Os exames do ensino secundário começam hoje e uma dúvida surgiu em algumas escolas: o que fazer com os smartwatches? Se é claro que não podem ser admitidos nas salas de exames, pois são uma excelente forma de, não só armazenar cábulas como de ter acesso a informação crucial para responder às questões, já que se trata de um pequeno computador, levanta-se o problema de como o detetar. É que os alunos podem configurá-lo como um relógio normal e assim os professores não o conseguirem identificar.
O assunto foi colocado em algumas escolas face ao número crescente de alunos que possuem estes relógios e a MAGG perguntou ao Ministério da Educação (ME) qual deveria ser a atitude dos professores vigilantes. A resposta é simples: "Os smartwatches estão incluídos nos dispositivos não autorizados. Os alunos não os podem ter com eles e declaram que não os possuem, assinando uma declaração própria". Dizem as regras do Júri Nacional de Exames que qualquer relógio destes que seja detetado na posse de um aluno, quer esteja ligado ou desligado, determina a anulação da prova pelo diretor da escola.
Esta indicação não sossega a inquietação que alguns professores manifestaram: como perceber que se trata de um "relógio inteligente" se o seu aspecto for alterado para o de um relógio digital, por exemplo? Alcino Marques Duarte, diretor da Escola Secundária Domingos Sequeira, de Leiria, confirmou à MAGG que o tema tinha estado presente na reunião sobre exames daquele estabelecimento de ensino e que foi decidido "não estar a ver o que cada aluno tem no pulso". "Para já não dissemos aos vigilantes para os alunos tirarem os relógios, até porque eles precisam deles para gerir o tempo da prova e não temos relógios em todas as salas. Também não considerámos viável comprar relógios para cada sala porque não estariam ligados à central", disse o responsável que ainda acredita que "surja alguma indicação do ME de última hora relativo a este assunto".
Já Adelino Calado, diretor da Escola Secundária de Carcavelos, considera apenas que os professores terão de estar com muita atenção e assumir uma postura semelhante à que têm com as máquinas de calcular: verificar se os modelos correspondem aos que são aceites pelas normas estipuladas pelo ME e ver se têm memória e nesse caso fazer reset.
Uma (meia) dica para os professores: se o ecrã estiver apagado, ou seja se o visor estiver completamente negro, é um smartwatch já que a configuração como relógio digital ou analógico não dura mais do que uns segundos, a menos que se toque nele ou se rode o pulso. Por isso, basta esperar alguns segundos sem o mexer ou tocar para ver se o ecrã se apaga ou não, para perceber se é um smartwatch. Isto nos Apple Watches (o modelo mais usado) porque se for um Amazfit ou um Samsung, por exemplo, a coisa complica-se. Os relógios da primeira marca têm sempre o ecrã ligado e os da segunda oferecem uma opção "always on", que faz com que o formato analógico ou digital esteja sempre ligado. E os redondos enganam mesmo bem.