Laverne Cox, a atriz que vestiu a pele de Sophia Burse na série "Orange is The New Black", sempre quis ter uma Barbie. À nascença, foi-lhe atribuído o sexo masculino e, por isso, a mãe sempre se recusou a comprar-lhe uma. Fê-lo pela primeira vez, com o próprio dinheiro, aos 30 anos, e desatou a chorar assim que abriu a caixa — ainda sem imaginar que, 20 anos depois, se veria representada numa boneca da marca.

Modelo transgénero diz que J.K. Rowling é uma "ameaça para as pessoas LGBT"
Modelo transgénero diz que J.K. Rowling é uma "ameaça para as pessoas LGBT"
Ver artigo

O ativismo da atriz continua a deixar rasto e, esta semana, mais uma vez, fez-se história: a marca Barbie, criada em 1959, acaba de lançar a primeira boneca transgénero. Faz parte da "Barbie's Tribute Collection", a nova coleção que pretende homenagear e eternizar, através das bonecas características da marca, mulheres notáveis da história.

A Barbie feita à imagem de Laverne Cox antecipou o aniversário da atriz, que completa este domingo, 29 de maio, 50 anos. Este presente de aniversário da Barbie surge como reconhecimento não só do trabalho de Laverne Cox enquanto atriz, mas como ativista e defensora dos direitos LGBTQIA+ e da comunidade negra. 

"Quando era pequena implorei à minha mãe por uma Barbie e ela recusava-se sempre por ter me sido atribuído o sexo masculino à nascença", começou por explicar Laverne Cox, em declarações à revista "People", acrescentando que o assunto continuou a magoá-la durante anos, até ao dia em que decidiu relatar o episódio ao terapeuta.

"Estava a contar ao meu terapeuta o quão magoada fiquei quando a possibilidade de brincar com uma Barbie me foi recusada. E ele disse-me: 'nunca é tarde para se ser uma criança feliz. Sai daqui e vai comprar uma Barbie. Há uma criança que ainda vive dentro de ti — dá-lhe espaço para brincar'. E foi o que fiz", contou a atriz.

"Quando tinha 30 anos comprei uma como forma de curar a minha criança interior. Quando abri a caixa, desatei a chorar", acrescentou, com a ressalva de que esta homenagem da marca não é apenas importante para a sua própria história, mas para a de todos aqueles que, diariamente, são alvo de preconceito e discriminação.

Neste sentido, a atriz frisa ainda que espera que "todas as crianças que se sentem estigmatizadas, quando atacam o seu direito à saúde, ou quando as proíbem de jogar desportos, possam olhar para esta Barbie e ter esperança".

Laverne Cox conta ainda que esteve "muito envolvida" no processo de criação da boneca. "Cheguei a dizer: 'podemos torná-la ainda parecida comigo? E mais afro-americana?", disse.

"Estamos orgulhosos de enfatizar a importância da inclusão e aceitação em todas as idades, assim como reconhecer o impacto cultural", frisa, ainda, Lisa McKnight, Vice Presidente Executiva da Barbie da Mattel.

Ainda não é certo se a Barbie feita à imagem de Laverne Cox vai chegar à Portugal, mas já está disponível no site oficial da marca, por 40 dólares (cerca de 36,26€).