Oferecer uma garrafa de vinho, seja para uma refeição ou prenda de Natal, pode ser um êxito ou um tremendo fracasso. Nem toda a gente tem os conhecimentos de Cláudio Martins, consultor de vinhos, mas isso não é motivo para não fazer um brilharete na altura de dar uma prenda ao colega de trabalho, à mulher do primo ou ao sogro.
Comecemos pelas presentes. Como critério, Cláudio Martins salienta que é essencial conhecer os gostos do destinatário. "A última coisa que eu, como consumidor, gostaria de receber é um vinho que não me diz nada. Há que fazer sempre um trabalho de casa mínimo quando se oferece um vinho. Falar com a mulher ou com o marido dessa pessoa, por exemplo, até porque, se queremos oferecer uma garrafa de vinho, temos de surpreender a pessoa a quem vamos oferecer", salienta o especialista.
O fundador da Martins Wine Advisor assinala também que não se deve, pelo menos nestas ocasiões especiais, "oferecer um vinho que seja comercial, muito corrente". "Não é que no supermercado não existam vinhos diferentes mas tentar sempre ir a uma garrafeira para ter algum tipo de aconselhamento, para oferecer algo diferente e não apenas uma garrafa que vai ficar em casa a apanhar pó". O consultor de vinhos diz também o objetivo é que, quem recebe o presente, "tenha uma história para contar". "Devemos sempre ir munidos da história do vinho".
Para quem não sabe absolutamente nada sobre os gostos do destinatário ou não percebe nada de vinhos, as regiões do Alentejo e do Douro são sempre escolhas seguras. "E, se nos quisermos mandar para fora de pé, regiões como Bordéus e Toscana", acrescenta Cláudio Martins.
Questionamos o profissional do setor dos vinhos sobre qual seria o vinho mais "uau!" que ofereceria, caso quisesse causar um grande impacto. "Existem vários vinhos que eu poderia escolher, depende da pessoa. Há coisas muito boas lá de fora mas hoje em dia, olhava mais para nós, para o que produzimos em Portugal e, puxando a brasa à minha sardinha, ofereceria um grande vinho do Dão, sem dúvida."
Cláudio Martins prefere não individualizar marcas. "É pela própria região, que está a reconhecer-se e a produzir coisas fantásticas. É uma região que muitas pessoas não conhecem, porque, lá está, é sempre o Douro e o Alentejo, mas acho que nos deveríamos focar mais nessa região, não só para produção do vinho mas também pelo enoturismo", salienta.
Do bacalhau às sobremesas, como escolher os vinhos certos?
E quanto à consoada? Em Portugal, há toda uma série de iguarias que são consumidas na noite de 24 de dezembro mas o bacalhau continua a ser rei. "Eu sugeria um vinho tinto mais leve, com pouca gradação alcoólica ou então um vinho branco com alguma madeira, com alguns anos, para que possa ser um bom casamento com o bacalhau", aponta Cláudio Martins.
No setor carnes, a variedade também é muita, mas limitemos a escolha a dois pratos muito apreciados pelos portugueses. "Para um cabrito assado podíamos ir para um vinho do Dão, algo mais elegante, refinado, sem aquela adstringência da fruta, porque vamos ter o cabrito que já tem, por si só, muito sabor", aponta o consultor de vinhos.
Para o leitão, também um clássico da mesa de Natal, o especialista "iria para um vinho branco um bocado mais velho, ou então porque não um Alvarinho com três, quatro anos de idade, da zona de Monção e Melgaço". "Ou optaríamos por um espumante. Em Portugal, fazem-se cada vez melhores espumantes, quer seja em Távora-Varosa, quer seja na Bairrada", salienta Cláudio Martins.
E porque os doces também merecem pairing para serem elevados, o consultor não tem dúvidas quanto à "escolha certa". "Porto, sempre. Mas em Portugal somos tão ricos em vinhos fortificados! Temos o vinho de Carcavelos, que eu acho que é fantástico, os vinhos fortificados da Madeira, os moscatéis de Setúbal e - porque não? - alguns licorosos do Pico. Acho que estas quatro categorias de vinhos fortificados seriam as opções mais certas para as sobremesas, que são muitas", conclui.
As sugestões de Cláudio Martins podem ser adquiridas através da plataforma vinha.pt.