A narrativa de ódio e rancor que tem sido difundida pelas manas Aveiro ao longo dos últimos meses é o espelho da pequenez, ausência de sentido democrático e uma demonstração da parca inteligência das irmãs de Cristiano Ronaldo. Já não há pachorra para mais um post, mais um story, mais uma notícia com Katia e Elma Aveiro a destilarem um ódio generalizado, com ofensas e insultos, por todos aqueles que se limitam a constatar o que é óbvio: que o Cristiano Ronaldo de hoje não é o mesmo jogador que era há três, quatro, cinco anos.

Alguém devia explicar às manas Aveiro que o irmão é um jogador de futebol e que, como jogador de futebol, não está imune a críticas pela forma como atua dentro de campo. E se joga mal, toda a gente tem o direito de dizer que joga mal. Da mesma forma que quando joga bem, é normal que toda a gente diga que joga bem. As regras do jogo democrático da análise do futebol são assim e já eram assim muito antes de Ronaldo ter nascido.

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Ao longo deste mundial, as manas Aveiro já apelidaram os portugueses que não gostaram de ver Ronaldo a jogar de "ratos", "cobardes", "invejosos", "mesquinhos", "falidos", "tristes", "hipócritas", "ingratos", "fracos". E podia continuar, mas já se percebeu a ideia. E o mais grave é que cada post, cada palavrinha destas senhoras, ganhou uma dimensão nacional e internacional que ajudou a montar esta ideia generalizada de que o País está contra Ronaldo, os portugueses viraram-se contra o seu ídolo, Portugal não tem memória. É mentira. E esta generalização, sim, é cobarde, triste e revela uma profunda ingratidão para com um povo que durante 20 anos elevou o seu ídolo maior do desporto. Sempre.

É preciso que as manas Aveiro tirem os olhos do seu umbigo, saiam de dentro da bolha onde vivem, e tentem ver as coisas como elas são. Mas para isso era preciso que as manas Aveiro tivessem um nível de inteligência ou estrutura que — já todos percebemos, há muitos anos — não têm.

Porque na verdade, e se fizermos esse exercício simples, quem são Kátia ou Elma Aveiro para tecerem juízos de valor seja sobre quem for? O que é que elas já fizeram na vida? O que é que construíram com base no seu trabalho ou no seu mérito? O que é que seria delas se não fossem as irmãs de Cristiano Ronaldo? A resposta não tem de ser dada, é óbvia e evidente para toda a gente.

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O que importa é que não se embarque nesta onda populista de vitimização de Ronaldo veiculada pelas manas Aveiro. Vitimização essa que chegou ao ridículo de se ilustrar a imagem do homem a sair sozinho no túnel depois do jogo com Marrocos, em lágrimas. A ideia que foi vendida foi a de que Ronaldo nos deu tanto e, agora, deixámo-lo sozinho no túnel e ninguém o foi confortar. Uma idiotice. Ronaldo estava sozinho no túnel porque assim que o jogo terminou abandonou o campo, não foi ele próprio, enquanto capitão de equipa e líder do grupo, confortar os jogadores portugueses que choravam a derrota deitados no campo, jogadores como Vitinha, Rafael Leão, João Félix, Gonçalo Ramos, António Silva, miúdos que estiveram a jogar o seu primeiro Mundial, que estavam arrasados com a derrota, e não tiveram o conforto do seu líder, que saiu imediatamente do campo assim que o árbitro apitou. E isso ninguém disse. E se tivesse dito seria apenas um exercício de "inveja", "cobardia", seria ser "um rato" para as manas Aveiro.

É inaceitável que se aponte o dedo a alguém que critique as exibições de Ronaldo dentro de campo neste Mundial, e que se chame esse alguém de ingrato, mesquinho, triste ou cobarde. Seja essa pessoa um jornalista, um comentador das redes sociais ou um adepto que pagou bilhete e saiu do estádio frustrado. Os jogadores de futebol têm de ser avaliados no momento de acordo com o que estão a valer e com o que jogam naqueles 90 minutos, e essa avaliação é isso mesmo, uma avaliação do que se passou em 90 minutos, não é uma análise ao passado e à carreira do jogador. E isto tem de ser válido, a bem da democracia do desporto, para o Ronaldo, o Gonçalo Ramos, o Pepe ou o Rafael Leão. Faz algum sentido poder dizer-se que o jogador A jogou muito mal, mas quando é Ronaldo a jogar muito mal não se pode dizer nada porque ele já nos deu muito no passado? Seria só parvo.

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É mais ou menos a mesma coisa que se passa com Fernando Santos. Achar-se que ele fez um trabalho mau num jogo ou numa competição, achar-se que ele já não tem condições para ser selecionador de Portugal, não quer dizer que não lhe tenhamos respeito ou gratidão por ter liderado a equipa na conquista do Europeu. Misturar as duas coisas, com Ronaldo ou com Fernando Santos, é querer apenas limitar o uso da liberdade de expressão de todos aqueles que têm o direito de dizer o que pensam sem serem apelidados de ratos ou falidos por isso.

Cristiano Ronaldo não é o melhor jogador do mundo. Continuar a dizer-se que é é querer estar a viver numa realidade paralela, no mundo da fantasia ou da imaginação, em que vamos para o trabalho montados num unicórnio. Ronaldo não aceita que já não é o melhor do mundo, não aceita que há, neste momento, dezenas de jogadores mais influentes e decisivos do que ele, não aceita que já não decide jogos ou competições como antigamente, não aceita que já não é, sequer, titular do clube onde jogava ou da seleção que liderou durante mais de 15 anos. E acho absolutamente normal que não aceite. Como Maradona não aceitou que o seu tempo tinha chegado ao fim, nem Pelé, nem Eusébio, que acabou a carreira a jogar pelo Beira-Mar e o União de Tomar. Mas tenho a certeza de que Ronaldo está a ver o fim ali perto, e, gradualmente, vai aceitar isso. As manas Aveiro terão muito mais dificuldade em conviver com o dia em que deixarão de ter palco e acabarão a ter de entrar nos Big Brothers famosos desta vida para que ninguém se esqueça delas e da sua total insignificância, irrelevância e pequenez.