A série sensação da Netflix está de volta. Depois de um primeiro volume de episódios que fez da série documental uma das mais vistas em Portugal em julho, "Unsolved Mysteries" regressa com um segundo volume composto por seis capítulos — e todos eles sobre casos reais de desaparecimentos que ainda hoje estão por explicar e cujos responsáveis ainda não foram identificados nem julgados em tribunal.

Pode apontar já na agenda: é esta quarta-feira, 14 de outubro, que os seis novos episódios de "Unsolved Mysteries" chegam ao catálogo da Netflix em Portugal. Um dos casos abordados nesta nova temporada trata-se do homicídio de John P. Wheeler, um homem de 66 anos que foi encontrado morto em dezembro de 2010 em Delaware, nos EUA. O culpado continua desaparecido.

Segundo várias testemunhas, John Wheeler foi visto com pela última vez com vida a 29 de dezembro a tentar entrar numa garagem, apesar de o seu carro estar estacionado numa garagem longe daquela. Nessa mesma altura, vestia um fato preto, só tinha um sapato calçado e, dizem as testemunhas, parecia desorientado. Momentos depois de ter sido visto nesse local, o homem ter-se-á deslocado até uma farmácia na qual pediu boleia para Wilmington, também em Delaware e foi essa a última vez que alguém soube dele.

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Cerca de 14 horas depois, o homem foi encontrado morto devido a uma golpe que lhe causou um traumatismo na cabeça. Apesar das investigações, as autoridades não foram capazes de descobrir exatamente o que lhe aconteceu nem em que contexto o crime terá acontecido.

Este é só um dos casos abordados na nova temporada de "Unsolved Mysteries", em que o denominador comum é a falta de respostas para as famílias das vítimas. Com a popularidade da série, as autoridades têm esperança de que novas pistas possam surgir para reabrir as investigações de alguns dos casos abordados nos episódios.

Mas apesar da popularidade da série, ela não é uma novidade. Trata-se de um reboot da versão original, de 1987, mas que mantém a mesma premissa: dar a conhecer, a cada episódio, um caso novo e que continua por resolver tantos anos depois. Mas porque a televisão tem esse poder, enquanto a série original esteve em emissão — entre 1987 e 1997 — foram vários os espectadores que contactaram as autoridades com novos detalhes que pudessem ajudar a polícia a dar continuidade às investigações muitas vezes paradas por falta de provas ou de recursos.

O reboot da Netflix, sabe-se agora, já produziu o mesmo efeito com o FBI, que recebeu pelo menos 20 pistas credíveis nas primeiras 24 horas após a estreia de "Unsolved Mysteries", a 1 de julho.  Essas pistas dizem respeito às investigações do homicídio de Alonzo Brooks ocorrido a 3 de abril de 2004, durante uma festa com cerca de 100 pessoas, e que é abordado no quarto episódio da temporada. Sobre o caso, sabe-se pouco.

Mas algumas das testemunhas que estiveram presentes na festa recordam-se de ver Brooks, um homem negro de 23 anos, a sair da casa a meio da noite e sozinho. Os amigos que o tinham trazido para a festa saíram antes dele, o que significa que o jovem não tinha boleia para regressar a casa — à qual nunca chegou.

Por isso mesmo, o alerta foi dado pela família que estranhou não o ver em casa na manhã seguinte. No mesmo dia, família e amigos de Brooks juntaram-se para procurar o jovem que só foi encontrado, já sem vida, um mês depois.

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Devido ao tempo que passou entre o desaparecimento e a descoberta do corpo, as autoridades foram incapazes de determinar a causa da morte. O resultado da autópsia foi inconclusivo e o responsável pela morte de Alonzo Brooks continua sem estar identificado, mas a autoridades têm fortes suspeitas de que se terá tratado de um crime de ódio racial.

"A ideia de que a morte de Alonzo se tratou de um suicídio ou que, de alguma forma, ele caiu de forma acidental num riacho enquanto deixava para trás as suas botas e o seu chapéu [os pertences que Brooks que foram encontrados nas primeiras buscas comandadas pela polícia] sem haver testemunhas de nada desafia a razão", explicou um dos advogados responsáveis pelo caso à NBC em julho.

As declarações surgem um mês depois de as autoridades terem comunicado a recompensa de 100 mil dólares (o equivalente a 88 mil euros) a quem contacte a polícia com qualquer informação credível que possa dar continuidade ao caso.