A 16 de novembro de 2023, um professor terá agredido um aluno de 10 anos na Escola Básica Guilherme Stephens, de 2.º. 3.º ciclos, pertencente ao agrupamento de escolas da Marinha Grande Poente. A mãe da criança entrou em contacto com a MAGG para expor a situação.

O aluno em questão é hiperativo, tem défice de atenção e recebeu diagnóstico de perturbação de espetro de autismo, de acordo com a mãe, que esclarece que este "quadro clínico é do conhecimento da escola". A 16 de novembro, "teve uma crise em plena aula e não se conseguiu autorregular".

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"O meu filho começou começou aos gritos e a ficar desestabilizado", conta Bruna Lopes à MAGG. Durante estas crises, o menino "faz sons e grita", pelo que "alguns colegas começaram a gozar com ele" e "ele agarrou numa cadeira e ameaçou os colegas", explica a mãe, esclarecendo que a pousou, de seguida.

"O professor que estava na sala ao lado ouviu os gritos, dirigiu-se à sala onde o meu filho estava e interveio com brutalidade diante dos alunos todos", prossegue a mãe. O aluno estava a ter aulas com outra professora, embora o homem em questão também seja seu professor.

"O professor deu-lhe uma rasteira, mandou-o para o chão e pôs-se em cima dele. Deu-lhe várias bofetadas e pressionou-lhe o rosto contra o chão várias vezes", relata a encarregada de educação, que terá confirmado o sucedido "com várias mães" dos colegas de turma.

"As mães não tiveram conhecimento por parte da escola e sim pelos filhos", nota. "A professora interveio ao pedir aos alunos para se retirarem da sala", continua Bruna Lopes, que foi "chamada à escola" com o aviso de que o filho estaria "fora do controlo e descompensado". "Deparei-me com o meu filho naquele estado", disse-nos.

Mãe e filho dirigiram-se para o hospital e foram aconselhados a apresentar queixa. Bruna Lopes fê-lo junto da PSP e agendou uma reunião com a escola, na qual também esteve presente o ex-companheiro, pai do filho que terá sido agredido diante da turma inteira.

"Na reunião, não quiseram falar sobre o assunto, porque, supostamente, havia um processo disciplinar, que desconheço. Não fui informada", afirmou, em entrevista à MAGG. A escola acabou por deliberar que o aluno "podia ser expulso durante cinco dias, com caráter suspenso de seis meses".

A escola terá ainda decidido que o aluno "tinha de fazer um pedido de desculpas por escrito aos colegas e aos professores, incluindo o professor que o agrediu". "O meu filho não tem de pedir desculpa por ser como é nem tem de pedir desculpa a uma pessoa que o agrediu", defende Bruna Lopes.

"A escola está a tomar uma posição de quase me coagir a retirar a queixa. Disseram-me que não tinha sido bem assim como o meu filho contou, que não foi agredido. Não estou a ver 20 alunos a contarem a mesma versão e não ser verdade", acrescenta a mãe deste aluno, que frequenta o 5.º ano de escolaridade.

"Não assumem que realmente aconteceu. Não consigo perceber. Não esclareceram o que foi feito ou não ao professor. De acordo com o meu filho, ele continua a dar aulas", revela, à MAGG. "Entendo que este professor não deve estar numa escola. Não deve estar ao pé de crianças", crê esta mãe.

O aluno e o professor que o terá agredido "continuam a ter aulas juntos". "O ideal era o professor ser afastado da escola e a escola responsabilizar-se. O meu filho com certeza não é a primeira criança que passa por isto. As escolas não têm estrutura para receber estas crianças e descartam qualquer responsabilidade neste tipo de situações", menciona.

O aluno de 10 anos "ficou afetado" e, nas semanas seguintes, "não queria ir para a escola" e muito menos para a aula deste professor. Perante isso, Bruna Lopes foi informada de que todas as faltas que o filho desse seriam injustificáveis. "Fiz uma reclamação por escrito à escola", conclui.

Bruna Lopes e o filho moram na Marinha Grande. O aluno "já vivenciou esta situação com uma auxiliar", pelo que a mãe o mudou de agrupamento e de escola, "na esperança de que fosse diferente". "O meu filho não tem de andar a mudar. As escolas é que têm de mudar pelos seus alunos", acredita.

"Expus o caso à PJ, ao Ministério Público, a associações. Estou a fazer o necessário para chegar às pessoas", conta, à MAGG. Bruna Lopes gostaria que os pais dos colegas de turma do filho, que terão assistido a este episódio, testemunhassem, já que "também foram vítimas indiretas".

Esta segunda-feira, 29 de janeiro, a MAGG entrou em contacto com a Escola Básica Guilherme Stephens de modo a obter uma reação à situação exposta por Bruna Lopes. "Não há comentários. Não há necessidade disso", respondeu-nos, por chamada telefónica, um membro da coordenação da escola.

Mais tarde, enviámos um e-mail para o agrupamento de escolas da Marinha Grande Poente. "Não temos conhecimento desse caso", informaram-nos, pedindo que entrássemos em contacto com a escola. Assim o fizemos, desta vez por e-mail, na terça-feira, 30. Até à data da publicação deste artigo, não obtivemos resposta.