia de mulheres a espetar facadinhas nas costas umas das outras e a pisar tudo e todos para chegar ao topo – é exatamente aquilo que não vai encontrar nesta série que marca presença no catálogo da Netflix. Até porque, alerta, spoiler: não é assim que funciona verdadeiramente o universo feminino.

Com Nova Iorque como palco, somos convidados a acompanhar a vida de três melhores amigas que lutam diariamente contra estereótipos enraizados: da mulher que se deita com o patrão para (alegadamente) arrecadar uma promoção à jornalista que quer escrever sobre sexo e tem medo das represálias. E não só.

Entre a utópica carreira da jornalista Jane Sloan, o alegado amor perfeito de Sutton Brady e a vida de Kat Edison, que se recusa a assumir responsabilidades fora das paredes do escritório, nasce esta série, que se prontifica a quebrar preconceitos antigos com recurso a temáticas recentes. Confuso? É ver para entender: "The Bold Type" já está disponível na Netflix.

"A Rapariga de Olso" (Netflix)

É uma produção norueguesa e conta a história de Pia, a filha de uma diplomata da Noruega que decide viajar com os amigos até ao Médio Oriente e acaba por ser raptada pelo Estado Islâmico.

Para quê? É simples: para a usar como moeda de troca ao longo de todo o processo de negociações diplomáticas. De repente, a vida de Alex, mãe de Pia, sofre uma reviravolta inesperada: sem saber da filha e com uma crise diplomática em mãos, prevalece o instinto maternal e o dever para com o seu país?

Encontra a resposta ao longo dos dez episódios desta série da Netflix. Mas uma coisa é certa: episódio a episódio, vamos sendo testemunhas das exigências do grupo terrorista que tem como objetivo preencher mais uma peça do seu complexo puzzle para amedrontar o Ocidente. E é esse clima de incerteza que marca esta produção norueguesa.

"Vis a Vis" (Netflix)

Até podíamos dizer que nos rendemos aos macacões amarelos (o que até é verdade), mas o que é certo é que esta série espanhola prima por muito mais do que isso.

É uma espécie de bebé de "Orange is the New Black" e "La Casa de Papel", que, tal como as 'progenitoras', espelha mulheres de garra, sem medo de qualquer confronto, dispostas a tudo para lutar pelo que querem.

A história de "Vis a Vis" centra-se em Macarena Ferreiro (Maggie Civantos), uma mulher de classe média (ou média-alta, vá) que é condenada por crimes fiscais depois de ser descoberta a manipular e a desviar dinheiro das contas bancárias da empresa onde trabalha. Tudo isto, no caso, depois de se apaixonar pelo chefe.

E é precisamente o processo de integração da protagonista que somos convidados a acompanhar: desde a novata deslocada à líder da prisão. Já disponível na Netflix.