Criada em 1905 pelo escritor Maurice Leblanc, a personagem de Arsène Lupin é uma espécie de Sherlock Holmes, mas que habita e se movimenta na literatura francesa. Considerado um especialista na arte do disfarce e na capacidade de se conseguir ver livre de qualquer sarilho em que se veja metido, Lupin serve de inspiração à nova grande série da Netflix que, em Portugal, está a conquistar os utilizadores da plataforma.
Desde a sua estreia, a 8 de janeiro, que a série francesa "Lupin" está na lista dos conteúdos mais vistos em Portugal. E embora a empresa de streaming não divulgue de forma transparente as métricas que usa para calcular as audiências, a verdade é que a série parece ter despertado interesse suficiente para fazer manchete em algumas publicações especializadas na área da cultura um pouco por todo o mundo.
A explicação pode estar no facto de, através de alguma modernização, recuperar aquilo que tornou a personagem de Maurice Leblanc tão popular. "Lupin" conta a história de Assane Diop (interpretado por Omar Sy, o mesmo de "Amigos Improváveis"), filho único de pai imigrante, vindo do Senegal, cuja vinda para França teve como objetivo a procura de uma vida melhor.
O plano, no entanto, acaba em desgraça quando o pai de Assane é acusado, injustamente, de roubar um diamante valioso do rico e implacável Hubert Pellegrini. Destinado a uma vida em reclusão e sem perspetivas de liberdade, o pai mata-se na prisão, deixando o seu filho órfão.
A série passa-se cerca de 20 anos depois, quando Assane, ao remexer nas recordações de infância, encontra um dos muitos livros de Maurice Leblanc, referente às aventuras de Arsène Lupin, que lhe fora oferecido pelo pai. Inspirado pelo carisma e a habilidade da personagem da literatura francesa, Assane Diop compromete-se a tomar de empréstimo as técnicas que Lupin demonstra nas histórias para, através da fraude, do roubo e da manipulação, expor os crimes de Hubert Pellegrini.
Há em "Lupin", portanto, muito jogo de poder que envolve disfarces, trapaças e reviravoltas incríveis capazes de conquistar todos os fãs de boas histórias de aventura e mistério. Ainda que, no momento da estreia, a série tenha passado despercebida — embora não tenha demorado muito até ganhar alguma notoriedade —, a crítica internacional tem sido consensual quanto à qualidade da nova produção original da Netflix.
"As reviravoltas e a excelente interpretação de Omar Sy fazem de 'Lupin' uma das séries que deve ser vista urgentemente", lê-se, por exemplo, na crítica da revista "Decider". Já os críticos da plataforma "Robert Ebert" garantem que a série é "viciante e como um puzzle inteligente que combina os elementos de 'Luther', 'Sherlock Holmes' e 'Infiltrado' para uma experiência cativante".
Para a revista "Variety" também não restam dúvidas: "['Lupin'] é um trabalho propulsor que é inteligentemente bem feito sobre um grande roubo e as consequências contínuas."
Criada por George Kay ("Criminal: UK") e François Uzan, "Lupin" conta, para já, com uma primeira parte inteiramente disponível na Netflix e composta por cinco episódios de cerca de 45 minutos cada. Espera-se que a segunda parte chegue à plataforma ainda este ano, mas a data concreta ainda não foi confirmada pela empresa de streaming.
Além de Omar Sy, o elenco conta ainda com outros nomes como Vincent Londez, Antoine Gouy, Hervé Pierre, Clotilde Hesme e Soufiane Guerrab.