Doris Mary Ann von Kappelhoff era o nome verdadeiro da atriz e cantora norte-americana que ficou conhecida como Doris Day, uma das grandes estrelas de Hollywood nas décadas de 50 e 60. Foi na música que tudo começou, em 1939, mas o cinema trouxe-lhe reconhecimento em todo o mundo.
"Romance em Alto-Mar" (1948) foi um dos seus primeiros grandes sucessos, mas "Diabruras de Jane" (1953) e "Conversa de Travesseiro" (1959) tornaram-na num nome incontornável no cinema. Com o fim da série "The Doris Day Show", em 1973, que tinha renovado a sua popularidade nos anos 70, Doris afastou-se do mundo mediático. Aos 97 anos, morreu rodeada pela família e amigos, vítima de uma pneumonia.
Outro dos filmes emblemáticos da sua carreira foi "O Homem Que Sabia Demais", de Alfred Hitchcock. No entanto, o realizador não a queria no filme — e ela também esteve quase para recusar o papel. Doris Day não era grande fã da canção “Que Sera, Sera", escrita propositadamente para ela, e em Marraquexe recusou-se a rodar o filme até que alguém ajudasse as cabras, camelos e cães que vagueavam desamparados pelo set.
Contamos-lhe 6 curiosidades sobre Doris Day em "O Homem Que Sabia Demais".
Alfred Hitchcock não queria contratar Doris Day
A história é contada por Jay Livingston, compositor do filme "O Homem Que Sabia Demais", ao jornalista Paul Zollo, autor do livro "Songwriters On Songwriting".
"Recebemos uma chamada de Alfred Hitchcock. Ele disse-nos que tinha a Doris Day no filme, apesar de não querer. A MCA, a agência, era tão poderosa que lhe disse que se queria Jimmy Stewart, tinha de ficar também com Doris Day, [Jay] Livingston e [Ray] Evans. Que eu me recorde, foi a única vez que um agente nos arranjou trabalho".
E Doris Day também teve dúvidas sobre o filme
A atriz tinha imenso medo de voar. Quando soube que teria de se deslocar a Londres e Marraquexe, Doris quis recusar o papel. Foi o marido e manager, Martin Melcher, quem a convenceu a aceitar fazer o filme.
Doris Day achava "Que Sera, Sera" uma canção para crianças
Jay Livingston e Ray Evans foram responsáveis pela criação da emblemática canção “Que Sera, Sera" — o primeiro compôs a música, o segundo escreveu a letra. Só que Doris Day não ficou nada impressionada com o resultado final, bem pelo contrário: disse que parecia "uma canção infantil".
"Ela não queria gravar mas o estúdio pressionou-a. Ela gravou-a num take único e disse: 'É a última vez que vais ouvir esta canção'", contou Livingston em "Songwriters On Songwriting".
Em entrevista à NPR, a atriz também admitiu que "na primeira vez que me disseram que a canção ia aparecer no filme, pensei: 'Porquê?'. Não achei que fosse uma boa canção".
"Que Sera, Sera" ganhou um Óscar de Melhor Canção Original e fez parte da banda sonora da sitcom "The Doris Day Show", protagonizada mais tarde pela atriz. Ainda assim, Doris Day não mudou de opinião: "Não é a minha canção favorita, mas as pessoas adoraram-na. Os miúdos adoraram-na. E era perfeita para o filme. Portanto, posso dizer que não é a minha canção favorita mas, caramba, de facto conquistou".
Doris Day recusou-se a rodar em Marraquexe até quem alguém tratasse dos animais
A atriz era apaixonada por animais — quando, nos últimos anos de vida, se afastou da imprensa e de Hollywood, foi à sua associação de animais, Doris Day Animal Foundation, que se dedicou a 100%. Não é por isso de estranhar que, quando se deparou no set em Marraquexe com cabras, camelos e cães famintos, se tenha recusado a rodar. A produtora acabou por ter que ajudar os animais, montando uma espécie de stand de comida. Com o problema resolvido, Doris Day aceitou voltar ao trabalho.
A atriz também teve uma "pega" com Hitchcock
Em determinada altura do filme, Doris Day começou a ficar preocupada com o facto de Hitchcock parecer só prestar atenção aos pormenores técnicos, em vez de reagir à sua performance. Convencida de que ele não estava a gostar do seu trabalho, decidiu confrontá-lo. O realizador respondeu: "Minha querida Miss Day, se não me estivesse a dar o que eu queria, aí sim teria que dirigi-la".
Doris Day foi expulsa de um hotel
E não foi por ter feito nada de mal. A atriz era tão conhecida entre os britânicos que, quando se soube que iria ficar hospedada num hotel em Londres, durante a rodagem de "O Homem Que Sabia Demais", uma multidão acorreu ao local. Foi um pandemónio: a polícia tinha de escoltá-la, os fãs faziam esperas e estavam constantemente a gritar o seu nome. A direção do hotel acabou por pedir-lhe que saísse.