Num momento em que as atenções se viram todas para a utilização excessiva de plástico, há que não esquecer que existem mais formas de poluição. Os têxteis são, de acordo com a Agência Portuguesa do Ambiente, um problema: em Portugal, foram recolhidas 200.756 toneladas de tecido em resíduos urbanos. Se somarmos o valor total dos sete anos anteriores, o número sobre para 1,2 milhões de toneladas de têxteis.

Um dos principais motivos associados a este desperdício relaciona-se com o aumento das fast fashion. As grandes cadeias de roupa vieram mudar a forma como as pessoas compram. De acordo com dados da Greenpeace, citados pelo “Diário de Notícias”, as pessoas compram mais 60% das peças que compravam em 2000.

Só que a fast fashion também veio promover o fast using. A roupa passou a ser descartável, porque a moda passa a correr e a qualidade do que vestimos decresceu substancialmente. Aquilo que hoje é giro, amanhã já não é. Aquilo que ontem estava impecável, hoje já está com aspeto de ter dez anos. Custou 2,99€, portanto o prejuízo é mínimo, pensamos. Mas está errado: a roupa vai par o lixo, mas a roupa não desaparece. Ela fica cá. E quem paga essa conta é o planeta. Ou seja, nós e as gerações seguintes.

A pegada ecológica não é brincadeira. Tudo aquilo que vestimos consome recursos da Terra, desde uma simples T-shirt a um par de jeans. São milhares de litros de água para um pedaço de tecido. Além disso, há que considerar ainda o petróleo, utilizado na fabricação de roupas sintéticas, cada vez mais recorrentes. Como disse Carmen Lima,  coordenadora do Centro de Informação de Resíduos da Quercus — Associação Nacional de Conservação da Natureza, ao “DN”, “estamos a vestir-nos de plástico.” Soma-se a isto as emissões atmosféricas de gases que acompanham a roupa desde que ela começa a ser produzida até ao momento em que chega à loja.

Não havendo ainda zona própria para o efeito, sempre que pomos têxteis no lixo, estamos a enviá-los para o aterro e incineração — exceto aquela que consegue ser separada e recolhida para reutilização, prática utilizada pela Ultripo, uma empresa que se dedica à recolha de têxteis para reutilização. Segundo o “DN”, em 2018, "recolheu 6.333.584 quilos de resíduos têxteis, sendo na sua maioria roupas, e contando também com calçado, brinquedos e livros.”

Comprar menos, mas de melhor qualidade, apostando em marcas com boas práticas sustentáveis, é um passo fundamental não só para a preservação do planeta, mas também para promover práticas de produção socialmente sustentáveis, que deem aos trabalhadores condições dignas de trabalho. Promova-se uma economia circular e um comércio justo. Quem lhe diz que o vestido que deitou fora não fará falta a outra pessoa? E isto funciona de forma inversa: porquê alimentar uma máquina poluente, quando pode adquirir o que precisa de forma mais ecológica? De lojas de venda em segunda mão a aplicações que funcionam como uma espécie de Feira da Ladra ou ainda instituições que precisam de doações, saiba que destino dar à roupa que não usa.

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Pop Closet

O truque para a poupança não está só em não gastar — está também em encontrar outras formas de fazer dinheiro. E se nesse processo estiver a promover uma economia circular de roupa, ótimo. Na Calçada do Sacramento, no Chiado, há uma loja que vende artigos em segunda mão. Alguns desses artigos podem ser os seus. As regras é que estejam em boas condições, que sejam diferentes, que sejam de marcas reputadas, que é como quem diz, não se aceitam fast fashion.

Há duas opções: aparecer na loja, falar com os responsáveis e deixar à consignação as peças aprovadas, sendo que irá receber uma comissão de 50% do valor da venda. Se a peça interessar muito à Pop Closet, eles compram na hora por 30% do valor estabelecido para a venda. As peças podem estar três meses à venda, sendo que, de mês a mês, o valor baixa 10%.

