Com 1,58 metros e 45 quilos, Gabriella Champagne raramente conseguia encontrar roupa para o seu tamanho. "Experimentava sempre o tamanho mais pequeno da loja e, ainda assim, estava quase sempre grande", conta à MAGG.
Ao mesmo tempo procurava soluções online à sua medida, e também não era na internet que encontrava respostas.
Rapidamente percebeu que todas as pessoas — por serem mais altas, ou mais baixas, ou mais gordas, ou mais magras — que não respondiam aos tamanhos standard partilhavam da mesma dificuldade em encontrar as roupas certas.
Foi aí que decidiu criar a EDIS, uma plataforma online à qual os clientes podem recorrer para criar peças à sua medida, ao mesmo tempo que dá um impulso aos designers de moda nacionais. "Acredito que é a melhor maneira de aliar a personalização, a sustentabilidade e a ética na produção", diz.
Os interessados podem ir ao site, no qual têm que responder a uma série de questões sobre a peça a desenvolver. Tamanhos, tipos de tecidos — pode ser original ou sobras de outras produções — e convém, se tiver, enviar fotografias de peças que possam servir de modelo.
A seguir, será enviada uma resposta com as propostas de mais do que um designer que trabalha na EDIS, com diferentes preços e materiais a utilizar.
A partir daí é só escolher, enviar as suas medidas exatas (ou optar por um número standard, por exemplo EU 40) e o processo prossegue, numa comunicação estreita com o seu designer. No final, a peça é enviada para casa.
Consciente do risco de plágio que existe nesta indústria, Gabriella garante que esse não é, de todo, o objetivo. "A essência do EDIS é o de criar peças únicas de maneira sustentável e ética. A intenção não é copiar o que já existe, é estimular a criatividade de pessoas que normalmente não criam as suas próprias roupas e, ao mesmo tempo, permitir que os designers criem algo que está fora das estruturas normais e totalmente personalizado".
Sabendo do impacto que a indústria têxtil tem no planeta, Gabriella, que trocou Londres por Lisboa para desenvolver este projeto, aproveita para lembrar que o setor usa tanta água quanto a indústria agrícola — e polui mais do que os setores aéreos e marítimos juntos. "Queremos mudar isso", garante.
É por isso que mantém parcerias com fornecedores de material reciclado e de excedentes, que podem ser usados como matéria prima para novas peças de roupa. Além disso, os produtos são criados de forma personalizada e sem stock.
Os designers são escolhidos, não só pelo talento, mas também pela preocupação em desperdiçar o menos possível durante a confeção. Por outro lado, recebem 80% do preço pago pelo cliente, o que traz ética ao projeto.
O EDIS faz parte da Demium, em Lisboa, uma incubadora de startups à qual recorrem para espaço de escritório e para troca de experiências com parceiros.