Mais de 15 anos separam este domingo, 16 de junho, da última vez que Joana Alvarenga, Nelson Antunes, Tiago Barroso e Joana Anes estiveram juntos no pequeno ecrã ou em palco. O quarteto principal de "Rebelde Way" reuniu-se no segundo dia do Rock in Rio Lisboa, pelo que a Cidade do Rock se encheu de fãs nostálgicos, que já não se contentam com o facto de poderem rever os episódios do formato, disponíveis na OPTO desde abril.

No Super Bock Digital Stage, juntaram-se para, além de serem protagonistas de uma talk, voltarem a interpretar alguns dos êxitos mais marcantes dos RBL, banda que popularizaram no âmbito da série da SIC – e provarem que, mesmo uma década depois, ainda há química para dar e vender. Foi o caso de "Amor Imortal", "Marcas do Passado" e "Chegou a Hora", canções com as quais a plateia vibrou. No rescaldo da apresentação, a MAGG falou com os artistas e fez a pergunta que não quer calar: afinal, há ou não um regresso programado?

"Costuma dizer-se que a arte se faz daquilo que o público quer. Neste momento, não se está a fazer isso. O público quer e não lhe dão. Se o público quer 'Rebelde Way', nós também queremos". É assim que Joana Alvarenga, que interpretou Lisa Scott no formato, fala sobre o facto de ainda não ter sido proposto ao elenco nem um regresso da série, que esteve no ar entre 2008 e 2009, nem uma reunião da banda que lhe deu voz.

"O que nós fizemos aqui foi uma brincadeira, foi só um teste para ver se o público sabia as letras, se gostava, se nos queria ver. Está provado que sim. Então, é haver condições e trabalhar para isso, de uma forma coesa – e, caso haja [um regresso], tem de ser uma coisa em grande e não ser mais ou menos", continua a atriz, em entrevista à MAGG.

Já Joana Anes, que deu vida à popular Mia Rossi, considera que o espetáculo deste domingo "não é um terço" daquilo que são capazes."Aquilo que aconteceu hoje resultou, porque há, de facto, umas saudades enormes e a nossa química resulta. Então, imaginem se nós agora pudéssemos dar algo com consistência e qualidade", explica a atriz, cuja colega aproveitou a deixa para explicar que este regresso não é mérito da SIC.

Nelson Antunes sobre "Rebelde Way". "Não me recordo de nenhum projeto que tenha tido o nosso impacto"
Nelson Antunes sobre "Rebelde Way". "Não me recordo de nenhum projeto que tenha tido o nosso impacto"
Ver artigo

"Isto tem que ser dito: não foi um convite da SIC. Eles não estão a apoiar este projeto neste sentido de estarmos aqui no Rock in Rio. Isso não deve estar nos projetos deles, tanto que eles nem estão cá. Isto tudo aconteceu através da agência que trata do palco digital do festival", explicou a artista, cujas afirmações foram corroboradas por Tiago Barroso, que considera ser "importante haver gestão de expectativas" nesse sentido.

"Não vamos incutir na cabeça das pessoas que a 'Rebelde [Way]' vai voltar, que vai haver uma segunda temporada ou que a SIC quer muito. Não há nenhum retorno deles nesse sentido. Na realidade, não há nada, há apenas um interesse em terem na OPTO a 'Rebelde Way'", acrescentou Joana Alvarenga, deixando bem claro que o grupo não quer "enganar o público".

Se houver um regresso, ideias não faltam

"Se as pessoas querem 'Rebelde Way' e RBL, é conversar e poder apresentar um trabalho como deve ser", frisou Nelson Antunes, conhecido por ter encarnado Manuel Guerreiro, o bolseiro do colégio Prestige, que servia de pano de fundo da série. De olhos a brilhar, a vontade do grupo em voltar a fazer o projeto acontecer é palpável – e há até quem já tenha ideias.

"Eu já pensei nisso e vou dizer-vos: eu tenho o guião pronto", brincou, entre risos, Tiago Barroso, responsável por dar vida a Pedro Silva Lobo na série. "Podíamos ser pais e irmos levar os filhos a outro colégio, por exemplo. Ao Pedro podia ter-lhe sido passada a presidência da câmara, não sei", elaborou.

Já Joana Anes também não conseguiu conter o entusiasmo e, retirando o telemóvel do bolso rapidamente, aproveitou para ler um rascunho que já tinha escrito. "As nossas vidas levaram caminhos diferentes, mas o destino reúne Manel, agora professor no colégio, Mia, que é uma cantora a solo bem sucedida, mãe de duas meninas, e Lisa, que virou atriz famosa como a mãe. O Pedro Silva Lobo, como estava cansado das coisas do pai, virou um médico sem fronteiras para ajudar os outros.", lê a atriz, com um sorriso de orelha a orelha.

Em relação à localização da série, esta passar-se-ia exatamente no mesmo local. "O colégio continua a existir", relata Joana Anes, enfatizando que a componente musical não iria ser descurada. "Volta a haver uma banda no colégio e querem trazer os RBL para fazer um revival. Recebemos uma chamada e voltamos", remata.

"Há uma carência de conteúdos deste género hoje em dia"

Rebelde Way
Mia Rossi, Manuel Guerreiro, Lisa Scott e Pedro Silva Lobo de "Rebelde Way". créditos: Opto SIC

Afinal, o que é que "Rebelde Way" tem para, mais de uma década e meia depois, continuar a ser um dos projetos mais aclamados da SIC? Não dizemos isto de forma leviana, mas porque foi precisamente graças aos pedidos do público, responsável por inundar as redes sociais da estação com pedidos, que a série foi parar à OPTO.

"Acho que abordávamos muitos temas importantes para a juventude e acho que há uma carência de conteúdos deste género hoje em dia", diz Tiago Barroso, à MAGG, que aproveita ainda para relatar que ainda lhe chegam mensagens de fãs a confessar que o projeto era como uma rede de suporte.

"Muitas das pessoas que nos apoiam ainda hoje dizem-me: 'eu passava por bullying, por problemas de obesidade' ou por outras questões que o conteúdo levantava e que eram muito importantes. E eu acho que os jovens se agarram a essas personagens para encarar os desafios que têm no dia a dia", explica, sendo as suas afirmações completadas pelas de Joana Anes, que atribui o sucesso à "forma como as temáticas eram abordadas".

"Rebelde Way" já tem data de estreia na OPTO SIC. E há quem queira fazer nova temporada
"Rebelde Way" já tem data de estreia na OPTO SIC. E há quem queira fazer nova temporada
Ver artigo

"Era tudo abordado de forma muito clara, não era falado superficialmente", explica a atriz, referindo que "havia sempre uma profundidade nas personagens". "Era leve quando tinha de ser, mas abordava-se com profundidade o que tinha de ser dessa forma", conclui.

"E apesar de ser passada num colégio de luxo, mostrava todos os estratos sociais – internos, não internos, bolsistas, não bolsistas", completa Joana Alvarenga, que apresenta ainda uma grande diferença em relação a "Morangos com Açúcar", série da estação concorrente e de cuja quarta temporada também fez parte.

"Eu acho que, nos 'Morangos com Açúcar', o facto de haver personagens a entrar e a sair não criava tanta raíz como nós criámos", frisa. "Nós fomos um projeto longo, com tino, com as mesmas personagens, com histórias com princípio, meio e fim. Todas elas tinham uma história. Todas", remata a atriz.

Veja o antes e depois das personagens.