Para mudar a vida de Roy Halston Frowick, chegou um chapéu. Em 1961, o então praticamente desconhecido (mas bastante promissor) designer conheceu o pico da fama quando, na tomada de posse de John F. Kennedy, a primeira-dama Jackie Kennedy usou uma das suas criações: um chapéu pillbox em azul pálido.
Agora, naquele que seria o seu 89° aniversário, Halston volta aos holofotes, por ocasião da nova produção homónima de Ryan Murphy, realizador de séries como “Glee”, “Nip/Tuck” ou “American Crime Story”, para a Netflix. Com Ewan McGregor a desempenhar o papel principal, ao lado de Krysta Rodriguez e Rebecca Dayam, na pele de Liza Minnelli e Elsa Peretti respetivamente, a minissérie de cinco episódios traça a ascensão vertiginosa (e a trágica queda) do estilista da década de 70.
Poucos são os que conhecem o seu nome, mas o certo é que Halston é um dos pilares da moda no mundo inteiro. Em 1966, o designer viria a revelar que o célebre acessório usado por Jackie Kennedy tinha passado por alguns percalços. "O engraçado é que esse pillbox foi feito demasiado pequeno para ela, mas a senhora Kennedy usou-o mesmo assim", admitiu numa entrevista à Vogue.
Além disso, a primeira-dama acabou por amassar ligeiramente o chapéu, depois de uma rajada de vento ameaçar levá-lo pelos ares. Curiosamente, o modelo acabaria por ser reproduzido aos milhares e "todos os que o copiaram acrescentaram uma amolgadela", notou o criador.
Um ano depois, Halston lançava a sua primeira linha de roupa nos armazéns Bergdorf Goodman, local onde trabalhava, em Nova Iorque, e a partir daí foi "sempre a subir". Foi ele, aliás, quem expandiu os horizontes da moda norte-americana, introduzindo formas mais minimalistas do que a época estava acostumada, mas preservando um máximo de luxo e sofisticação. "Graças a ele, os criadores de moda americanos tornaram-se dignos de interesse. Antes dele só havia cópias do que se fazia em França", disse Roland Ballester, produtor do documentário de Frédéric Tcheng sobre Halston.
Conhecido por ser um homem impetuoso e cheio de excessos, sempre rodeado de celebridades como a modelo Bianca Jagger, a atriz Elizabeth Taylor, a ex-primeira-dama Betty Ford ou as suas 'Halsonettes' (um séquito de manequins escolhidas a dedo pelo estilista), Halston tão depressa chegou ao sucesso como caiu na ruína.
Em 1973, vendeu a sua marca por 16 milhões de dólares, permanecendo como diretor criativo. Lançou cosméticos, acessórios, roupa de cama e chegou mesmo a desenhar uma linha de uniformes para a companhia aérea Braniff International, mas também para as funcionárias da multinacional rent-a-car Avis bem como para a equipa que representaria os Estados Unidos nos Jogos Olímpicos de Montreal.
Dez anos mais tarde, uniu forças com a cadeia de roupa JCPenny para uma coleção mais acessível a todas as carteiras, um contrato que ditou o fim da sua carreira, já que a habitual clientela não "adorou" a vulgarização da sua marca.
O pioneiro do estilo casual chic nunca chegou a recuperar desta queda, mas deixou um importante legado: os cafetãs de inspiração magrebina, as camisolas em camurça laváveis à máquina, os super-sexy hot pants (uns calções extremamente curtos), mas sobretudo o vestido-camiseiro. Na galeria, reunimos uma panóplia de peças para que também consiga o look "Halston".