Esta sexta-feira, 10 de outubro, Diogo Piçarra abre um novo capítulo na sua história musical: é o dia do lançamento do "D≡Z" (sim, lê-se "dez" como o número), um álbum que é tanto uma celebração como uma reinvenção. E porquê? Porque mais do que marcar uma década de carreira, este projeto propõe uma escuta de memória e futuro, revisitando canções que definiram o percurso do artista, mas oferecendo-lhes nova vida através de colaborações inesperadas e arranjos que espelham a maturidade de quem cresceu com a música e de quem ainda está a crescer.

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Desta forma, o novo álbum é composto por 10 músicas, para celebrar os 10 anos de carreira, que já fazem parte do catálogo de Diogo Piçarra, mas que foram regravadas à maneira de 10 artistas que ainda vão dar muito que falar no mundo desta indústria. "Tenho vozes, convidados, que são o futuro da música portuguesa, e muitos deles emergentes. Eu sempre gostei de ouvir as minhas músicas noutras versões, noutras vozes, adoro ouvir DJs a fazerem remixes, ou pessoas a fazerem covers no Instagram, ou outro tipo de reinventar as minhas canções", começou por dizer Diogo Piçarra à MAGG.

"E neste caso foi quase pura encomenda, porque foi escolher os cantores que iriam fazer parte deste projeto, mas dar-lhes liberdade para fazerem o que quisessem. Cada um escolheu a sua música e o seu produtor, eu não tive responsabilidade em nada. E o resultado foi mágico, eu nunca esperaria. Muitas boas surpresas, pelo que para mim podiam inventar ainda mais e desconstruir ainda mais porque o objetivo era mesmo esse, desconstruir as minhas músicas e tornarem-se deles também", continuou. "Quis tentar pedir-lhes e sugerir-lhes que escolhessem a canção que fizesse parte da vida deles".

Assim, entre as canções do novo álbum estão "Só Existo Contigo", com Satiro, "Paraíso", com Soarito, "Saída de Emergência", com Peculiar, "Volta", com Edmundo Inácio ou ainda "Coração", com Carolina de Deus. "Primeiro foi escolher as pessoas, depois esperar que eles escolhessem as canções, depois eles fazerem a produção quase do zero, depois os produtores tentarem compor. Depois foi preciso eu entrar em cena e também regravar as vozes, por isso foi um processo demorado, quase de um ano, mas fico muito satisfeito porque todos aceitaram logo o convite".

E esta escolha também foi bem pensada por parte do artista. Entre algumas afinidades e artistas que Diogo Piçarra vinha a acompanhar, os 10 artistas que fazem parte do D≡Z foram escolhidos a dedo. "Em quase todos os discos tive sempre alguém ou emergente, ou de quem eu ouvia falar e com quem gostava de fazer alguma coisa. Eu sempre tentei fazer esse tipo de conexão, porque o talento não está diretamente relacionado com as visualizações ou a fama. Pessoas que não têm assim tantos ouvintes mensais, que é o vocabulário de hoje em dia, mas que têm muito mais talento ou muito mais valor", explicou.

Mas esta ideia de ir buscar outros talentos para reinterpretar as suas músicas acabou por ganhar um outro significado e intimidade - afinal, esta decisão fez com que Diogo Piçarra também se conseguisse ver a si próprio artisticamente através dos olhos dos outros. "Isto deu-me a perspectiva de que a canção não é só aquilo, a canção é o que nós quisermos. Sem dúvida que algumas delas deu-me pena, porque é que o original não foi já esta música nova? As pessoas vão encontrar músicas que vão do 8 ao 80, músicas que estão mais ou menos parecidas com a original, mas com um verso novo, ou músicas que de repente parecem totalmente novas, e o que eles fizeram foi dar-lhes uma nova vida", disse o artista.

Posto isto, ao fim de uma década, é praticamente inevitável olhar para trás, mas Diogo Piçarra não o faz com nostalgia e sim com a serenidade de quem aprendeu a dar tempo às coisas ao longo destes 10 anos que passaram. "Acho que a curiosidade ainda se mantém, a mesma do Diogo de 2015. A maturidade é que é outra. O Diogo de há dez anos era mais ansioso, queria que tudo acontecesse rápido. Depois do 'Ídolos', houve essa pressa, queria lançar logo uma música. Ainda bem que as coisas demoraram, porque aprendi com isso. Hoje continuo curioso, mas já não tão ingénuo. E ainda sinto que a indústria é um desconhecido. Há sempre um novo estilo, novos artistas, e eu continuo com essa vontade de descobrir".

