Depois de celebrar os 10 anos desde a sua estreia na ModaLisboa na edição passada, Luís Carvalho floresceu com a nova coleção, apresentada esta sexta-feira, 8 de março. Não é por acaso que se chama Blossom – é o virar de uma página, uma reinvenção daquilo que o designer português tem vindo a fazer, mas sem perder a sua identidade.
"É um refresh, é um trazer de silhuetas novas, é recriar a imagem. Não é que eu vá mudar a minha imagem, porque está lá o meu ADN, mas é um refresh com uma exploração de materiais diferentes, com silhuetas diferentes", confirma-nos o criador, no rescaldo da apresentação das suas novidades de outono/inverno – cujo uso, efetivamente, não se esgota nessas estações.
Que atire a primeira pedra quem nunca se queixou do facto de as estações se confundirem cada vez mais – ou de, na verdade, estarem completamente viradas do avesso. Há dias em que o inverno parece verão (não que nos últimos dias tenha sido esse o caso) e o mesmo acontece nas estações quentes, em que os dias frios também se fazem sentir mais do que deviam.
Por isso, a nova coleção de Luís Carvalho não tem estação (e ainda bem, porque isso é só mais um pretexto para termos vontade de vestir as suas peças o ano inteiro). "Cada vez mais vivemos tempos incertos. Cada vez há mais esta inconstância e, portanto, é uma coleção muito versátil em termos de estação", confirma o designer.
E o que é facto é que nos imaginamos a usar todas as novidades nas mais diversas ocasiões – até porque, da mesma forma que as estações já não estão bem delimitadas, também já lá vai o tempo em que opções como fatos, vestidos com silhuetas arrojadas e coordenados monocromáticos tinham de ser usados numa ocasião muito específica.
Mas se Luís Carvalho falava de uma refrescada nos elementos que incorpora nas suas coleções, em que é que isso se traduziu? Bem, em várias coisas. Não é que o designer alguma vez se tenha acanhado em criar peças arrojadas, mas as da Blossom levam a taça.
Há novas cores, novas formas e novos materiais, todos eles inspirados na natureza. E há texturas tão espampanantes, como aquelas que foram inspiradas em pétalas de flores e que podem ser vistas em vestidos e casacos volumosos, que não nos importávamos de ir contra a máxima de Miranda Priestly. Afinal, usar algo que remeta para flores na primavera pode ser, efetivamente, groundbreaking, contrariamente ao que diz a própria em "O Diabo Veste Prada".
Além disso, os "volumes nas ancas, a questão do styling das gravatas e, claro, os fatos oversized, que continuam e vão continuar", são algumas das tendências que Luís Carvalho destaca, bem o facto de ser uma linha "sem género, que faz cada vez mais sentido" para o mesmo (e, diga-se de passagem, para o mundo no geral).
No fim, referindo que é, por ser "muito completa", é a sua coleção favorita – e apesar de respeitarmos, vamos ter de discordar, porque ainda sonhamos acordados com a coleção de outono/inverno de 2023/2024, apresentada em março do ano passado na ModaLisboa –, o designer diz que é também sinónimo de uma das suas preocupações constantes: "Continuar, mas recomeçar e dar uma lufada de ar fresco, dar uma nova perspetiva e de as pessoas continuarem olhar" para a marca como algo inovador.