Rapahel Ghanem é já um nome incontornável do humor brasileiro. Conhecido por conseguir juntar situações banais do dia a dia a um exagero e sarcasmo característico, o comediante é um dos mais conhecidos da área no Brasil, e rapidamente o seu talento se espalhou para outros tantos cantos do mundo, nomeadamente Portugal. Com a digressão "Se É Que Você Me Entende", Rapahel Ghanem esgotou 18 das 22 sessões programadas no nosso País, e promete alfinetar até os que passam mais despercebidos.

E o que é que os espectadores podem esperar? Nada mais do que muita comédia. "Um momento de alívio na semana. Esquecer os problemas. Esperar que a gente merece ser feliz. Acho que é isso. Resgatar a esperança. Voltar a sorrir como há um bom tempo não acontece", diz o humorista em entrevista à MAGG. "É tipo um fondue, aquele suíço onde você põe o queijo. Os elementos estão todos ali. Você pode mudar a ordem do seu preparo e você vai experimentando, uma hora aparece o morango, outra hora aparece uma coisa mais amarga. E as histórias vão contando, vamos preparando ao vivo", acrescenta. 

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Rapahel Ghanem começou na comédia em 2009, mas foi durante a pandemia, em 2020, que alcançou o seu maior público: 48 milhões de visualizações em 28 dias, segundo o portal brasileiro "Em Off". Foi construindo o seu sucesso a partir daí e o encantamento foi tão grande que o humorista acabou mesmo por se tornar num dos maiores nomes da comédia não só no Brasil como também em vários outros países - Suíça, Irlanda, Escócia, Suécia e Argentina são alguns dos locais por onde Rapahel Ghanem já passou com as suas digressões. Agora, o novo espetáculo passa por 11 países e conta com mais de 40 sessões, espelhando o sucesso que o comediante já conquistou.

E "Se É Que Você Me Entende" não foi o nome escolhido por mero acaso - o objetivo do stand-up é mesmo deixar tudo em aberto, e, como o humorista já habituou o seu público, sempre com uma mensagem de verdade por trás. "A ideia é que ande nas entrelinhas, porque na internet, geralmente, pode dançar com a bunda no vídeo, mas não pode falar a palavra bunda. É para brincar justamente com esse problema que todas essas plataformas deixam crianças dançando com músicas sugestivas de verdade, mas não podemos, numa piada, falar um palavrão ou dar intenções. Então, a gente usa o 'Se é que você me entende'. No final, as pessoas entendem sempre. Pelo menos quem é adulto vai entender", explica. 

Veja algumas fotos dos espetáculos.

Esse é, lá está, um dos maiores traços característicos da carreira de Rapahel Ghanem, uma vez que sempre foi conhecido por misturar observações afiadas sobre o quotidiano com situações hilariantes e fáceis de extrapolar. No entanto, o humorista tem sempre por base aquilo que é real. "Apesar de lúdico, eu ajo dentro com verdade. Então, eu não falo sobre uma noite na lua, porque eu não vivi isso, mas, sim, uma noite em um ponto de ônibus, onde provavelmente a maioria viveu. Eu tento trabalhar dentro do lúdico, fantasiando, trabalhando em cima do exagero, da quantidade, das possibilidades e tudo mais", diz.

Desta maneira, o espetáculo vai juntar histórias da vida das pessoas do público, refletindo sobre relacionamentos amorosos e situações do quotidiano que podem ser criticadas quando especificadas, mas que se alguém disser "Se É Que Você Me Entende", já passa pelas entrelinhas. "O desafio é justamente tirar do público informações divertidas, porque as perguntas que eu faço são as mesmas, tem um roteiro igual. Porém, as pessoas mudam, então as informações mudam", acrescentou Rapahel Ghanem, explicando ainda que as pessoas vão sempre tentar dar a resposta que acharem a mais engraçada, mas que a simples verdade, por vezes, é o que basta. "O meu desafio é tirar deles a melhor história possível", diz. 

Esse desafio foi e vai ser, então, tentado em Portugal, em todas as 22 sessões preparadas. Algumas já aconteceram e outras estão prestes a acontecer, com bilhetes para as sessões de Santarém e Braga, a 19 e 21 de março, respetivamente, ainda disponíveis para compra (cujos valores variam entre os 30€ e os 35€), onde existiram inclusive datas extra para colmatar a tamanha procura de lugares. "É como viver um sonho, porque, quando a gente volta para lá, parece que acordou realmente de um sonho", refere o humorista, que explica também como vê as diferenças entre Portugal e Brasil, de uma forma cómica, e o que mais gosta no País.

"Vocês vivem aqui em um universo paralelo, porque lá [no Brasil] eu não sei o que houve, mas eles buscam ser americanos o tempo todo. E aqui vocês ainda cultivam a ideia de ter um lar, uma família e ser leal. Aqui tem um negócio que parece os anos 90 no Brasil. Nos anos 90, lá, a gente tinha padarias iguais que tem aqui hoje", diz. "Eu gosto de vir porque a comida é muito boa, o clima é muito bom, eu consigo andar na rua com o meu celular tranquilo. Não tenho medo", remata Rapahel Ghanem.

Espreite as fotos da entrevista.