Seja por dinheiro, pelo ambiente, ou só porque sim, alugar roupa durante a gravidez parece uma melhor ideia em alternativa às peças de fast fashion, no seu sentido literal, uma vez que as roupas que normalmente as mulheres compram para a gravidez são usadas por menos de nove meses. Por isso, Susana Cunha Trindade, 43 anos, pensou estender o conceito de roupa em segunda-mão à maternidade e decidiu criar pelas próprias mãos a Mom-to-Mom, um projeto cujo objetivo é permitir alugar ou comprar roupa de grávida em segunda mão.

"Há vários anos que oiço os dilemas de quem compra roupa de grávida. 'Não vou dar um balúrdio por uma peça que vou apenas usar uns meses/semanas e depois o que faço com ela? Não há nada giro nas lojas, e nada me serve, etc'. A Mom-to-Mom quer ser este facilitador, ajudar mamãs a não se preocuparem com este aspecto da maternidade e a focarem-se no essencial", revela à MAGG a criadora do projeto lançado em maio.

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Apesar de ter nascido no meio de uma pandemia, isso não tem sido um entrave para as futuras mães alugarem roupa na Mom-to-Mom. "Tem sido bem aceite e temos já várias clientes mamãs satisfeitas com as suas peças, dado que estão em ótimas condições. Além disso, as peças são lavadas e tratadas por nós com todos o cuidado que se exige em termos de higiene, sendo que todas as peças passam um período de 'quarentena' antes de serem colocadas online", refere a responsável.

Susana usa roupa em segunda mão já há vários anos, e apesar de não ter filhos, foi a pensar em todas as mulheres que, como ela, gostam de moda, que decidiu lançar este conceito de forma a que as grávidas pudessem combinar as suas barrigas com roupas "novas". Mas há ainda outro conceito dentro deste mesmo.

"A sustentabilidade para nós é um dos nossos grandes pilares em termos de posicionamento. E a pensar nas futuras mamãs, que se preocupam com o futuro do planeta que vão deixar aos seus filhos e às próximas gerações, nasceu a Mom-to-Mom", conta Susana.

Alugar ou pôr a alugar? Eis as opções

Sendo este um projeto de economia circular, não funciona apenas para alugar. Quem quer adicionar roupa ao catálogo da Mom-to-Mom e dar uma segunda vida às peças de grávida que usou durante a sua gestação também pode fazê-lo e até lucra com isso. Além de ter retorno financeiro, tem o retorno de contribuir para um mundo mais sustentável. Para dar nova vida às suas roupas o único requisito é que estejam em boas condições: sem buracos, odores, e perfeitamente funcionais no que diz respeito a fechos e botões.

Já para as mães que alugam as peças, o requisito é cuidar das mesmas enquanto as usam — uma vez que se não estiverem em boas condições ou são devolvidas às mães ou entregues a Instituições de Solidariedade Social —, mas no momento da encomenda não há "mínimos", seja quanto ao número de peças a alugar, do valor a pagar ou mesmo do tempo que as vai usar.

"Funciona como um 'renting', só paga o que usa. A mamã paga o valor da peça ou peças que pretende, usa-as o tempo que precisar e depois devolve à Mom-to-Mom para reembolso pelo tempo que não as usou", explica Susana Cunha Trindade. Quanto ao reembolso, funciona da seguinte forma: o valor da peça é dividido por cinco meses para apurar o valor mensal do aluguer que as mães têm de pagar e a diferença em relação ao valor inicial é o reembolso a receber. Caso devolva as peças passados os cinco meses e até um ano, a taxa de reembolso é de 10%.

Ficou confusa com todas estas contas? Vamos a um exemplo prático: se a peça custar 20€, tem um valor de reembolso de 4€/mês. Se a usar apenas três meses e multiplicar por 4€/mês dá um valor de 12€. Assim, o valor do reembolso é o que resta: 12€ - 20€ = 8€.

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créditos: momtomom

Quais as vantagens de alugar roupa em segunda mão?

A vantagem mais óbvia é a financeiras, uma vez que as mães passam a ter um armário composto, com peças em bom estado, baratas, e que no fim de tudo até dão dinheiro. Mas a Mom-to-Mom surgiu a pensar em mais do que isso: oferece uma forma de obter roupa online, a possibilidade de devolver peças se por algum motivo não a pretender, e ainda tem a vantagem de não ter de se deslocar às lojas (o que dá um enorme jeito nestes tempos de pandemia).

A entrega é feita em mão em Lisboa ou pode ser recolhida nas instalações na Mom-to-Mom, na Rua 5, nº11, Lisboa, e a encomenda vem num saco feito com materiais reciclados, em linha com o conceito de sustentabilidade. 

Já para quem dá roupa para que possa ser alugada, a maior vantagem é aliviar as mães de "monos" que já não usam ou não pretendem usar.

Ainda que o conceito principal seja o aluguer, também é possível comprar roupa e, exclusivamente, acessórios e calçado. "Como não exigimos a devolução da peça, se a mamã não a devolver, a peça é dela", avança Susana.