O segundo dia de ModaLisboa não era um dia fácil para surpreender. No mesmo viriam a ser apresentadas as propostas de Buzina, uma marca relativamente nova mas com uma legião de fãs, e ainda as novas coleções dos veteranos Luís Buchinho e Ricardo Preto. E mesmo com este cenário, Luís Carvalho conseguiu ter uma das coleções mais incríveis da noite.
O designer usou todas as cores possíveis e imaginárias, com direito a coordenados monocromáticos, e a padrões geométricos, e ainda assim apresentou uma coleção coesa, com sentido e capaz de arrancar suspiros de desejos na plateia. Em vez de usar os tons que se associam às estações mais frias, Luís Carvalho apostou no rosa forte, no azul, no amarelo, no vermelho, no roxo, no laranja e no verde água. O preto e o cinza gelo também se misturaram nesta onda de cor, com algumas pinceladas.
“Acho que não temos de andar sempre de preto ou cinzento no inverno. Acredito que podemos trazer cor ao inverno e até usar o branco — que é uma cor que eu gosto de usar nesta estação”, começou por explicar o designer à MAGG. “A cor também teve que ver com o trabalho que quis fazer com esta mistura de tecidos e, portanto, tinha forçosamente de usar esta mistura de cor. Mas optei por ter as duas partes: tons mais neutros e tons mais fortes”.
No campo da cor, não nos passaram ao lado os coordenados de uma só cor e alguns looks formados em blocos de cores garridas — uma tendência inovadora para se usar no inverno. A isto, juntaram-se também as peças em tecidos geométricos que foram inspirados numa artista plástica francesa. “Uma das imagens que usei foi um trabalho de uma artista francesa. Ela tem uma pintura com as caras e as cores que usei nesta coleção. Achei interessante e pensei que podia ser um bom fio condutor para construir a coleção”, revelou.
Como não podia deixar de ser, Luís Carvalho revelou-se exímio na arte de fazer vestidos. Uns mais longos, outros mais compridos, mas a verdade é que todos cabiam numa passadeira vermelha de Hollywood. A menção honrosa da MAGG vai para um vestido roxo curto e para outro preto, desta vez comprido, com um padrão às riscas que o torna um exemplo perfeito da mistura entre o clássico e o moderno.
À MAGG o designer confidenciou que já tem algumas luzes daquilo que poderá vir a ser a colação de verão da marca. “É um pouco difícil começar a trabalhar numa coisa que só vemos daqui a um ano. Por exemplo, agora eu já estou a pensar no verão 2020/2021. Já sei o que quero fazer para o próximo verão. Tenho de aproveitar enquanto estou inspirado”, disse. “Esta coleção em particular comecei logo a seguir à última ModaLisboa porque sabia que ia ser uma coleção muito trabalhosa em termos de peças. Mas agora já sei o que quero fazer na próxima".