Na equipa da MAGG há gente para todos os gostos. E há até quem — vá, há que dizê-lo com frontalidade — tenha um gosto duvidoso. Admitimos. Mas cada um é como cada qual e o céu é de todos, pronto. Dito isto, pedimos a seis jornalistas para escolherem um filme que de algum modo tenha marcado a sua vida, e partilharem essa escolha com os leitores. E cá estão elas.

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De "O Pianista" a "After", apresentamos-lhe os filmes que marcaram a vida dos jornalistas da MAGG.

"O Segredo de Terabítia" - Rafaela Simões

Chegava a ser frustrante quando ia ao cinema e à minha volta todos choravam com os filmes dramáticos, menos eu. Estava provado: era insensível e não tinha volta a dar — problema existencial que surgiu quando tinha apenas uns 9 anos. Até ao dia em que, sentada no sofá da sala e já a meio do filme "O Segredo de Terabítia", começo a sentir um nó na garganta quando Jess (interpretado por Josh Hutcherson) perde a amiga Leslie Burke (papel de AnnaSophia Robb).

Querem ver que...? Serão isto lágrimas a escorrer pela cara? Eram mesmo. "O Segredo de Terabítia" ficou marcado como o primeiro filme (e dos poucos) em que chorei, tal não foi a forma como mexeu comigo ver uma amizade forte e pura perder-se com a morte de Leslie, tão jovem como eu o era na altura, o que fez com que me colocasse na pele da personagem.

Além disso, o sentimento de culpa com que Jess fica no filme é de partir o coração. Diga-se de passagem que "O Segredo de Terabítia" não é de todo o melhor filme que existe, mas é pelo menos aquele que afirmo, com toda a certeza, que é o filme da minha vida.

"After" - Maria Nicolau

Primeira paixão, relação tóxica e autodescoberta. Assim começa uma história de amor adolescente. Eu sei, pode ser visto como o típico clichê, mas na verdade é mais real do que parece. Ainda parece que foi ontem que estava no centro comercial, vi o cartaz do “After” e decidi dar uma oportunidade ao drama adolescente. Confesso que estava com as expetativas muitos baixas por achar que seria um conto de fadas, contudo, quando saí do cinema fiquei a pensar "Como é possível ter sentido algo tão parecido como é retratado neste filme?".

Não há dúvidas que o ponto mais marcante na relação entre o Hardin e a Tessa é a toxicidade. O amor é cego, é verdade, quando amamos alguém de verdade acabamos por não entender o quão ele consegue chegar a esse ponto. A vida é demasiado curta e, pode mudar de um dia para o outro. Num momento entramos numa relação, como de repente, temos que deixar partir aquela pessoa que julgávamos que seria para a vida toda. Depois disso, caminhamos sozinhos e chegamos à próxima paragem: a autodescoberta.

Chegamos a esta paragem com cicatrizes e receios, no entanto, é aqui que percebemos o significado de amor próprio. Podem dizer que "After" não passa de um filme romântico de adolescentes, mas é o filme da minha vida por ter sentido o que a Tessa sentiu em relação ao primeiro amor.

"Jerry Maguire" - Catarina da Eira Ballestero

Escolher um filme da minha vida é particularmente difícil. Assim de repente, consigo lembrar-me logo de quatro ou cinco, do clássico "Padrinho" a reviravoltas como "Match Point". Mas "Jerry Maguire" tem um lugar especial no meu coração, desde um Tom Cruise em bom (antes da cientologia e de saltar no sofá da Oprah) até um Cuba Gooding Jr. maravilhoso uma estrela que já viveu melhores dias, sem esquecer a banda sonora.

E é difícil arranjar filme de "domingo à tarde" que seja o mentor de duas das melhores citações de sempre: "show me the money" e "you had me at hello". Não perceberam? Vão ver, amigos, vão ver!

"O Pianista" - Fábio Martins

É  de 2002 e é dos filmes que mais me ficou na memória, talvez por ter sido visto quando ainda era criança, na escola. O objetivo era entender o conflito da Segunda Guerra Mundial e a forma como uma ideologia inflamada, e que se espalhou como um vírus, levou ao extermínio de cerca de seis milhões de judeus.

Roman Polanski dá corpo à tensão, ao medo, à incerteza e à tragédia num épico que acompanha a figura de um pianista judeu, interpretado pelo magnífico Adrien Brody,  que se vê em fuga depois da invasão da Polónia por parte das forças da Alemanha Nazi. O que se segue é uma história de perseverança e de humanidade, mesmo num clima de ódio e intolerância.

"A Vida é Bela" - Inês de Sena

Sou uma espectadora de choro fácil, mas “A Vida é Bela” foi o primeiro filme que me marcou e levou às lágrimas — muitas, lágrimas. Durante a Segunda Guerra Mundial, em Itália, um judeu, Guido, e o filho são levados para um campo de concentração nazi. Para não assustar a criança e numa tentativa de o proteger do cenário de horror onde estão, o pai usa a imaginação para o levar a acreditar que estão no cenário de um jogo.

Na minha opinião, o filme faz-nos refletir sobre a forma como encaramos a vida e marca pela simplicidade com que Guido encara a vida, desde o amor pela sua “Princesa” à calma que transmite ao filho num momento de dor e sofrimento.

"Malcolm & Marie" - Bruna Gonçalves

Sou tão má a tomar decisões quanto a manter os olhos abertos do início ao fim de um filme. Ora ‘acordei demasiado cedo’ ora a história não me enche as medidas e, às tantas, tenho de me obrigar a ir ao cinema para cultivar a minha (fraca) cultura cinematográfica. Não digo que "Malcolm & Marie" seja brilhante no que à história diz respeito, mas achei fascinante a forma com um filme a preto e branco, com um único cenário e duas meras personagens me deixou de olhos colados ao ecrã, sozinha em casa, sem tempo sequer para um condenável scroll no Instagram.

"Não é uma história de amor" — é o que diz o trailer, com toda a legitimidade. Não, não é um filme sobre amor. É um filme sobre as formas e dimensões que o amor pode tomar. É amor, do início ao fim. E é tóxico, do início ao fim. Ligeiramente paradoxal e a prova de que, por si só, o amor não chega ou é quanto basta — depende da perspetiva.

Não é o filme da minha vida, porque esta coisa de tomar decisões não é para mim. Há demasiada pressão à mistura e sinto que estou a trair todos os outros filmes que me deixaram de nó na garganta e frio na barriga. Mas este é dos bons, daqueles que marcam, sabe-se lá porquê.