“Pede-me o Que Quiseres” é o nome do livro de Megan Maxwell que incendiou o coração de todos os fãs portugueses de um bom romance em março de 2024 - e é em abril de 2025 que a adaptação cinematográfica chega às salas de cinema. Inteiramente baseada na obra espanhola (com algumas discrepâncias, mas já lá vamos), a produção chega já esta quinta-feira, 17 de abril, ao cinema, e promete deixar qualquer espectador à beira da loucura. Com muita sensualidade e ousadia, avisamos já que este não é um filme recomendado para crianças.

Mas como é que tudo surgiu? “A minha editora perguntou-me se eu não estava interessada em escrever algo erótico, e eu disse que não era a minha praia. Mas, naquela noite, em casa, meti-me a pensar e pensei ‘Vou escrever um. Se gostar, tudo bem, se não, também não acontece nada’”, começou por explicar Megan Maxwell à MAGG. Nesta altura, “As Cinquenta Sombras de Grey” estava a fazer um autêntico sucesso por todo o mundo, mas a escritora confessou que não sentia bem “a parte erótica” da história. 

"The Striker" é o novo romance desportivo que não vai conseguir largar. "Adorei escrever as provocações"
"The Striker" é o novo romance desportivo que não vai conseguir largar. "Adorei escrever as provocações"
Ver artigo

Assim, Megan Maxwell apostou num tipo de romance erótico diferente, e daí surgiu “Pede-me o Que Quiseres”. Aqui, Judith Flores é uma jovem inteligente e divertida que trabalha para a empresa Muller, cujo dono acabou por morrer e é agora Eric Zimmerman, o filho, que toma conta da empresa. No entanto, por detrás de tanta beleza - e podemos já avançar que isso é realmente levado para o filme, uma vez que os dois protagonistas têm uma beleza natural descomunal -, há desejos obscuros, e o empresário leva a jovem para uma vida que ela nunca pensou ter (nem gostar). 

A verdade é que toda a tensão sexual que existe no livro transparece também no filme, deixando bem claro logo desde o início que menores de 18 anos não são aconselhados a ver a produção. Há nudez, sexo, palavrões e muita sensualidade, com os protagonistas a não terem qualquer dó dos espectadores. Quem interpreta os papéis são Gabriela Andrada e Mario Ermito, e não podemos negar que os dois fazem muito bem o seu trabalho. “Eu queria um tipo de mulher com carácter e um alemão metódico, mais sério, e para mim foi fácil fazer isso no livro. Se um dizia branco, o outro dizia negro. Então, para mim, foi muito divertido escrever esta obra”, confessou Megan Maxwell.

E a verdade é que essa diversão também transparece para o grande ecrã, nomeadamente pela atuação de Gabriela Andrada. No livro, Judith Flores já parece efetivamente uma mulher muito animada e explosiva, mas a atriz espanhola soube personificar isso bastante bem. Desde as suas mudanças repentinas de humor às discussões, aos choros e, claro, às partes mais sensuais, podemos dizer que esta foi uma ótima opção para interpretar a personagem principal. 

“Eu adoro escrever comédia, e o sexo também tem humor. No início foi difícil, mas depois encontrei o caminho com a Judith. É uma mulher andaluza, madrilenha, é um pouco de tudo, e é uma mulher que tem muito brilho e muito humor”, disse a autora. Já Mario Ermito conseguiu trazer a parte séria de um homem alemão, mas não podemos deixar de afirmar que, se calhar, estávamos à espera de outra coisa. 

E não tem nada que ver com o ator em si e sim com a própria personagem. O Eric Zimmerman do livro parece um homem mais fechado, que, quando finalmente se abre, deixa qualquer leitor fanático. No entanto, parece que essa sensação não existe no filme, com algumas partes, na gíria atual, a serem ligeiramente cringe (ou seja, um pouco constrangedoras). Além disso, sabíamos que a personagem era alemã e que tinha uma mãe espanhola, mas o sotaque carregado e forçado conseguiu desviar um pouco as nossas atenções. 

No entanto, algo que está bem explícito é mesmo a parte sexual do livro no filme. Para quem não leu a obra, Eric Zimmerman não é adepto de uma noite a dois, e gosta muito mais de explorar o sexo como um jogo - a três, a quatro, nas mais variadas posições, com os mais variados brinquedos sexuais. Esta é uma vida que Judith Flores desconhece, e que, no início, até abomina, mas depois começa a gostar. É como diz a velha expressão popular: primeiro estranha-se, depois entranha-se - até mesmo para os leitores e, agora, espectadores, uma vez que a dinâmica sensual dos dois traz bastante vida à produção. 

“Não foi um problema para mim explorar esta parte do sexo. Até gostei, porque aprendi muito, aprendi muitas coisas que não conhecia, e quando comecei a explorar, por exemplo, o mundo do swing, o mundo do intercâmbio, descobri que conhecia pessoas que já o tinham feito. Isto é super normal no nosso dia a dia, mas, como ainda existe um certo tabu, não é falado”, explicou Megan Maxwell. “Depois de escrever até pensei ‘Uau, eu quase que também quero fazer isto”, acrescentou, entre risos. No entanto, este desejo meio que se tornou verdade e, apesar de não querermos dar spoilers, adiantamos que a escritora também aparece no filme. 

Contudo, temos de ser sinceros: apesar de algumas partes da produção estarem bem feitas e de acordo com aquilo que Megan Maxwell escreveu, a verdade é que o filme pode deixar um pouco a desejar. A produção em si não está a melhor (também não está má, atenção, mas podia estar muito melhor), e há mesmo uma cena específica que deixa qualquer pessoa que já leu o livro sem reação. O dramatismo propositado também não ajuda, e precisamos de ser realistas no que toca a discussões dentro de um carro. Ninguém precisa de acelerar daquela maneira, muito menos para tornar o momento constrangedor.

Espreite o trailer.

Além disso, existem também algumas discrepâncias do filme para o livro, como o momento inicial ou até mesmo o momento final - este último sendo mesmo uma total ruptura, não estando nada parecido com aquilo que a obra transmitiu. No entanto, admitimos que, feito assim, até deixou a produção mais caótica. Quanto a momentos inteiramente baseados no livro, estes também existem, nomeadamente a parte da casa desarrumada de Judith Flores, Currito e as suas tortilhas de chocolate, assim como a famosa cena no elevador, que Megan Maxwell pediu afincadamente para que fizesse parte do filme. 

E sobre o futuro? Só o sucesso deste filme o dirá. “Pede-me o Que Quiseres” é, na verdade, o primeiro de uma saga de cinco livros (três já disponíveis em Portugal pela editora Planeta), pelo que novas produções podem sempre estar à vista - e a escritora confirma: “Eles também estão convencidos de que querem fazer a segunda parte”.