O podcast “Não Disfarces”, lançado em novembro de 2023 por Maria Clementina, chega agora aos palcos do Teatro Villaret, em Lisboa, numa peça de teatro homónima nos dias 15, 20 e 27 de maio. A autora aborda os nove tipos de personalidade segundo o Eneagrama, um mapa de autoconhecimento “largamente” utilizado no mundo inteiro, e contracena com Vítor Costa, um facilitador especializado desde 2010.
Como Maria Clementina tem um lado artístico, dado que gosta de teatro, já fez locuções e dobragens, e gosta de “escrever conteúdos”, surgiu a ideia de fazer um podcast em que “pudesse interpretar personagens”. Posteriormente, começou a explorar esta ideia com o psicólogo e amigo Hugo Zagalo, que também tem o podcast “Maus Hábitos”.
“Foi ao fim de algum tempo que eu, de repente, tive este momento mais eureka de: ‘ok, o meu fio condutor narrativo para me expressar através de personagens fictícias vai ser o Eneagrama, porque tem pano para mangas a nível de conteúdo e para perfis psicológicos”, conta à MAGG.
Maria Clementina tem a sua própria personagem, que é o tipo 4 do Eneagrama, considerada uma pessoa idealista, e construiu oito personagens fictícias “muito caricatas” e distintas entre si, “de classes sociais diferentes, com comportamentos completamente diferentes e com maneiras de falar/sotaques diferentes” para dar a conhecer o mapa de autoconhecimento.
“A Felismina Perfeito, uma velhota que é o tipo 1, que representa a perfecionista, a Paula Carinho, que é uma esteticista que representa o tipo 2, que são aquelas pessoas cuja motivação na vida é agradar e ajudar os outros para conseguirem obter amor e aceitação na sociedade, a Joana Máximo, que é uma mulher de sucesso, de negócios, que é aquela que representa o tipo 3, aquele cujo tipo de personalidade é mais orientado para o sucesso e para a concretização, a Sofia Mestre representa o tipo 5, que é uma investigadora cientista, que são aquelas pessoas que estão mais conectadas com o conhecimento, com a sabedoria e que normalmente são mais distantes, a Bebita, que é a questionadora, representa o cético do Eneagrama e são pessoas que respondem a perguntas com outras perguntas, sendo o tipo 6", diz.
"A Mel Morango é a minha personagem caricata que é uma influencer de cabelo cor-de-rosa, que representa o tipo 7, que é o eterno otimista, entusiasta, a pessoa que faz mil planos, a Leonilde Fortes é uma bombeira, que é o tipo 8 e representa o desafiador e aquele que não tem papas na língua, e a Aura Sereno, que é uma energy healer e que representa o tipo 9, o pacifista, que são aquelas pessoas muito neutras a cuja grande motivação é a harmonia”, detalha.
A autora do “Não Disfarces” construiu todas as personagens “sozinha”, com base nas sessões de coaching que ia tendo com Vítor Costa e num livro que comprou sobre Eneagrama, já que “não é especialista”. A partir daí, começou a escrever os seus guiões e validou-os com o facilitador especializado.
Em cada episódio do podcast e também no espetáculo ao vivo, estão presentes apenas Maria Clementina e Vítor Costa. “Há um momento em que eu saio de mim, tenho uma mala ao meu lado com disfarces, com perucas, óculos e tudo, e começo a mascarar-me ao vivo. Isto vê-se tudo nos vídeos, o meu processo de caracterização é filmado. É tudo em tempo real e, de repente, já estou noutra personagem. Estamos ali num bate papo entre eu e o Vítor, eu já em personagem, depois saio dessa personagem, entro noutra personagem e depois saio dessa personagem. Então sim, temos aí um espaço de cerca de meia hora em que ficamos a analisar aquilo que aconteceu, já em modo sério e normal, e a desconstruir o que é que são aqueles perfis do Eneagrama”, explica, acrescentando que têm recebido mensagens dos ouvintes a dizer que os ajudaram “imenso” e que “finalmente conseguiram dar um nome àquilo que sentiam”.
“Muita gente que, à partida, nunca se iria interessar por esta ferramenta que é um bocadinho densa, através deste lado mais humorístico e caricato acaba por se rever e por pensar: ‘eu tenho muita coisa desta [personagem]. Não sou esta, porque é exagerada, mas tenho muita coisa dela, há coisas com as quais eu me identifico’. E foi assim que muitas pessoas tomaram contacto com o Eneagrama”, refere.
O projeto, disponível em formato áudio e vídeo, tem cinco meses e “cresceu muito organicamente”, sendo que vários excertos viralizaram nas redes sociais, em menos de 24 horas atingiu o topo dos podcasts mais ouvidos na Apple Podcasts na categoria Educação e, uma semana depois do lançamento, alcançou o 26.º lugar na plataforma e o 29.º no Spotify em Portugal a nível geral.
Maria Clementina adianta ainda o que a fez decidir fazer uma peça de teatro ao vivo. “Lançámos o podcast, começámos a ter muita adesão espontânea, muitas pessoas a agradecerem e a gostarem do conteúdo, e rapidamente sentimos que o passo seguinte, mais do que fazer uma segunda temporada, era ir para um formato diferente, ir para o palco. Como isto vivia tanto da interpretação teatral, achamos que tínhamos margem para o fazer, e então produzimos um guião para o espetáculo”, diz.
O espetáculo ao vivo, com encenação de André Lourenço e com o apoio de Sofia Loureiro, “propõe a sequela destas nove personagens do podcast” e está feito para quem nunca o viu. “É uma fusão muito engraçada entre peça de teatro e workshop imersivo de Eneagrama através do Vítor, que é mais o especialista da coisa, sempre com um cunho muito humorístico, com muita música, convidando o espectador ao riso e à reflexão”, adianta.
Os bilhetes para os dias 15, 20 e 27 de maio já estão à venda na Ticketline e locais habituais, e têm um valor de 16€.