Morada: Calçada do Sacramento

Loja Baú

A Loja Baú também só aceita roupas de qualidade, ou seja, não há espaço para as fast fashion. Para que consiga vender aqui os seus artigos, basta fazer uma marcação para que a roupa possa ser selecionada pela loja. Deve estar limpa e com ótima qualidade. O preço será, então, definido pela loja e pelo fornecedor. As peças escolhidas ficam durante uma temporada à venda. Excedendo esse tempo, o valor conseguido é dividido em 50% pelos dois. As que não tenham sido vendidas, são devolvidas ao dono — caso não sejam recolhidas ao final de oito dias da data estipulada entre as duas partes, a loja entrega as peças a uma instituição de solidariedade, através do Movimento Rotário.

Morada: Rua Infantaria 16, 53 A Campo de Ourique, Lisboa

Kid to Kid

A roupa de criança tem um potencial de circulação enorme, porque os miúdos crescem à velocidade da luz e tudo lhes deixa de servir num instante. Apostando na compra e venda de peças em segunda mão, vai estar a poupar e a apostar em peças que não têm sequer muito uso. A Kid to Kid funciona de forma simples: basta visitar a loja com os artigos de criança ou pré-mamã, limpos e em boas condições. O funcionário, nos 30 minutos seguintes, vai avaliar e selecionar as peças que fazem falta ao stock da loja, apresentando-lhe uma proposta de preço. A loja funciona em vários locais, de norte a sul do País.

Wallapop

Disponível para sistemas operativos Android e iOS, esta aplicação descreve-se como sendo uma espécie de Feira da Ladra virtual. Ou seja, pode, a partir desta plataforma, vender aquilo que já não lhe faz falta, o que inclui roupa e outros artigos. Basta inserir o item na plataforma e esperar que alguém o compre.

OLX

Apresentações escusadas. O OLX é o sítio de eleição para negociar tudo aquilo que já não quer ou que quer de novo. A partir desta gigante plataforma, pode desfazer-se das fast fashion que não são aceites nas lojas físicas em segunda mão. Basta criar uma conta, inserir os seus artigos e esperar que alguém se interesse por eles. Depois, é marcar um encontro, destralhar, promovendo a reutilização e ganhando algum dinheiro.

Vendas em casa

Se não é amigo de vendas online, faça uma venda em casa. Nos tempos do Facebook e do Instagram, consegue perfeitamente dar conta da promoção do evento sem gastar um tostão. Faça-o sozinha ou junte-se a quem precisa de fazer o mesmo. Criem um evento no Facebook, preparem o espaço e convidem os amigos e amigos de amigos.

Paróquias e igrejas

A roupa que tem em excesso faz falta a quem tem muito pouca. As igrejas aceitam as roupas que já não lhe fazem falta, sob o compromisso de as distribuírem por quem, de facto, precisa.

Dar e Receber

Esta plataforma de solidariedade online nasce para facilitar a vida de quem quer dar e de quem quer receber, uma das duas opções em que tem de carregar, assim que acede ao site. Quem quer dar disponibiliza na plataforma os itens em questão, sendo que depois as instituições sociais entram em contacto para que se encaminhe para quem mais precisa.

Bus

Aqui falamos de roupas, mas não para vestir.  A BUS — Bens de Utilidade Social, é uma associação que recolhe tudo o que existe numa casa e que não é preciso, o que inclui roupa de cama ou têxteis de cozinha. Basta ligar, agendar a recolha e a associação encaminhará para as associações sem fins lucrativos e com fins sociais que necessitem daquilo que já foi seu.

Contacto:  214 452 855/927 804 777

Contentores Caritas

O projeto Amigo da Associação Caritas tem centenas contentores espalhados por várias cidades do País, feitos para receberem roupa em segunda mão e doar a instituições que necessitem, limpa e acondicionada. Aquilo que não estiver em condições é encaminhado para a reciclagem. Pode consultar no site a lista dos contentores.

Instituições de caridade

Há a Ajuda de Mãe, a CRESCER, as Aldeias de Crianças SOS. São tudo instituições que ajudam grupos sociais mais vulneráveis, em contextos financeiros muito vulneráveis. Basta contactar as associações e doar-lhe as roupas — em condições — que tiver a mais.