
Para Fábio Porchat, a ideia de “Agora É Que São Elas” nasceu da vontade de revisitar um formato que há muito não fazia: as cenas curtas, populares no teatro carioca. “Eu queria fazer algo com a Priscila e fiquei a provocar: e se fizéssemos uma comédia em sketches? Achei que estava na hora, porque fazia tempo que não via uma peça assim”, começa por dizer o humorista brasileiro em entrevista à MAGG.
Na peça de teatro “Agora É Que São Elas”, que sobe ao palco da Aula Magna, em Lisboa, em setembro, as atrizes e comediantes Priscila Castela Branco, Júlia Rabelo e Maria Clara extrapolam a questão de género e transformam-se em 20 personagens, entre femininos e masculinos, onde manifestam críticas e reflexões sobre sociedade, política e comportamento que são trazidos à cena com humor e talento através de vários sketches.
Para chegar a este resultado, Fábio Porchat, o autor e encenador de "Agora É Que São Elas", revisitou textos que tinha escrito há mais de 20 anos, selecionou três e produziu também material novo, já a pensar na personalidade e no humor das três atrizes que iriam interpretar as cenas. A modernização de algumas piadas também foi fundamental para esta nova peça, e um exemplo dado foi a transformação de uma cena sobre autógrafos numa sátira às selfies, muito mais atual, tal como explica em entrevista.
Priscila Castela Branco descreve o espetáculo como “diversão garantida” e acredita que o público se vai identificar com as situações, reconhecendo nelas amigos, familiares ou até a si próprio.
Júlia Rabelo realça que o humor rápido e a diversidade de personagens fazerem a peça ser dinâmica e rica. “São várias personagens, de diferentes perfis, desde supersticiosas, até ao anjo do constrangimento, que aparece para evitar situações embaraçosas. Fazemos também de homens e mulheres”, revela.
Ritmo, personagens e o desafio do timing
Um dos maiores desafios, revelaram as atrizes, é o ritmo acelerado que exige grande concentração e coordenação. “O Fábio tem um pensamento muito rápido, o humor é veloz, e nós temos que acompanhar esse ritmo. É um desafio trazer essa velocidade para o corpo e a interpretação”, explica Júlia Rabelo.
Já Priscila Castela Branco acrescenta que a peça precisa das piadas e o timing exato para a gargalhada perfeita. Entre as várias personagens, destaca a sua “Mulher Maravilha cansada”, que representa uma Mulher-Maravilha exausta, enquanto Júlia Rabelo diverte-se com o “anjo do constrangimento” que surge para evitar acontecimentos sociais comuns. A multiplicidade de papéis torna a experiência teatral rica e imprevisível.
O ambiente de trabalho entre os artistas é de admiração mútua e muita energia. Júlia Rabelo fala da paixão e disciplina de Porchat, que alia criatividade a uma organização rigorosa. “Ele tem um padrão alto de excelência e isso exige que estejamos sempre muito bem preparadas, mas é muito divertido.”
“O Fábio sabe exatamente até onde a peça pode chegar. Ele é exigente, mas também muito prático, e sempre confiante no potencial do elenco para fazer o público rir", diz Priscila Castela Branco.
Mas o humor, no fim, é o que une todos no palco. “O compromisso é com a risada. As atrizes pegaram os textos e conseguiram aprimorá-los, tornando a peça ainda melhor. Elas são as protagonistas da noite e brilham muito,” diz Fábio Porchat.
Com mais de 50 mil espectadores no Brasil, a peça também promete conquistar fãs em Portugal, onde o humor da Porta dos Fundos, plataforma ligada a Fábio Porchat e Júlia Rabelo, já é bastante popular. “A reação tem sido ótima. Abrimos várias sessões e a resposta do público português é muito animadora” conta o autor."Muitos brasileiros residentes em Portugal têm manifestado grande expectativa pelo espetáculo", diz uma das atrizes.
"Agora É Que São Elas" vai estar em exibição na Aula Magna, a 20 e 21 de setembro, e os bilhetes já estão à venda entre os 18€ e os 22€.