É uma revista para quem gosta dos porquês e não tem medo de ir atrás deles. São 36 páginas coloridas, e muito dinâmicas: têm notícias, claro, mas curtas; testes; passatempos; curiosidades; uma mini-banda desenhada; muitos desafios (que englobam desde sopas de letras a exercícios de memória, problemas e sudokontas); algumas piadas, a história de uma descoberta (neste número 1 é a do telefone e como evoluiu para o smartphone), uma contracapa que é um "faz tu mesmo" (neste caso é um robô de papel) e uma entrevista a uma figura ligada à ciência.
Mas a "Sou Cientista", que foi lançada esta semana (no dia 4 de abril) é mais do que uma revista. Não só indica três experiências para os miúdos concretizarem, como inclui o material necessário para uma delas, aquela que é relativa ao tema de capa e que nesta edição é “As plantas movem-se?” Daí que a publicação, mensal, venha sempre dentro de uma mala de cartão onde está o “Kit Experiência Science4You”.
Intitulando-se como a primeira revista portuguesa de ciência para miúdos entre os seis e os dez anos, o que se quer mesmo é suscitar a curiosidade das crianças, a base de qualquer cientista, diz à MAGG Fernando Carvalho Rodrigues. O professor universitário e inventor, que ficou conhecido por ser o pai do primeiro (e único) satélite português – o Po-SAT-1, lançado para o espaço em 1993 —, é o provedor da "Sou Cientista", estando pois preparado para as perguntas “que os jovens cientistas colocarão”.
Catedrático jubilado, Carvalho Rodrigues argumenta que “nós nascemos a acreditar na magia, encontrando nela a explicação para o funcionamento daquilo que vemos à superfície das coisas”. Ora, “hoje o nosso ‘abracadabra', a nossa magia, está na matemática e na geometria, por exemplo”, explica o cientista. A revista quer “que os garotos percebam isso, quer despertar o gosto dos miúdos pela ciência” até porque “os portugueses têm tanta inclinação para a ciência e tecnologia como os outros povos”.
Miguel Pina Martins garante que “em Portugal não há nada assim”. O CEO da Science4You, que forma com a Goddy, editora portuguesa vocacionada para o público infanto-juvenil, a parceria responsável por este novo projeto editorial, explica que “a revista encontra um equilíbrio entre diversão e educação” e sustenta que “as crianças vão aprender conteúdos científicos enquanto se divertem”. Esse propósito é visível nas páginas de grafismo descontraído e nos textos e ilustrações que têm um tom bem humorado.
A ideia é clara: “Proporcionar aos jovens portugueses uma forma de encontrarem na ciência um lugar de descoberta, de compreensão do mundo e de liberdade”, sublinha Nuno Catarino, administrador da Goody e publisher da “Sou Cientista”. Com as experiências, “na prática, vamos familiarizar os mais novos com o procedimento científico: formular uma hipótese, verificar se os resultados estão de acordo com ela, compreender o processo, chegar a conclusões”, continua.
Isso mesmo fez Matilde Marçal, de 7 anos, a pedido da MAGG. A aluna do 2º ano do primeiro ciclo na Escola Básica 1º Ciclo e Jardim de Infância de São Marcos Nº 1, Sintra, não teve dificuldades em realizar duas das experiências previstas na revista, como se pode ver no vídeo. Apesar de querer vir a ser professora e não cientista, o mais difícil mesmo foi impedi-la de querer continuar a fazer mais experiências.