Essa curiosidade, aliás, é o que o tem mantido a par da velocidade a que corre a indústria musical, e se há palavra que o artista usa para resumir esta década, é "relâmpago". "Eu diria que foi mesmo 'relâmpago'. Sinto que, em dez anos, fiz coisas que antes poderiam demorar 20. As salas, os álbuns, os projetos, os livros, os festivais, até programas como o 'The Voice'. Antigamente, talvez por não haver redes sociais nem esta exposição, demorava-se muito mais tempo a chegar a esse ponto. Hoje tudo acontece depressa, e isso é bom e desafiante ao mesmo tempo. Acho que a melhor palavra é mesmo essa: 'relâmpago'. Tudo aconteceu a uma velocidade incrível", rematou Diogo Piçarra.

Os artistas que fazem parte do D≡Z

novo álbum diogo piçarra
novo álbum diogo piçarra créditos: Ricardo Lobo / Mary luz / Afonso Duarte Batista / Michel de Freitas

Interpretar a música de Diogo Piçarra representou, para Carolina de Deus, muito mais do que uma simples execução: foi uma aprendizagem sobre equilíbrio e liberdade artística. "Temos de encontrar um equilíbrio sobre aquilo que o Diogo passa e aquilo que eu também consigo passar ao interpretar esta música. Uma das coisas de que mais gostei foi perceber que a música ganhou todo um novo significado e uma nova sonoridade que funciona muito bem. A arte é liberdade, e se seguimos a nossa verdade, encontramos sempre um caminho que faz sentido”, explicou a artista à MAGG, destacando a importância de Diogo Piçarra permitir a estes artistas criarem e reinventarem.

Para Edmundo, assumir a interpretação de "Volta" foi um momento carregado de emoção pessoal, ligado a memórias familiares e à necessidade de fazer uma homenagem a quem já partiu. O artista, que tinha uma ligação com Diogo Piçarra por causa do "The Voice", recorda que, quando escolheu esta canção, atravessava um período delicado, e que a "Volta" surgiu no momento certo para fazer uma homenagem. "Surgiu no momento certo para eu meter um ponto meu na canção. Aprendi com o Diogo que é possível ser grande artista e, ao mesmo tempo, manter a humanidade, mesmo após 10 anos de carreira. Foi uma lição de humildade e de sensibilidade no meio da indústria musical". 

No caso de Peculiar, a experiência representou sobretudo uma oportunidade de explorar novas sonoridades e de perceber como poderia encaixar a sua própria identidade artística no universo de Diogo Piçarra. "Foi surpreendente conseguir ouvir-me dentro de uma sonoridade que faz parte do universo do Diogo. Aprendi que é possível existir noutras sonoridades, mantendo a minha identidade. Este projeto também me levou a valorizar mais a canção em si, a deixar o instrumental respirar e a permitir que a música brilhasse de forma mais simples e direta”, contou, refletindo sobre o equilíbrio entre inovação e lealdade à sua própria voz.

Satiro, que escolheu "Só Existo Contigo", por seu lado, destacou à MAGG o sentimento de liberdade criativa e a proximidade com Diogo durante o processo. "Interpretar uma música tão adorada foi um desafio, mas senti que podia pôr a minha identidade sem perder a essência do Diogo. Criámos um universo nosso dentro do universo dele, e isso é exatamente o que ele queria para este projeto. Fiquei feliz também pela amizade e confiança que se criou durante todo o processo", disse, sublinhando a confiança e o respeito mútuo como elementos essenciais para que o resultado final fosse tão natural e emotivo.

Zarko, que participou na interpretação de uma faixa mais de "nicho", "Vem-me Salvar", valorizou sobretudo a oportunidade de trabalhar de forma descontraída e genuína, explorando um estilo que se aproxima do seu percurso anterior. "Foi uma honra trabalhar com o Diogo. O som que escolhi é mais de nicho, um hip hop trap que não chega a tanta gente, mas era perfeito para mim. O processo foi super natural e mostrou que é possível criar algo especial sem pressões externas, só focado na música e na relação humana". Para o artista, o projeto demonstrou que há espaço para ousar dentro do universo de um artista consolidado, mantendo autenticidade.

Veja aqui as músicas do novo álbum:

  • "Sorriso", com Latte;
  • "Dialeto", com Neyna;
  • "Tu e Eu", com Bandidos do Cante;
  • "Coração", com Carolina de Deus;
  • "Só Existo Contigo", com Satiro;
  • "Vem-me Salvar", com Zarko;
  • "Há Sempre Uma Música", com Diana Lima;
  • "Paraíso", com Soarito;
  • "Saída de Emergência", com Peculiar;
  • "Volta", com Edmundo Inácio.