O telemóvel toca. O som é histérico e a vibração insistente, mas a imagem que o ecrã projeta é a de uma notificação que todos querem receber: a de que talvez tenham encontrado o amor. É assim que as coisas funcionam neste universo. As pessoas já não se encontram cara a cara e longe vai o tempo em que se conheciam e estabeleciam pontos de interesse através da diálogo.
Em "Love Alarm", uma série juvenil sul-coreana da Netflix, cabe a uma nova e revolucionária aplicação para telemóveis indicar aos utilizadores se as pessoas com quem se cruzaram gostaram ou não delas. É esse o ponto de partida para uma possível relação ou, como vimos a descobrir mais tarde, para muitos problemas.
Em funcionamento há vários anos, a tecnologia Love Alarm (que em português significa alarme do amor) substitui-se por completo aos sentimentos que as pessoas nutrem entre si e gera relações supérfluas — motivadas, em grande parte, por uma quase extinção do livre arbítrio.
Os utilizadores deste serviço relacionam-se porque, engolidos por este mundo cada vez mais frenético e automatizado, acreditam que a aplicação funciona sem margem de erro.
Se o telemóvel apita, é porque está certo, mas os problemas começam quando uma das utilizadoras questiona a fiabilidade do serviço e todos os dilemas éticos e morais que estão por detrás da sua criação.
Nesse processo de questionamento, o que é que é mais confiável? O coração ou um serviço financiado por empresas privadas e cuja origem é obscura? A resposta está nas duas primeiras temporadas de "Love Alarm", inteiramente disponíveis na Netflix e composta por oito e seis episódios cada, respetivamente.
O elenco é composto por estrelas sul-coreanas, como Kim So-Hyun, Song Kang, Ga-ram Jung, Go Min-Si, Seong-yeon Park e Song Seon-mi.